domingo, outubro 29, 2006

Já não percebo nada...

Mas afinal os professores vão continuar a ter férias intercalares ou vão começar a trabalhar como os outros?

sábado, outubro 28, 2006

Tempo de Qualidade

Com a vida acelerada que o século XX criou, e para colmatar a falta de tempo que os pais têm para os filhos, inventou-se o conceito vanguardista do Tempo de Qualidade, em vez do tempo em quantidade, mal gasto.
Esta teoria defende que para se educar os filhos, e com o dia-a-dia moderno, a única solução seria passarmos pouco tempo com os filhos, mas quando passamos, fazê-lo bem. Fazemo-lo com “qualidade”, ou seja, falamos, vamos ao cinema, convivemos, jantamos fora etc...
Isto era tudo o que os pais atarefados do século XX queriam ouvir. Preocupados com a educação que estavam a dar aos filhos, preocupados com a ideia de serem “pais ausentes”, esta teoria de muitos psicólogos tranquilizou-os.

No entanto, na minha opinião, o tempo passado com os filhos deve ser mais que “de qualidade”. Ele deve ser também em “quantidade”.
Faz parte da formação de um indivíduo ver TV com os pais, ouvir uma história à noite, fazer coisas que não são necessariamente aquilo que queríamos, ter “momentos de pouca qualidade”, assim como ter momentos de “qualidade”. Faz parte passar muito tempo com os pais, conhecê-los bem.

Não acho positivo os pais darem pouco tempo aos filhos, mas quando lhes dão tempo, mostram-lhes só o seu melhor lado.
Não acho positivo esta coisa do “pouco tempo, mas bom”. Não acho positivo nem acho exequível.
Só passando uma boa porção do dia com os filhos podemos ter realmente tempo de qualidade. O tempo é como o ar: só é de qualidade se existir muito. Só se existir tempo é que se proporcionam as vivências, só com as vivências se pode conhecer outra pessoa, só conhecendo outra pessoa podemos ter tempo de qualidade com ela.

Nesta era do fast-food, do fast-life e do fast-education é difícil criarmos momentos agradáveis. E os momentos agradáveis não acontecem “à pressão”. Para estes se proporcionarem espontaneamente é necessário tempo. E o tempo tem uma coisa incompatível com esta sociedade baseada no dinheiro: o tempo não se pode guardar nem investir. O tempo flui.

É preciso ter mais cuidado nas gerações que estamos a construir, no futuro que estamos a dar aos nossos filhos e aos nossos netos. Porque não há tempo sem tempo nem educação sem educadores.

sexta-feira, outubro 27, 2006

As pessoas mais influentes que nunca viveram (mas mesmo assim influenciaram a vidinha portuguesa)

Aproveitando a onda de concursos tipo quem é o melhor/pior e associando-me ao lançamento do interessante livro The 101 Most Influential People Who Never Lived, de Dan Karlan, Allan Lazar, Jeremy Salter, seria possível encontrarmos alguns nomes de pessoas que nunca viveram que tenham tido influência na vida portuguesa para para criarmos uma lista semelhante?

Para inspiração, aqui ficam os 10 primeiros da lista americana, seguidos das minhas primeiras sugestões:

The Top 10 of the 101:

1. The Marlboro Man
2. Big Brother
3. King Arthur
4. Santa Claus (St. Nick)
5. Hamlet
6. Dr. Frankenstein's Monster
7. Siegfried
8. Sherlock Holmes
9. Romeo and Juliet
10. Dr. Jekyll and Mr. Hyde

Contribuição Portuguesa

  • Fernando Pessoa (personalidade inventada por Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro e Bernardo Soares)
  • MacGyver (o ícone do providencial desenrascanço português, um verdadeiro herói nacional)
  • Floribela (palavras para quê?!)

terça-feira, outubro 24, 2006

Esta geração...

Esta geração de hoje em dia vive em função da televisão(telenovelas[Morangos c/ Açucar, Floribella]) que mudam a forma de pensar(passa a ser em função das personagens favoritas) do género: A Floribella faz assim e eu também tenho que fazer, alem de não enriquecer a cultura de ninguém. Estas novelas deviam ser dedicadas para um público mais abrangente e não para as crianças, as prejudicadas e com as quais estações como a SIC ou a TVI lucram fortunas.

domingo, outubro 22, 2006

Dazkarieh

Os Dazkarieh, um dos maiores grupos folk/trad/world de Portugal estiveram na sexta-feira no cine-teatro de Torres vedras a apresentar o novo álbum "Incógnita Alquimia"
O concerto foi espectacular.
A CMTV tem apostado na cultura. O problema é a divulgação. Este concerto foi muito mal divulgado, sobretudo pela qualidade do grupo em questão.

Já à dois anos veio a Torres Kepa Junkera, o maior nome da folk em Espanha e talvez da Europa. Grande concerto, com os seus melhores temas.
O ano passado, da Argentina veio Chango Spasiuk, um homem que revolucionou a ideia de música tradicional argentina, normalmente associada ao tango... que generalização tão prejurativa!
Este ano, vieram os portugueses Madragoa, concerto que, infelizmente não fui ver... mas adorava ter ido.
Nesta edição das Festas da cidade vem Renato Borghetti, segundo o site de músicas tradicionais e do mundo At-Tambur, o Kepa Junkera da América do Sul.
Alem dele vêm da Bélgica os Dazibao, um grupo que vi no festival de St. Chartier em França, uma espécie de meca da Trad e da Folk.
São muito bons.

Quem quer que seja que está por trás destes concertos é alguém muito competente e que sabe o que faz... só faltam vir Patrick Bouffard, Carlos Nuñez, Cristina Pato Xilento, Gaiteiros de Lisboa e os Flook para virem a Torres Vedras todos os grupos que eu mais admiro.

Apostar na cultura é apostar nas pessoas e apostar nas músicas tradicionais é como um retrovisor: estamos a ver para trás, olhando para a frente.

Ainda o Ranking que veio a "Público"

Em Torres Vedras:
1º lugar- Externato de Penafirme, 81º a nível nacional; média de 11.24- 230 provas
2º lugar- Escola Secundária Madeira Torres, 90º a nível nacional; média de 11.19- 324 provas
3º lugar- Escola Secundária Henriques Nogueira, 224º a nível nacional; média de 10.37- 470 provas

Ou seja, em Torres, quantas mais provas, piores notas.

Mas falemos do "grande" Externato de Penfirme.
O externato de Penafirme é privado e é público ao mesmo tempo.
Ou seja, o estado português paga, por cada aluno que a frequenta, o dinheiro que o externato pede.
Todo o Norte do concelho de Torres Vedras (Maeira, A-dos-Cunhados e Silveira) vai do 5º ao 12º para aquela escola, que ganhanda fortunas, fazendo querer àquelas pessoas que os filhos estão melhor servidos por estarem num “colégio” “privado”.
Pois bem, há muito tempo que aquela escola não é privada. Há muito tempo que deixou de ter as características de uma escola privada, quanto mais não seja por ser “pública”.
Mas o pior que os privados têm, manteve-se. Aquela tendência que as empresas têm para se aproveitarem das pessoas e do estado, manteve-se.
Á custa de muitos futuros estragados, fez-se muito dinheiro com o “externato”.
Passa-se que, como recebem por cada aluno dinheiro do estado, quantos mais anos o aluno estiver na escola, mais recebem.
Então, só passa de ano quem eles não poderem mesmo chumbar. Ouvi dizer que o ano passado houve 40% de chumbos (não tenho a certeza, mas quem me contou disse ter a certeza).
O que eu sei de certeza, o que eu vi, foram rapazes de 17 anos no 6º ano, rapazes que iam a todas as aulas e, embora não fossem propriamente “brilhantes”, numa escola verdadeiramente pública teriam o 9º ano na boa.
Esses rapazes deram lucro durante muitos anos ao “externato”, mas abandonaram a escola sem o 6ºano.
O que eu também sei é que aquela região vai ficar pouco desenvolvida, nomeadamente a freguesia da Maceira, onde eu vivi até aos 10 (escapei à continha ao “externato”. Tive sorte). Muitos dos meus colegas da escola primária saíram da escola sem o 6º ano e alguns não trabalham e entraram nos sub-mundos de quem não estuda nem trabalha if you know what I mean...
Outros, como o Hotel Golf Mar aproveitam-se desta situação...
O que me mete mais nojo é Penafirme ter fama de “exigência” por chumbarem tantos alunos. Quando chumbam 40% dos alunos não se chama exigência, chama-se falta de qualidade de ensino, inadaptação das aulas aos alunos e incompetência.
Eu chamo-lhe roubar o estado e estragar o futuro a muita gente.

