domingo, março 11, 2007

Ainda bem que há professores, chiça!








Resposta a este post do Range-O-Dente (ver Chico-Esperto e este comment para perceber do que é que estemos a falar):

«"A teoria de que tudo é relativo não é minha nem de ninguém."
Pois a sua já vi que não é... agora que "não é a de ninguém"??? então, é impressão minha ou o seu comment no Blasfémias era precisamente num post que abordava a polémica do relativismo. Se bem se lembra, o nome do post no blasfémias era "O relativismo favorece o erro intelectual". Esse post atacava a posição de daniel oliveira e da suposta "extrema esquerda" nessa matéria.
Foi nesse contexto que surgiu o seu comentário e foi nesse contexto que eu o critiquei. Não estava na sala de aulas (esse campo minado...) quando você disse isso ao seu aluno.
Pareceu-me incorreto a maneira de abordar a crença "imbecil" do aluno .
"A partir de determinada altura, tem-se vindo a tornar mais e mais aceitável que tudo se possa afirmar"
É claro que tudo se pode afirmar! Estamos, meu caro, em Democracia, em Liberdade de expressão. TUDO SE PODE AFIRMAR. E um professor pode refutar uma afirmação do aluno, mas tem de, de alguma maneira respeitar o aluno, e nisto penso que estamos de acordo.
Quanto à questão de fundo, nem tudo é relativo e nem tudo é absoluto, mas se alguém defender que tudo é absoluto ou que tudo é relativo, tem esse direito.
Neste caso, quem teve uma "postura de referencial absoluto em termos de crenças" foi você! Você é que disse ao seu aluno que a sua crença, e só a sua crença, era plausível, ou melhor, não era imbecil.»

4 comentários:

RioDoiro disse...

"A teoria de que tudo é relativo não é minha nem de ninguém."
Pois a sua já vi que não é... agora que "não é a de ninguém"??? então, é impressão minha ou o seu comment no Blasfémias era precisamente num post que abordava a polémica do relativismo. Se bem se lembra, o nome do post no blasfémias era "O relativismo favorece o erro intelectual". Esse post atacava a posição de daniel oliveira e da suposta "extrema esquerda" nessa matéria.

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Tá bem, mas continuamos na mesma. Quem é o autor da afirmação de que “tudo é relativo”? Não me diga que acha que é o Daniel Oliveira.

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Foi nesse contexto que surgiu o seu comentário e foi nesse contexto que eu o critiquei. Não estava na sala de aulas (esse campo minado...) quando você disse isso ao seu aluno.

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Isso o quê? Que o vaso lhe cairia da mona? E, continuamos na mesma, critica porquê? Continua a defender que não devo abalar a crença do aluno?

E que estivesse na sala. Fiz a minha obrigação dizendo aos alunos que as galinhas não tinham dentes, por muito orgulho que eles tivessem nessa teoria, e por muito orgulho que tivessem por ela ser ouvida.

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Pareceu-me incorreto a maneira de abordar a crença "imbecil" do aluno .

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Um problema seu. Eu não chamei nem imbecil ao aluno nem imbecil à ideia. Mas na internet era o que faltava se ainda estivesse preso pelas grilhetas do politicamente correcto. A ideia em causa (na sala de aula) era imbecil e o aluno estava a fazer figura de tal.

É que, meu caro, quando se defendem coisas estúpidas, passa-se por estúpido, etc, etc.

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"A partir de determinada altura, tem-se vindo a tornar mais e mais aceitável que tudo se possa afirmar"
É claro que tudo se pode afirmar! Estamos, meu caro, em Democracia, em Liberdade de expressão. TUDO SE PODE AFIRMAR. E um professor pode refutar uma afirmação do aluno, mas tem de, de alguma maneira respeitar o aluno, e nisto penso que estamos de acordo.

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Ah bom. Já é uma cedência sua. Afinal pode refutar. E a tal crença, não vai sair melindrada?

Qualquer um é livre de fazer figura de parvo. O que não é razoável é que tenha orgulho nisso. Parece hoje suficiente dizer-se algo para que se sinta o égo afagado, independentemente de se fazer sentido ou não.

Já agora, olhe que nem tudo se pode afirmar. Experimente dizer que vai matar um colega.