E claro, como só chegam ao 12º os muito bons (os outos ficam-se) e só vão a exame os seleccionados, como em qualquer escola privada, têm uma boa média.

Por isto é que este Ranking não faz sentido. Avaliar as médias e só as médias, sem ter em conta a qualidade de ensino nem o número de alunos que vão a exame é pouco ilucidativo e não é um retracto real das escolas de Portugal.

Este ranking, a existir, devia chamar-se “Ranking das médias das escolas secundárias” e não Ranking das escolas.

Fases do Ensino em Portugal

1ª fase (antes de 1974): O aluno ao matricular-se ficava automaticamente chumbado. Teria de provar o contrário ao professor.

2ª fase (até 1992): O aluno ao matricular-se arriscava-se a passar.

3ª fase (actual): O aluno ao matricular-se já transitou automaticamente de ano, salvo casos muito excepcionais e devidamente documentados pelo professor, que terá de incluir no processo, obrigatoriamente um "curriculum vitae" extremamente detalhado do aluno e nalguns casos da própria família.

4ª fase ( em vigor a partir de 2007): O professor está proibido de chumbar o aluno; nesta fase quem é avaliado é o próprio professor, pelo aluno e respectiva família, correndo o risco quase certo de chumbar... _____

Apetece acrescentar uma 5ª fase: Os alunos que saibam escrever o seu nome sem erros, nem precisam matricular-se. Têm acesso directo ao Conselho de Ministros como consultores privados do 1º Ministro, equiparados a Chefe de Gabinete, com direito a subsídio de almoço e de transporte.

(mail recebido))

sábado, outubro 21, 2006

"Ranking das escolas" by baldassare

O problema da escola pública é esse mesmo: ser pública.
Sendo aplicadas as medidas dos privados, só alguns iriam a exame, só alguns conseguiriam o 9º ano, só alguns frequentariam a escola.
As escolas privadas estão bem posicionadas no ranking porque se o ensino fosse uma enorme escola privada, talvez os resultados fossem melhores, mas só entrava na escola os filhos de boas famílias...

Antes, a estratégia deve ser tomar o caminho contrário ao das escolas privadas. Temos de ter consciência que não é possível andarmos a tentar imitar os privados, porque isso é inviável pelos recusros humanos e tecnológicos necessários, pela universalidade da escola pública, pelas diferenças dos alunos que a frequentam. O caminho deve ser o oposto.

Devemos assumir que a escola é pública e ir por um caminho que possa melhorar o ensino. Esse caminho é o oposto das privadas que apostam na autoridade do professor, no respeito, no respeitinho e nas famílias, mas deve ser um caminho à margem de todas estas utopias que são inviáveis e incompatíveis com uma escola aberta a toda a população. O caminho para a escola pública é ir à raiz, ao que deu origem à escola: o aluno.
Pensar no aluno, fazer a escola para o aluno, respeitar o aluno e, caso um indivíduo perturbar uma aula, expulsá-lo da aula, a bem dos outros alunos. Mais vale 24 alunos na mão que 25 a voar!

Se queremos uma escola aberta, diversificada, desperconceituosa, moderna, eficaz e assima de tudo PÚBLICA, o caminho tem de ser esse. E quem quiser moral e bons costumes que meta o filho numa escola de freiras!

Ranking das escolas

Se
Ministra considera “pobre” classificação de escolas só pelas notas dos exames
Mas
Sucesso escolar dos alunos conta para a progressão na carreira
Então
Como é que ficamos?!
As notas são importantes para umas coisas mas não para outras?!
(deve ter sido um lapsus linguae: pobres dos professores...)

PS: Já que o nosso 1º ministro e restante corte está sempre tão atenta aos (bons) exemplos do estrangeiro, por que não fazer uma viagem mais curta para conhecerem melhor as ("boas") escolas privadas (onde andam os seus filhos) e aplicarem as boas práticas que encontrarem nas escolas públicas? O que poupavam nos bilhetes de avião daria para pagar as turmas reduzidas, os tutores, as instalações, os recursos, etc? Pois, se calhar não chegava, então deixem estar, foi só uma ideia...

Desinvestimento

O PÚBLICO e a São José Almeida que me desculpem a reprodução não autorizada, mas este merece ser lido na íntegra:

"Desinvestimento

PÚBLICO, 21.10.2006, São José Almeida

Qual o objectivo do ministério? Transformar as escolas em fábricas de salsichas e introduzir prémios
de produtividade? Criar uma espécie de stakonovismo pedagógico?


Orçamento do Estado para 2007 apresenta uma opção política de redução da despesa pública com a função social do Estado, que se manifesta sobretudo no orçamento para a Educação, contemplado com menos 4,2 por cento das verbas do ano passado. Esta opção vem confirmar as teses que afirmam que as políticas adoptadas pelo Ministério da Educação, nomeadamente o novo Estatuto da Carreira Docente, têm como objectivo apenas e só a redução de custos e como base uma visão economicista da sociedade.
Nem de propósito, esta opção política é oficializada no Orçamento do Estado na mesma semana em que os professores realizaram uma greve de dois dias, considerada a maior de sempre no sector. Isto, depois de se terem reunido naquela que foi vista como a maior manifestação de professores e que juntou, segundo a polícia, mais de 25 mil docentes, muitos dos quais nunca se tinham manifestado. Uma greve e uma manifestação que surgem, assim, como um grito de revolta contra uma opção política que mexe profundamente com o tipo de sociedade que estamos a construir. E a que o poder político devia dar atenção, em vez de reagir com atitudes desesperadas como o patético comunicado do Ministério da Educação, "saudando os professores que não aderiram à greve", ou com uma retórica "reformista". Para depois, o secretário de Estado adjunto da Educação, Jorge Pedreira, vir anunciar, numa inqualificável chantagem sobre os sindicatos e os professores, que o ministério altera o estatuto, se não houver mais protestos. Mais: José Sócrates não deveria confundir a nuvem com Juno: os elogios à actual política de educação têm todos origem na mesma área ideológica, o que deveria ser motivo de reflexão por parte do Governo socialista e do PS.
Esta opção política, de inspiração economicista e neoliberal, pelo desinvestimento público na educação - para que a médio, longo prazo se abra a porta à sua privatização, através, por exemplo do cheque-ensino? - tem sido apresentada como uma forma de melhorar o ensino público e tem apostado na estigmatização dos professores e na tentativa de os apresentar como "os maus da fita" e os responsáveis por todos os males da escola pública, como se as escolas e os professores não obedecessem a directivas do ministério.
Mas a atitude que o Governo adopta contém problemas graves que não se prendem só com a forma de tratamento dos professores, mas também com o conteúdo. E deste, o que é já transparente é que o objectivo, nomeadamente do novo estatuto, não é o bem dos alunos, a aprendizagem dos alunos, o sucesso escolar dos alunos. Vendido como uma forma de disciplinar, de meter na ordem os professores, apresentados como preguiçosos, o novo estatuto cria critérios que são questionáveis dentro de uma lógica de mero bom senso e de noção de bem público. Por que razão, por exemplo, só um terço dos professores pode atingir o escalão de "professor titular" (deixemos por comentar o ridículo da designação)? Qual o critério pedagógico para esta quota de um terço? Ou estamos de facto apenas perante um critério economicista de diminuir custos salariais com os professores?E não se venha de novo com a demagogia feita pelo primeiro-ministro, ao dizer que também nem todos os militares podem ser generais. A classe docente não é as forças armadas e a escola não é um quartel - simplificações deste tipo só podem denotar má-fé e falta de seriedade na discussão.
Esta lógica economicista de gerir a escola pública - procurando aplicar-lhe critérios empresariais de avaliação - é expressa num outro ponto do estatuto, o da avaliação dos professores para progressão na carreira. Aqui, a questão polémica não é só a do princípio demagógico e basista do "utente-avaliador", que perpassa na proposta de os encarregados de educação avaliarem os professores. É, sobretudo, o facto de o sucesso escolar dos alunos contar para a progressão na carreira - uma ideia que agora o secretário de Estado admite rever na chantagem que lançou sobre os professores. Qual o objectivo do ministério com esta regra? Transformar as escolas em fábricas de salsichas e introduzir prémios de produtividade? Criar uma espécie de stakonovismo pedagógico?
Será que vamos ter um sistema de ensino assumidamente discriminatório, com escolas boas e escolas guetos, separadas pela linha do sucesso escolar em rankings de separação de classe? Será que vamos assumir que há escolas em que as meninas e meninos de classe média e classe média alta, que frequentam certas escolas, serão os alunos de sucesso com professores classe A, que assim progridem na carreira e sobem ao seu topo? E depois as escolas-problema, com os alunos com dificuldades de aprendizagem, de adaptação, de inserção social, com os alunos de famílias atingidas pelo desemprego, pelo alcoolismo, pela toxicodependência, pelos problemas de disfuncionalidade social, que se reflectem, logicamente, na escola?
As escolas, de meios urbanos ou rurais, em que os problemas sociais são a real razão para o insucesso e o abandono escolar, e nas quais os professores têm de lidar com estes problemas, sem preparação profissional para tal e sem real assistência da Acção Social, que este ano foi mais uma vez reduzida - atribuindo-se um montante que nem sequer chega para comprar todos os manuais escolares, burocratizando-se o acesso à mesma e reduzindo-se o universo dos que a ela têm direito - ou de psicólogos, que continuam a ser pouquíssimos e não chegam para as encomendas. E ainda por cima são estes os professores que vão ficar a marcar passo na carreira, porque não produzem resultados de sucesso, não têm, digamos assim, lucro escolar? Ou vamos fomentar a mentira na atribuição de notas e promover as passagens automáticas, só para contar para as estatísticas de progressão na carreira?
A educação é um direito básico. As escolas em pré-fabricados continuam a aguardar ser substituídas e quase todas a esperar ser devidamente equipadas para que deixe de ser uma raridade os professores terem à sua disposição meios audiovisuais em boas condições e em quantidade suficiente ou simples fotocópias a cores. E a ser possível que no Inverno os alunos não tremam de frio e suem as estopinhas no Verão. Esse devia ser o investimento e não desinvestir-se socialmente com fins economicistas e obedecendo a uma lógica de transformar um direito básico num produto de mercado, criando, como manobra de dissuasão, a estigmatização dos professores."

Afinal a culpa é mesmo nossa...

Rui Tavares, hoje no PÚBLICO, demonstra que, afinal, a culpa é mesmo nossa:

(...)o senhor secretário de Estado adjunto deveria ter aproveitado para despejar a alma de todas as banalidades, num momento único de sinceridade e perfeição ideológica. Bastaria encarar a câmara com vigor, esticar o dedo indicador e denunciar: você tem a culpa.
Porque é verdade. Você vive durante mais tempo do que é comportável para os cofres da Segurança Social. Você tem menos filhos do que deveria ter. O seu salário é demasiado alto para o nosso Estado; o seu despedimento é demasiado difícil para as nossas empresas. Caso tenha sido despedido, você é um privilegiado do subsídio de desemprego ou, pior ainda, um privilegiado do rendimento mínimo. O país produz pouco e você tem culpa. O país não é competitivo e você tem culpa. Você tem culpa porque se endividou. Você tem culpa porque é professor e não ensina. Você tem culpa porque é aluno e não aprende. Você tem culpa porque é funcionário público e nem vale a pena pormenorizar as suas culpas. Você tem culpa porque trabalha no privado, mas não tanto como deveria. Se você é português, tem culpa. Se é estrangeiro, tem mais culpa ainda.
Neste país, há pouquíssima gente que não tenha culpa. Não têm culpa alguns economistas, que são quem nos explica as nossas culpas (embora não esteja completamente certo em relação a Medina Carreira, que admitiu ao Expresso não tomar medidas contra o aquecimento global, ou seja, não combater o desperdício de energia - e portanto também tem as suas culpas no défice dos consumidores domésticos de electricidade). Não têm culpa os empresários do Compromisso Portugal, que fazem o que podem para tornar o país competitivo (embora haja entre eles pouquíssimos casos de sucesso fora deste rectângulo à beira-mar - e você sabe como tem culpa disso). Não têm culpa alguns gestores e juristas de topo, que temos de conquistar a peso de ouro ao sector privado e premiar abundantemente para que se sintam motivados. Alguém, neste país, tem de ser motivado. Não têm culpa aqueles que sempre sentiram que o país é fraco e que o destino os injustiçou ao fazê-los nascer numa terra pequena demais e incivilizada demais para o seu génio (penso, por exemplo, em Paulo Portas ou Herman José).
Para lá destas excepções, resta você, que tem culpa. (...)


"Você tem culpa", PÚBLICO, 21.10.2006, Rui Tavares

quinta-feira, outubro 19, 2006

Hoje no Badaladas

não, não e não!

foi este o tema de capa do jornal "Badaladas", um semanário regional de Torres Vedras. Este é o jornal regional com maior tiragem do districto de Lisboa.

Claro que a manifestação dos alunos da Madeira Torres teve muito mais adesão. Eles fecharam a escola, e como podem ver no link, a presidente do Conselho Executivo foi complacente com essa situação, porque estava de acordo com as revindicações dos alunos.

No entanto, no segundo dia de protesto, a Henriques teve maior adesão. (até porque quase ninguém sabia da greve no primeiro dia. Eu pelo menos não sabia)

Apesar das diferenças, os alunos das escolas secundárias de Torres Vedras mostraram-se juntos por uma causa que é da maior parte dos alunos deste país. Mas nós mostramos o descontentamento e fizemo-lo num dia de greve dos professores, para não nos acusarem de querer faltar às aulas (porque os professores também faltaram)

P.S.- A presidente da Associação de Estudantes da (minha) escola Henriques Nogueira disse que "a greve é um método pouco eficaz"... cabe-lhe a ela, suposta representante dos alunos desta escola, arranjar métodos mais "eficazes". Dou-lhe já um concelho: os abaixo-assinados, cartinhas à ministra em envelopes cor-de-rosa, colóquios e conferências também não são lá muito eficazes. Às vezes há métodos que são pouco eficazes na concretização das coisas (neste caso, não sei com que métodos se vai concretizar...) mas aparecem na capa do Badaladas. Afinal...

Ainda o caso da funcionária com HIV de escola da Feira

Uma solução inovadora para generalizar para pessoas portadoras de sida, gonorreia e, porque não, caspa e catarro: horários pós-actividades das pessoas "normais"... Até têm direito a trabalhar, coitados, não é preciso é cruzarem-se com a gente de bem e os seus filhos...



Caso da funcionária com HIV de escola da Feira será analisado pela DREN

18.10.2006, Sara Dias Oliveira, PÚBLICO

Pais do jardim-de-infância propõem horário pós-lectivo para a tarefeira


Os pais das 17 crianças do jardim-de-infância de Azevedo de Caldas de São Jorge, Santa Maria da Feira, propuseram ontem ao agrupamento escolar um horário pós-actividades lectivas para a funcionária de 32 anos contratada como empregada de limpeza portadora do vírus da sida e com uma filha de cinco anos, que padece da mesma doença - e que frequenta o mesmo estabelecimento de ensino -, como forma de pôr fim ao protesto que começou há exactamente uma semana. Desde essa altura que os encarregados de educação não levam os filhos à escola, alegando que a tarefeira não tem qualificações para tratar da menina. Uma medida que deverá ser mantida nos próximos dias.
(...)

E digo mais: deviam era extingui-las!!! Mainada!