Já sei, já sei. Não era nesse contexto que dizia que tudo se pode afirmar. Mas está a ver onde se pode chegar se a coisa não for tida em conta no contexto? Lá está, tudo é relativo, mas há gradações e, aqui é que a porta torce o rabo.

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Quanto à questão de fundo, nem tudo é relativo e nem tudo é absoluto, mas se alguém defender que tudo é absoluto ou que tudo é relativo, tem esse direito.
Neste caso, quem teve uma "postura de referencial absoluto em termos de crenças" foi você! Você é que disse ao seu aluno que a sua crença, e só a sua crença, era plausível, ou melhor, não era imbecil.

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Claro que tem esse direito. E as restantes pessoas têm o direito de pensar que essa pessoa é parva. Se lho disserem, estão a fazer-lhe um serviço. E se não lho disserem que pensará você dessas pessoas? Parece-lhe razoável que se fechem em copas?

Nunca ouvia A dizer para B “estás a ser parvo”?

RioDoiro disse...

[Escapou-me uma frase, cá vai]

"Você é que disse ao seu aluno que a sua crença, e só a sua crença, era plausível, ou melhor, não era imbecil."

Você volta a pôr palavras na minha boca.

Eu não disse que só a minha crença era plausível. Ele é que, como você (hipoteticamente), perante a percepção que a história inicial era um disparate pegado (já não me lembro qual era) percebeu que tinha feito figura de parvo. E eu ralado. Aliás, de cada vez que um aluno percebe que está a fazer figura de parvo eu acho que estou a conseguir cumprir a minha missão.

Evidentemente que há milhões de assuntos bem mais viscosos e que não cabem nesta discussão.

Agora, digo e repito, que me parece ser a minha missão (my job, diriam os americanos) fazer perceber ao aluno que está errado. Mas também afirmo que o professor, regra geral (e eu também, por frequentemente), se coíbe de chamar a atenção ao aluno de que defende coisas absolutamente disparatadas.

E ainda há pior. E quando o professor tem que dar matéria que sabe ser absolutamente disparatada? Como faz? Com essa, até se me viram as tripas.

Há professores que, em privado, não dizem que dão aulas. Dizem que as vendem. Porque será?

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RioDoiro disse...

Bela imagem.

Vou gamá-la.

Héhé.

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RioDoiro disse...

Aqui vai a explicação sobre Marte, a sua atmosfera (que quase não tem), e a gravidade.

As moléculas e átomos que compõem qualquer atmosfera vibram (todas elas vibram).

Pode pensar-se que essa vibração é ténue, mas não é.

Quando num “arrepio de vibração” uma molécula localizada ma atmosfera superior de um planeta ultrapassa determinada velocidade, ela acaba por se afastar para sempre desse planeta.

A velocidade à qual uma coisa (mesmo um átomo) se afasta para sempre de um planeta, chama-se velocidade de escape.

Em Marte, a velocidade de escape é de cerca de 5Km por segundo (mais de 18.000Km/H) e, imagine-se, a tal vibração dos átomos pode ultrapassar esse valor.

Apesar de Marte ter uma gravidade capaz de manter junto de si uma atmosfera muito mais densa, tem uma atmosfera rarefeita porque os átomos, pouco a pouco, se vão escapulindo. É uma questão estatística. À medida que vão vibrando, alguns deles atingem a tal velocidade de escape e, aí vão eles.

Um observador pode dizer que os átomos, em determinado momento, se “isentam” da dei da gravidade. Tal não é verdade. A lei da gravidade é, provavelmente, absoluta. O que se passa é que há um outro fenómeno que, nas circunstâncias adequadas, parece desafiar a lei da gravidade.

...

Ora, todos os átomos de um vaso com flores podem ser acometidos da mesma vibração, no mesmo sentido, no mesmo momento e, por isso “levantar voo”.

Podem, mas a probabilidade de tal acontecer é absolutamente ridícula. Será de um numero qualquer seguido de umas dezenas de zeros à direita. Um número incomensuravelmente grande.

Daí se dizer, normalmente, que determinadas coisas são fatais, como o destino. Tudo é relativo, mas não exageremos – coisa que se vai fazendo todos os dias.