Claro que me estou a referir às aulas de substituição!...no seguimento do artigo anterior!
Se no básico são uma autêntica charada, no secundário são simplesmente inutéis!
Eu falo de "barriguinha cheia"...neste dois anos não dei uma única aula de substituição!
No ano passado tinha um aluno de curriculo alternativo...as quatro horas que supostamente seriam para o "part-time" substitution nunca chegaram a sê-lo! Eu só posso dizer é que aquela sala de professores no início do ano era pior que o mercado da ribeira às 6 da manhã quando chegam as traineiras com o carapau fresco...depois lá acalmou...mas muitas pessoas cortaram relações umas com as outras (relações de trablho, off course...as outras não sei...)
Este ano, o orgão de gestão deliberou (não sei se muito bem...) que os professores que tivessem a turma da hortofloricultura (percurso alternativo...tem lá com cada um ké de arrepiar o cabelo...)e tivessem horas de substituição, que estas últimas passassem a ser de apoio à dita turma...ora se por um lado eu passei de substituta a psicóloga educacional, por outro só tenho um tempo para o fazer...enquanto que há outros professores com quatro tempos para dedicar aos infantes...são mais psicólogos que eu, certo?
Dá para perceber o filme?
O que se passa é que (ai minha mãe, lá vou eu cascar na ministra...mas vou falar no plural...senão qualquer dia sou despedida...) estas horas de substituição são a maior aberração que alguém alguma vez inventou...eu sei que há mais aberrações inventadas...mas agora fiquemo-nos pelas horas de substituição...
E porque é que as desgraçadas das crianças não podem ir apanhar ar quando têm um furo? E porque é que um professor tem que ir de ficha em riste para uma aula com uma turma que nunca o viu mais gordo nem mais magro, e tem que lhe obedecer? E porque é que têm que existir essas fichas, esses planos de aula, para as aulas de substituição? E porque é que um professor não pode ir simplesmente fazer actividades lúdicas com os garotos? Sei lá, por exemplo, já que temos que ser tão polivalentes, se fizermos uma aula de substituição de francês, porque não falar francês com os meninos? Era girissimo! Eu sei de um professor que o faz e é um sucesso! aliás, esse professor recusa-se a levar as benditas fichas...improvisa a aula...ora sai uma aula em francês, ora sai uma conversa sobre o preço do petróleo e a crise no médio oriente...isto com miúdos do 8º ano! Mas a coisa corre bem!
Mas claro que é preciso ter feeling, estofo, savoir.faire, para fazer uma cena destas! É claro que isto não é uma crítica! Antes sim, uma constatação! Ninguém é obrigado a ser bom na arte da improvisação!
O ministério (...a ministra...) devia era controlar as faltas que os professores dão! Claro que não é uma questão de matemática...e só 1/3 é que chega a titular...as coisas não podem ser assim tão lineares! Não devemos usar os números em seres humanos...somos falíveis! Graças a Deus! Vão lá mas é ver quem é que passa os atestados médicos falsos, mandem mais juntas médicas a casa dos que estão a faltar mas que foram vistos a passear no parque, dêm lá a reforma a quem está farto de estar no ensino e mete atestado atrás de atestado (falso, provavelmente) e vão ver se é preciso aulas de substituição! Basta criar um corpo docente competente, correr com alguns que não fazem cá falta nenhuma e não são precisos planos de acção nenhuns!
Vai lá vai! Até a barraca abanava! E fico por aqui que estou podre de sono...e com um torçolho no olho direito...boa noite!

quarta-feira, outubro 18, 2006

Em Torres Vedras...

Ontém á noite recebi uma mensagem que dava conta de uma manifestação dos alunos da escola Henriques Nogueira (a minha) em Torres vedras. A manifestação era contra as aulas de substituição e a iniciativa também foi leveda a cabo pelos alunos da outra escola secundária de Torres Vedras, a Madeira Torres.
O dia da manife fazia todo o sentido... era no dia da greve de professores, logo não nos podiam acusar de só nos querermos baldar. (normalmente quem acusa os alunos de baldas quando estes se manifestam são os mesmos que fazem as greves à sexta-feira para poderem ir de fim-de-semana para a Costa da caparica. mentalidades...)
A manifestação estava convocada para as 07:00 da manhã, mais uma vez para não nos acusarem de não querermos ir às aulas... depois às 08:30 ía quem queria e quem quisesse, continuava o protesto.
Quando cheguei à minha escola só estavam 10 pessoas à porta e os outros (mil e quinhentos alunos) foram ás aulas.
Fui à primeira aula e, quando acabou o intrevalo da manhã, era quase impossível entrar na escola com tanta gente cá fora e tanta gente a sair... estavam no largo para aí umas mil pessoas!
Entretanto, na outra escola, a Madeira Torres, tinham fechado a porta a cadiado e ninguém entrava. Ao menos na nossa quem quisesse mesmo muito entrar conseguia!
Os alunos da Henriques mostraram que é possível juntar todos cá fora sem recorrer a métodos menos democráticos.
Mas claro, quando se fecha uma escola A CADIADO (que coragem...) vai logo a SIC e a TVI! E foram...
Nós, na Henriques Nogueira, não tinhamos a excitação das TVs, nem a obrigatoridade de participar na manife imposta pelo cadiado, mas lá estavamos... a mostrar a quem quisesse ver que não estavamos de acordo com as aulas de substituição no ensino secundário (que, diga-se de passagem, não fazem qualquer sentido... já não é ensino obrigatório, não há necessidade de ATLs para quem já tem idade para ser responsável...)

As boquinhas que os da Madeira Torrres mandaram não fazem qualquer sentido. Estavamos todos pelos mesmos objectivos, do mesmo lado...

Tudo corria bem, até que alguns alunos da nossa escola decidiram ir manifestar-se para a Madeira Torres. Porquê? Porque estava lá a televisão e queriam "aparecer"... que raiva! Abandonaram a escola e foram para a outra escola. Mostraram que, afinal, eram mesmo baldas, mostraram que, afinal, não queriam mostrar as suas ideias ao Conselho Executivo da nossa escola, mostraram que, afinal, não estavam assim tão decontentes com as substituições, mas que queriam era festa.

Aposto que, os que lá estavam desde as 07:00 não foram a correr para a Madeira Torres. Aqueles que levantaram-se mais cedo, que organizaram uma manifestação democrática e respeitosa, esclarecida e esclarecedora, não devem ter cedido tão levianamente ao chamamento das televisões... espero que não!
Eu fui para casa mais cedo, assim como o polícia que apareceu a tomar conta do pessoal manifestante, que deve ter ficado a pensar "estes gajos armam-se em grandes, mas basta uma câmara para os desfazer... imaginem com um bastão, como se fazia no tempo em que eu manifestava... cambada de maricas!"
Também eu pensei assim e fui para a minnha casa perdendo uma aula de revisões para o teste de Matemática A, que é já na segunda.
A isto chama-se greve... como não recebo salário, perdi em conhecimentos e em ajudas importantes para um teste que será o primeiro e que poderá determinar muita coisa. Fiz sacrifícios, se calhar tão válidos como perder um dia de ordenado! São os custos da luta.

Este dia que podia ser um exemplo para as gerações futuras da Escola Sec. Henriques Nogueira, foi um falhanço dos ideais e uma vitória para quem pôs as aulas de substituição no secundário.

Hoje foi um dia negro para esta grande escola!

terça-feira, outubro 17, 2006

Coisas que se ouvem por aí...

Conversa numa escola deste país, entre dois alunos:

Gajo A: "Se não fossem estas medidas maradas do sócrates hoje não havia greve"

Gajo B: "Ya... g'anda sócrates!"

Era isto que os sindicatos queriam quando marcaram a greve?

Grandes Portugueses na RTP1(02)

Vota Paula Rego.

Direitos dos Alunos

Será que ainda existem professores tão arrogantes ao ponto de acharem que os alunos não têm vida própria?
A minha resposta é SIM!!!!
Ainda ontem, estava eu muito bem a prestar os meus piores 90 minutos do dia na aula de Matemática A, até que a minha professora começa com um discurso acerca de uma noticia qualquer que tinha a ver com os pais dos estudantes ucrânianos acharem que o ensino português não é muito exigente e que iriam fundar uma escola para os seus conterrâneos.
RESULTADO: Enfardou-nos com toneladas de TPC's com o pretexto que era muito exigente e que discordava com os ucrânianos...
Quando nos pronunciá-mos contra, ela disse que durante a semana devia-mos nos aplicar a 100% à escola e que os tempos livres: fins de semana(ocupados a fazer TPC's/Estudar) ou férias(uma mísera parte da nossa vida).
Acima de tudo apelo aos Direitos dos Alunos!!!!!!!!!!!!

segunda-feira, outubro 16, 2006

Eu também já precisava de mais uma demão...

Que grandes... portugueses

Análise da lista de "grandes" portugueses, feita pelo Jumento:

Olhando para aqueles que a Estação do Estado considera ser os melhores entre todos os portugueses cheguei à conclusão de que fica muita coisa explicada.

Classificando os "candidatos" pelo domínio em que se destacaram temos:

  • 105 homens e mulheres da cultura.
  • 57 políticos.
  • 22 cientistas.
  • 12 exploradores.
  • 8 desportista.
  • 7 arquitectos.
  • 6 Economistas
  • 6 religiosos.
  • 4 Filósofos.

Desde logo ficamos a perceber que porque motivo alguns cursos universitários estão a abarrotar, enquanto outros, os que dão emprego, ficam às moscas, somos um país de poetas e políticos, e quanto a cientistas ficamo-nos pelos médicos e, talvez isto tenha alguma explicação, o nosso forte é a neurologia.

Há qualquer coisa de errado num país onde são muitos os que pedem ajuda ao vizinho para ler as instruções da máquina de lavar, e se não fossem os livros escolares já não existiram livrarias, e o maior volume de candidatos a maior português pertencem ao mundo da cultura, com destaque para poetas e escritores.

Da mesma forma não se percebe como num país que quase sempre foi mal governado os políticos seja precisamente o segundo maior lote de "candidatos". Temos mais políticos que todas as categorias da ciência e do pensamento juntas, os cientistas, exploradores, arquitectos, e filósofos, e economistas totalizam cinquenta e um, contra a longa lista dos cinquenta e sete políticos. E quando o nosso D. Duarte tiver tempo para ler a lista a situação vai agravar-se, uma boa parte dos nossos monarcas foram excluídos, ainda que se constate o regresso do D. Sebastião. mesmo sem ter havido nevoeiro.

O que nos sobra em políticos falta-nos em exploradores, cientistas, economistas, arquitectos ou filósofos. A situação é ainda mais grave se considerarmos que os exploradores são quase todos de outros tempos, exceptuando Gago Coutinho e Sacadura Cabral (que não exploraram nada), Roberto Ivens ou Serpa Pinto. Já quanto a empresários a situação é ainda pior, são quase todos da primeira metade do Século XX e do grupo escolhido apenas um está vivo e, ainda por cima, nenhum dos falecido deixou herdeiro na lista.

A ler na íntegra em:
http://jumento.blogspot.com/2006/10/os-grandes-portugueses.html

PS: eu por mim votava mim... Isto não dá dinheiro?! então deixem lá...

Faz sentido o Intelligent Design?

Viram o título? Pois não é essa a questão. Não estão aqui em causa os valores, as crenças e as teorias que cada um defende, ou que simplesmente tem, mesmo que não a defenda. (sim, podemos acreditar na evolução ou no criacionismo e, simplesmente acharmos isso sem estarmos a argumentar e contra-argumentar numa questão que nunca vai acabar e que, as mentes mais estúpidas quase "partidarizaram"... "a direita acha isto e a esquerda acha isto"...) Mais: podemos inclusivé não ter qualquer opinião ou não saber ao certo, tal como podemos especular. Enfim... cada um tem a liberdade de dizer "eu sou evolucionista" ou "eu sou criacionista" ou mesmo a liberdade de estar-se nas tintas.
Cabe à Escola informar. O que é a informação? É explicar isentamente algo que aconteceu recentemente ou no passado, tudo isto, claro, se tivermos a certeza.

Ora, na escola portuguesa dá-se no quinto e no sétimo ano o início da História humana e a evolução é dada como algo certo. Não como uma teoria, mas como um facto.
Foi realmente assim que aconteceu? Pois não é essa a questão.

A questão é: não deve uma escola laica, livre, e multicultural ensinar só o que é certo como facto e, em relacção ao que ainda está em debate, apresentar as diferentes teorias, explicando os argumentos dados pelos defensores de cada uma? Não é falta de respeito para com as convicções dos alunos, dos pais e até dos professores que dão a matéria, apresentar-se a evolução como certa? Ou a criação como certa? Não é também falta de respeito explicar estas teorias segundo a Igreja Católica ou outra organização religiosa qualquer, sem se considerar teorias de outras religiões? Como é que se pode ensinar as diversas teorias do evolucionismo (que também as há) ou do criacinismo sem afectar as convicções de ninguém?

Das duas uma: ou não se fala disso, o que me parece má jogada, ou se dá a teoria evolucionista explicando no que é que ela consiste e depois a teoria criacionista, como se começa a fazer nas escolas americanas: explicar que outras pessoas pensam que existe um ser superior , ou vários seres superiores que , segundo essas pessoas, criou tudo ou parte do que existe no universo. Não se fala em religiões nem em nomes; nem sequer se diz se foi um ou vários deuses... fala-se no Intelligent Design, ou se quisermos, no "planeamento inteligente".

É que, se um aluno que acredita numa das teorias mas na escola dizem-lhe que a outra é que está certa, ele vai começar a duvidar da escola, o que não é nada bom.

Além disso, se a escola quer que sejam os pais a dar a educação aos filhos, sendo a escola tudo menos "um depósito de crianças" como ouvi uma professora dizer, não se pode dar na escola uma informação que contradiz com a educação dos pais. E repito: quer para um lado quer para o outro... também não fazia sentido dar-se só o criacionismo!

Os professores de História têm de ter muito cuidado nesta e noutras questões (como o fascismo ou o comunismo ou o liberalismo... tudo o que mexe com as convicções de cada um tem de ser tratado com muito cuidado) para não estarem a trair os pais que confiam neles a educação dos filhos, os alunos e as suas próprias convicções pessoais.

Que se apresentem factos como factos e teorias como teorias!

E eu, sou criacionista ou evolucionista? Pois não é essa a questão.

domingo, outubro 15, 2006

Grandes Portugueses da RTP1

Vota Zeca Afonso.

De quem é a culpa?...


Alunos aderem ao cibercopianço

2006/10/14 23:34 Sara Marques

Copiam trabalhos inteiros da internet, porque «a tentação é demasiado grande» e até conseguem boas notas em poucos minutos. Professores dizem que o problema é o excesso de informação

Utilizar a internet para pesquisar informações para trabalhos escolares e académicos é prática habitual nos estudantes portugueses e até é incentivada pelos professores. O problema começa quando os alunos passam o limite da pesquisa e copiam trabalhos inteiros.
Segundo a agência Reuters, 37 por cento dos universitários norte-americanos admite ter copiado partes de trabalhos da internet e 77 por cento dos alunos considera que isso não é um assunto sério.

Por cá, a realidade não é diferente e o plágio começa logo nos estudantes mais novos. Anabela tem 19 e já frequenta a universidade, mas admite que terminou o secundário «sem nunca ter lido Os Maias», apesar de a obra ser de leitura obrigatória. O motivo foi mesmo «preguiça». «O livro tem tantas páginas que não dá vontade de ler», conta a estudante.

Anabela explicou ao PortugalDiário que começou por ler «o resumo da obra na internet», depois, quando o professor pediu à turma um trabalho de análise da obra, recorreu novamente às novas tecnologias. Durante a pesquisa «tropecei num fórum onde os alunos disponibilizavam os trabalhos escolares e havia lá um trabalho sobre Os Maias», contou a jovem que admitiu que «a tentação foi grande demais».
Anabela, que vive no Porto, acabou por entregar um trabalho realizado por um aluno do Algarve e até ficou contente com a nota. «Tive 13 e só demorei 10 minutos a fazer a pesquisa e o download. E o professor nunca soube que não fui eu a fazer», admitiu, ligeiramente envergonhada.
«Nem imaginam quantos sites há sobre os sonetos de Camões»
Patrícia tem 15 anos e passa várias horas por dia online. «Quando chego da escola, ligo-me logo (à internet), para falar com os amigos», contou. E os trabalhos de casa? Esses são feitos ao mesmo tempo, muitos até com recurso à internet.
Garante que nunca copiou um trabalho inteiro, mas admite que copia parágrafos inteiros. Quando se trata de «trabalhos de História, Geografia, ou disciplinas assim», considera que não se trata de copiar e diz que é «pesquisa», mesmo quando copia «partes grandes» do trabalho.
A estudante só admite fazer «batota» quando se trata de textos de análise. E dá um exemplo: «A minha professora de português pediu para identificarmos as figuras de estilo de um soneto de Camões. Fui à internet e estava o poema com as figuras de estilo todas. Depois de encontrar, não ia fechar o site», disse Patrícia. «Nem imaginam quantos sites há sobre os sonetos de Camões. É quase impossível não encontrar», afirmou, em jeito de justificação.
Não há uma exigência excessiva.
Para o presidente da Associação de Professores de Português (APP), Paulo Feytor Pinto, o problema dos trabalhos copiados já não é novidade. «Agora é a internet, mas dantes eram as sebentas», explicou ao PortugalDiário.
O responsável até compreende que copiar trabalhos de português seja uma tentação muito grande já que «há muita informação disponível sobre as obras de leitura obrigatória».
Paulo Feytor Pinto não considera que seja a elevada exigência dos programas o que leva os alunos a copiar. «Talvez por estarem tão habituados a serem obrigados a memorizar, não sejam capazes de analisar um texto, mas não há uma exigência excessiva», afirmou.
O professor considera que uma forma de resolver este problema seria «dar liberdades às escolas na escolha nas obras a leccionar». Mas a questão também se prende com o facto de estes trabalhos serem realizados em casa, «assim, o professor não vê se é realmente o aluno quem o faz».

E, segundo o responsável da APP, os alunos não se limitam a copiar os trabalhos, chegando mesmo a decorar textos inteiros, que depois reproduzem nos exames.

Tadinhos...tenho cá uma peninha!!!

APESAR DA CRISE, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO GASTA MILHARES

O Ministério da Educação paga hoje a divulgação, nas páginas centrais de alguns jornais, sob a forma de publicidade, de uma "auto-entrevista" sobre o Estatuto da Carreira Docente que terá custado milhares de "contos" ao erário público.

Este tipo de propaganda é:

1.Ilegítimo, na medida em que se gastam milhares de euros dos contribuintes para propaganda política, enquanto se cortam verbas às escolas e se suprimem direitos, tempo de serviço e expectativas salariais aos docentes, alegadamente por razões de contenção orçamental. Além disso, é inaceitável que o Governo gaste dinheiro em espaços publicitários para divulgar textos que se enquadram, apenas, na mais vil campanha alguma vez movida em Portugal contra os professores e os educadores portugueses.

2.Enganoso, porque os alegados esclarecimentos, prestados sob a forma de respostas, estão eivados de demagogia, de inverdades, de mentiras e de omissões graves. É mentira, por exemplo, que os docentes progridam na carreira pelo mero passar do tempo; também não é verdade que a transição da actual carreira para a que é proposta não se traduzisse em perdas salariais que atingiriam as centenas de milhares de euros; omite-se, por exemplo, que um docente, se adoecer dez dias num ano perderá dois anos de carreira. Mas estas são apenas três de entre as muitas fugas à verdade que constam no texto publicitário do Ministério da Educação.
No entanto, este anúncio que os contribuintes terão pagar à Ministra Lurdes Rodrigues, acaba por ter uma virtude: confirma o que as organizações sindicais têm dito da postura do M.E. ao longo do processo de revisão do Estatuto da Carreira Docente, bem como do conteúdo das suas propostas.
De facto:
- Confirma-se que o ME não olha a meios para atingir os seus objectivos;
- Confirma-se que, nas questões essenciais, o ME não se moveu, um mínimo que fosse, desde o início do processo de revisão;
- Confirma-se que o ME continua a tentar impor uma carreira com duas categorias; vagas para acesso aos escalões de topo, que deixariam a esmagadora maioria dos docentes a meio da carreira, independentemente do seu mérito; quotas para a atribuição das classificações mais elevadas, que seriam a negação do próprio regime de avaliação do desempenho; um exame, sem qualquer sentido pedagógico, para ingresso na carreira; menções qualitativas positivas que se traduziriam em perdas de anos de serviço; entre outras propostas muito negativas.
Perante esta publicidade divulgada hoje pelo M.E., a Plataforma Sindical de Professores para o ECD manifesta o seu mais veemente repúdio por esta iniciativa de propaganda e exige do Governo que torne públicos os seus custos para que os contribuintes saibam qual o destino que é dado aos seus impostos. Repudiam, ainda, a tentativa de enganar e manipular a opinião pública, pois, ao contrário do que afirma no seu texto, o ME não pretende valorizar o trabalho dos professores, mas, apenas, poupar dinheiro à sua custa.
Esta iniciativa do ME e o seu discurso enganoso, afinal, acabam por criar nos professores precisamente o efeito contrário ao que, certamente, era pretendido. Na verdade, apenas fazem crescer as tensões dentro da classe docente e acabam por contribuir para que aumente a sua mobilização para a Greve Nacional dos próximos dias 17 e 18 de Outubro.

As organizações subscritoras:

FENPROF - Federação Nacional dos Professores
FNE - Federação Nacional dos Sindicatos da Educação
SPLIU - Sindicato Nacional dos Professores Licenciados pelos Politécnicos e Universidades
SNPL - Sindicato Nacional dos Professores Licenciados
SEPLEU - Sindicato dos Educadores e Professores Licenciados pelas Escolas Superiores de Educação e Universidades
FENEI - Federação Nacional do Ensino e Investigação
ASPL - Associação Sindical de Professores Licenciados
PRÓ-ORDEM - Associação Sindical dos Professores Pró-Ordem
FEPECI - Federação Portuguesa dos Profissionais da Educação, Ensino, Cultura e Investigação
SIPPEB - Sindicato dos Professores do Pré-Escolar e do Ensino Básico
SIPE - Sindicato Independente dos Professores e Educadores
USPROF - União Sindical dos Professores
SINPROFE - Sindicato Nacional dos Professores e Educadores
SNPES - Sindicato Nacional dos Professores do Ensino Secundário

sábado, outubro 14, 2006

Portugal no seu melhor

Reacções esclarecidas dos Encarregados de Educação de um Jardim de Infância de Santa Maria da Feira. E se fosse a professora?

Pais pedem dispensa de tarefeira com HIV de escola da Feira

14.10.2006, Sara Dias Oliveira
Funcionária fala em "discriminação". Agrupamento garante que ela fica a trabalhar

Os pais de 17 crianças do jardim-de-infância de Azevedo, Caldas de São Jorge, Santa Maria da Feira, não entregam os filhos ao cuidado da instituição enquanto uma tarefeira, de 32 anos e portadora do vírus da sida, continuar a trabalhar na escola. O presidente da associação de pais, Rui Alves, garante que não está em causa uma postura discriminatória e exige que o agrupamento escolar contrate uma pessoa qualificada para cuidar de uma menina de cinco anos, com deficiências motoras e também portadora do HIV, filha da funcionária em questão. Há uma reunião marcada para a próxima terça-feira. O Agrupamento de Escolas de Fiães promete manter a funcionária ao serviço.
http://digital.publico.clix.pt/

sexta-feira, outubro 13, 2006

Segurança nas escolas

Em primeiro lugar num estudo levado a cabo pela DECO em 204 escolas, está o Colégio da Boavista, em Vila Real, onde apenas 1,8 por cento dos alunos se queixou de insegurança e criminalidade.
Com menos de cinco por cento dos alunos a admitirem ter sido vítimas de violência física ou psicológica estão o Externato Luís de Camões, em Ovar (3 por cento); o Externato Carvalho Araújo, em Braga (3,7 por cento) e a Escola Técnica Profissional de Sicó, em Penela (4,4 por cento).
No concelho de Torres Vedras está presente o Externato de Penafirme em A-Dos-Cunhados em 22º lugar.
Em geral, a maior parte dos alunos queixa-se de violencia psicologica em cerca 33,5% dos inquiridos.

segunda-feira, outubro 09, 2006

arrogância, sim... é assim que se chama.

Vejo que sim, que isto da educação estar centrada no professor e não no aluno, aquele que dá pretexto para a escola existir, é algo muito enraizado.
como disse, não seria fácil aceitar esta mudança de pensamento em relacção à escola. como nenhuma mudança é fácil de aceitar, sobretudo por quem está tão confortável na sua posição superior.

Hoje, assumamos, o sistema regente funciona mal... não há dúvida, as provas andam aí, em cada exame, em cada aula, em cada gesto arrogante (ou mal-educado, como a gente fina gosta de dizer).

É claro que, para um professor é muito fácil dizer "a culpa é dos pais..." e não se preocupar com nada no que respeita ao seu ensino... é muio fácil dizer "é dos genes..." e lá ir aturando uma vez ou outra a arrogância (perdoem-me a expressão) dos alunos.

Entreguemos o Ensino aos professores só no momento em que os professores se entregarem ao ensino!

Afinal vem aí uma 4ª versão...

Ó Dra. Lurdes, decida-se!
Ou bem que avança para a frente com o estatuto da carreira docente, ou bem que o põe na gaveta! Agora vir para a televisão dizer que NÓS não soubemos interpretar bem o documento...por favor! Pode passar o atestado de burrice a outro qualquer do seu serviço mas não a mim nem a mais sessenta milhares (sabe quanto é por extenso?...é que há por aí tanta dificuldade em interpretar os números que eu não sei não...)! E ainda diz que vem aí uma 4ª versão! Bem, isto vai ter "pano para mangas"...enquanto isso, os preços sobem e o nosso poder de compra desce! "Very nice, indeed"!
A Sra. frequentou o ISCTE não foi? Pois olhe que eu também! E por acaso até somos colegas de curso! E se houve uma coisa que eu aprendi no ISCTE, e provavelmente a Sra. também, foi a fazer contas! Ó se foi! Então deixe que lhe diga uma coisinha: se quer ajudar o Sr. 1º ministro a liquidar de uma vez por todas o défice orçamental, não é aos bolsos dos professores que vai buscar o seu chas-flow, mas sim aos "tios belmiros & Cª Lda."(é mais é sociedades anónimas, não é? Ai agora é OPA´s, desculpe...mas, melhor ainda, porque mais dinheiro gira...)!
Sabe que mais, eu hoje tive que pedir a uma funcionária para me ir buscar uma cadeira em condições porque a minha cadeira de professor, para além de ter ar de arrastadeira (e da escola se parecer com uma encubadora...não sei de quem foi a ideia de por aquelas janelas que não se abrem...), abanava por todos os lados...é humilhante!
Pois lhe digo, minha Senhora, que não é a cortar no mobiliário nem na subida dos escalões dos Mestres deste país (e quando digo Mestres refiro-me a todos os professores no activo) que vai conseguir o que quer! Só vai fazer com que o ódio, sim ódio, cresca "more and more" porque o descontentamento é mais do que generalizado, é enraízado, tratado geneticamente, sem ser preciso recorrer a um laboratório...sim, porque filho de professor cresce a ouvir mal dos professores e do ensino em Portugal...e é sempre a mesma conversa da treta! Tá para vir o primeiro nome de ministro da educação, neste soalheiro país à beira-mar plantado, que não gere contestação!
Acho que qualquer sociólogo, nem vou tão longe, qualquer estudante de sociologia, rapidamente chegaria à conclusão que o problema não está nos professores mas sim na estratégia do nosso ensino! E quando o mal está feito, a pior coisa que se faz é "passajá-lo" com "linha reles"...vale mais fazer um "fato" com "tecido" novo...fica muito mais bonito, "glamourous" e "fashion"! Ah, e com linha da boa! Nunca com "fio de alinhavar"...
E já agora, tio Belmiro, não quer fazer uma OPA ao Ministério da Educação? Nem sabe o que ficava a ganhar...

Relactivamente ao meu último post...

não fui o único a pedir uma reflexão profunda e uma reforma, talvez, a todo o sistema de ensino em Portugal...

Arrogância ou simplesmente falta de educação?

Adeus psicologia, viva EDUCAÇÃO

(...)
Muitos dos adolescentes que me procuram no Hospital de Santa Maria ou no consultório não sofrem de disfunção psicológica, nem têm doença mental: são jovens com vicissitudes do seu processo de desenvolvimento, sobretudo dificuldades de comunicação familiar ou conflitos relacionais na escola. Predominam as questões de autoridade na família (os filhos respeitam pouco os pais) ou problemas de rendimento escolar e aceitação das regras na sala de aula, num conjunto onde abundam os sentimentos de aborrecimento e desinteresse juvenis, dando razão ao meu colega brasileiro Içami Tiba, que diz estarem a viver a "aborrescência".

Quando se pesquisa o passado destes jovens, muitos tiveram uma infância superprotegida, com exigências sempre satisfeitas pelos pais, inseguros para estabelecer regras ou introduzir a frustração. Cresceram assim numa família incapaz de definir limites e a pouco e pouco se tornam crianças cada vez mais omnipotentes, para mais tarde darem lugar a adolescentes controladores e tirânicos. E então surge o recurso ao psicólogo, em casa ou na escola, como técnico salvador capaz de colmatar uma falha, com origens na infância e que uma comunicação distorcida agravou ao longo do tempo. Que pode um técnico de Saúde Mental fazer, se não há doença e falta a educação?


No meu novo livro Lavrar o mar, dou muitos exemplos de situações em que é evidente a necessidade de reactualizar regras, definir espaços para cada geração, procurar zonas de entendimento entre pais e filhos, em suma: educar. E também na escola analiso, em colaboração com a professora Eulália Barros, muitos fragmentos do quotidiano escolar em que a RELAÇÃO entre professor e aluno é crucial para que a sala de aula possa ser um local de estudo e aprendizagem, só possível num ambiente de respeito mútuo. Posso hoje afirmar também que a informação psicologizante (sobretudo a de má qualidade), embora fundamental para compreendermos muitos aspectos do desenvolvimento infantil e adolescente, não tem contribuído para dotar os pais de mais competências para lidarem com os filhos, porque muitas vezes é impeditiva da resposta imediata e intuitiva, essencial à eficácia da função parental.

Deixemos aos psicólogos e psiquiatras o tratamento das doenças e reforcemos, nos pais e professores, a responsabilidade de educar.
Daniel Sampaio (negritos meus)

PÚBLICO - EDIÇÃO IMPRESSA - XIS
Director: José Manuel Fernandes
Directores-adjuntos: Nuno Pacheco e Manuel Carvalho
POL nº 6039 | Segunda, 9 de Outubro de 2006
http://jornal.publico.clix.pt/noticias2.asp?a=2006&m=10&d=09&uid=&id=101084&sid=11160

domingo, outubro 08, 2006

"Os alunos estão cada vez mais arrogantes"

" Os alunos estão cada vez mais arrogantes"

Esta frase dá que pensar. Porque é que assim é? Reconheço que nas aulas, nos corredores, na relação com os professores e até com os colegas, os alunos estão cada vez mais arrogantes.
A explicação não é fácil de encontrar (pelo menos não será tão fácil como alguns pensam. Não é só os Morangos com Açúcar que tornam os alunos arrogantes).
A mim, um mero aluno, cabe-me tentar perceber este fenómeno.

Acho que arrogância puxa arrogância e a arrogância dos professores perante os alunos criou uma geração de alunos mais arrogantes para com os professores.

O facto de hoje em dia, a Escola estar centrada no Professor e não no Aluno faz com que os professores tenham a responsabilidade de manterem uma certa maneira de estar perante os alunos que visa, não a simples transmissão de conhecimentos e valores, mas a hierarquização da escola que mais tarde se vai transpor para uma sociedade cada vez mais hierárquica.

A realidade é esta: os professores entram numa aula cheios de medo dos alunos. A reacção dos alunos é sempre temida por parte dos professores. Não há nenhum professor que, sobretudo no início do ano lectivo, não tema não conseguir o “controlo” da turma- o que é, diga-se de passagem, uma reacção natural! 26 alunos com 14 a 18 anos sentados, a avaliar cada gesto, cada frase, sempre à espera de um deslize que coloque o professor sem a necessária postura para conseguir o “controlo” (essa palavra...) é um cenário, no mínimo, medonho.

Perante isto, com uma mistura de vários complexos, preconceitos e outras coisas que levariam muito tempo a serem explicadas, o Professor assume quase sempre uma postura infantilmente arrogante e superior. É este o tipo de professor que eu mais detesto, aquele que acha que tem de ter cara de mau para controlar a turma.

Chego a detestar mais esta característica do que a parcialidade na avaliação.

Infelizmente, apesar de algumas excepções, é este o tipo de professor que pulula nas escolas do país... e é este o estereótipo que os alunos têm dos professores.

Como já disse anteriormente, arrogância puxa arrogância e os alunos, infelizmente, não dão a outra face e assim que podem, mostram arrogância para com os professores.


Como mudar esta situação? Se isso algum dia vier a acontecer, irá ser algo que teoricamente é fácil, mas na prática será extremamente difícil.

Deixar de centrar o ensino no Professor, mas sim centrá-lo naqueles que são os utentes do serviço, naqueles que deveriam fazer parte do topo das prioridades na Escola, naqueles sem os quais a Escola não poderia nunca existir: Os Alunos.

Centrar a Escola nos Alunos é fazer alterações reais na vida escolar. Umas pequenas outras grandes. Podia-se começar por abolir a palavra “setôr”; a estupidez que é os professores- alguns- tratarem os alunos por “tu” e os alunos serem obrigados a tratar os professores por “você”, o que definia logo uma “deshierarquização”. Cada um tratava o outro pelo nome e se não se lembrassem do nome tratavam-se mutuamente por você ou por tu, consoante o acordado. Depois, os professores deviam começar a encarar a escola de um modo diferente, deixar de pensar que eles estão ali a fazer aos alunos um favor, quando isso não é verdade. Encarar as aulas, não como uma maneira de se superiorizarem aos alunos, mas com uma estratégia de transmissão mútua de conhecimentos, vivências, valores, ideias, formação, tudo num ambiente de cordialidade. Mais uma coisa: se o professor notasse que um aluno não queria ali estar e estava a perturbar a aula prejudicando todos os alunos, convidava-o a sair e continuava a aula com os que realmente queriam aprender. Para isso era necessária a desburocratizarão da escola... é que hoje, um professor que expulsar um aluno da aula tem de preencher um relatório, entregar não sei aonde... enfim, é o cabo dos trabalhos! Assim expulsavam-se os alunos que eram “arrogantes” e evitava-se o contágio da arrogância a professor e alunos (não confundir arrogância com subserviência ou menino-do-professorismo!)


Há que, de uma vez por todas, romper com o passado nas escolas, criando uma escola verdadeiramente democrática e sem todas as hierarquias desnecessárias e neofascistas, que em vez de contribuírem para o bom funcionamento da Escola, estão a criar futuros cidadãos arrogantes e que vão querer fazer o mesmo aos outros quando estes estiverem no topo das hierarquias, estejam eles em que profissão estiverem.

Porque uma escola do futuro não é só uma escola a abarrotar de computadores e polidesportivos, mas tem de ser uma escola que crie cidadãos melhores para uma sociedade melhor.

sábado, outubro 07, 2006

Não façam só alguma coisa, fiquem parados

É nesse momento que se torna necessário lembrar duas verdades básicas de qualquer reforma.
A primeira: as reformas verdadeiras fazem-se com as pessoas reais. É fácil imaginar reformas com as pessoas que ainda não existem e achincalhar as que existem. Mais difícil é reconhecer que, se queremos restaurar a autoridade do professor na sala de aula, alguma coisa teremos de fazer para restaurar o seu prestígio na sociedade. Se queremos que os professores ganhem autonomia e se adaptem aos alunos que têm pela frente, em algum momento teremos de lhes dar confiança. E, acima de tudo, teremos de perceber que é com estes professores que qualquer reforma se fará, e que entre estes (ou quaisquer outros professores, da Tanzânia à Tasmânia) os excelentes serão sempre uma minoria. Uma reforma é um exercício de realismo.

A segunda razão parte precisamente daí: no mundo real, uma reforma séria precisa tanto de identificar o que está bem como corrigir o que está mal. Não devemos exigir para o país e para educação um ponto de partida diferente do que aplicamos nas nossas vidas e nas nossas casas: saber onde não precisamos de mexer, onde não vamos gastar energias, para nos concentrarmos no que é decisivo. E isto não tem nada a ver com conservadorismo. Ser de esquerda, ser progressista como outrora se dizia, significa querer construir em cima do que já conseguimos. Quem quiser recomeçar do zero, fá-lo por sua conta e risco; na verdade andará sempre muito próximo do zero. Não se esqueçam que "começar do zero" é vantajoso apenas para políticos e governantes: por pouco que façam parece sempre qualquer coisa. Eu, pelo contrário, acreditarei no primeiro reformista português que me diga o que não é preciso fazer, para que se possa fazer o resto.
[O título deste texto foi roubado a um texto de Daniel Davies no The Guardian. Mais uma vez, se funciona bem, não há razões para não reutilizar.] in PÚBLICO, 07.10.2006, Rui Tavares, Historiador

sexta-feira, outubro 06, 2006

Manifestação de professores

Foi "a maior manifestação de professores que já se fez". Mais de 20 mil, "zangados e indignados", marcharam ontem em Lisboa. Contra a proposta de estatuto da carreira e contra a forma como dizem ser tratados. A ministra da Educação foi acusada de ser "autista", "mentirosa" e "ditadora". Ficou marcada uma greve. 06.10.2006, in PÚBLICO

Independentemente de todas as razões para os professores estarem zangados e indignados, qual foi a chave do sucesso desta manifestação?
  • Foi feita num dia feriado!
Isso permitiu aos Professores participarem, sem terem de faltar às aulas e, com isso, prejudicar os seus alunos. Se fosse a um dia normal, estariam metade das pessoas. Depois não me venham com histórias de falta de profissionalismo da classe docente.

Espero que a senhora ministra tenha ficado a compreender mais qualquer coisa, se é que não estava no seu estado habitual.Já agora, os Sindicatos também podiam ter aprendido qualquer coisinha...

Pode ser que amanhã...

quinta-feira, outubro 05, 2006

Dia do professor - toda a verdade!


Sala de Professores
- Só dá para imaginar o que se passa lá dentro.
- Os professores estão provavelmente estendidos em cadeirões a ouvir música!
- Não, provavelmente estão a descontrair, a ler velhos livros de banda desenhada do Dick Tracy e a comer batatas fritas!

- Já é sexta-feira?

Não há assunto que suscite mais comentários nos fóruns ou nos comentários dos jornais e semanários do que os relacionados com os professores... Todos têm a sua opinião, a úníca, a mais acertada, aquela que põe todos nos seus devidos lugares (principalmente as que acham que põem os professores nos seus devidos lugares...).

Mas quem lá está dentro sabe bem como as representações das pessoas em geral estão desajustadas da realidade... E como elas se esquecem das lições mais básicas.

quarta-feira, outubro 04, 2006

As gaffes de Lula

«Eu durmo com minhas cabeças tranquilas.»
«Nigéria e Brasil são os dois países com maior população afro-descendente do mundo».
«O continente sul-americano e o continente árabe não podem mais, no século XXI, ficar à espera de serem descobertos.»
«O Brasil só não faz fronteira com Chile, Equador e Bolívia.»
«Estou otimista porque estamos reduzindo as taxas de interesses dentro do Brasil.»
«Então eu vim aqui trazer uma mensagem positiva para vocês, uma mensagem que eu já falei na fábrica, lá em Floriano, mas eu vou ler aqui, porque eu pensei que vocês estavam lá. Se eu soubesse que vocês estavam aqui, e não lá, eu não tinha feito o discurso lá, tinha deixado para fazer aqui.»


«Eu sou filho de uma mulher que nasceu analfabeta.»
«Quando se aposentarem, por favor, não fiquem em casa atrapalhando a família. Tem que procurar alguma coisa para fazer.»
«O Atlântico é apenas um rio caudaloso, de praias de areias brancas, que une os dois países.»
«Por muitos anos o Brasil não pôde sequer conversar com a Líbia porque os americanos não gostavam dos libaneses.»
«Política não se faz via fax, nem por telefone ou Internet. É olho no olho, como dizem no Brasil: tete a tete»

«Estou vendo o Arnaldo Godoy sentado, tentando me olhar, mas ele não pode me olhar porque ele é cego. Estou aqui à tua esquerda, viu, Arnaldo! Agora, você está olhando pra mim...»
«Na Amazônia, vivem 20 milhões de cidadãos que têm mulheres e filhos.»
«Veja, com relação à ONU, você sabe que o Brasil já era para estar na ONU desde 1945, quando foi criada a ONU. O Brasil não entrou, o Brasil defende a democratização das Nações Unidas.»
«O salário mínimo vai poder significar praticamente dobrar o poder de compra.»
«A questão do FMI, no começo da década de 70, não era a principalidade das discussões que nós dirigentes de sindicatos fazíamos.»
«Estamos propondo uma reunião bilateral entre Brasil, Colômbia e Venezuela.»

«Estou surpreso porque quem chega a Windhoek não parece que está num país africano. A cidade é limpa demais.»


Via Blasfémias

terça-feira, outubro 03, 2006

domingo, outubro 01, 2006

Público vs Privado

Ora aí está uma lista que gostaria de ver: que escola frequentam os filhos dos nossos ministros, secretários de estado, deputados, directores-gerais e afins.

"Jamais dirão que fizeram essa opção porque acreditam que o ensino privado garante melhores resultados", diz a notícia do PUBLICO, mas será apenas por pudor ou por conhecimento da realidade? Senão vejamos:

Professores: serão melhor nas escolas privadas? Abriu recentemente uma escola privada em Torres Vedras, por ex., que publicitava ter os melhores professores. Realmente, conheço muitos bons professores em Torres Vedras, mas não conheço nenhum que tenha deixado a sua escola (pública) para trabalhar lá. Os bons que tiverem (certamente terão) de onde virão, juntamente com os menos bons que lá forem parar por factor C?

Instalações: as privadas têm melhor reputação, mas nem sempre a fama corresponde à realidade. Em Lisboa, por ex, no Colégio Alemão o pré-escolar e o 1º ciclo funcionam em pré-fabricados, sim, daqueles que se criticam no público. No mesmo bairro, em Telheiras, o Jardim de Infância e a escola de 1º Ciclo parecem um luxo em comparação...

Actividades extra-curriculares: as privadas batem as públicas aos pontos, este é o aspecto em que o dinheiro fala mais alto, e na pública ninguém pode pedir 100€ por actividade extra, para pagar a equitação ou o golfe, como na privada. Apesar disso, a oferta das públicas tem vindo a melhorar (ténis, piscina ou BTT já não são excepções).

Gestão: também aqui as privadas têm melhor reputação, pelo menos de pulso mais firme. Embora as leis por que se regem sejam as mesmas, a sua autonomia permite-lhes serem mais exigentes, se bem que o seu principal objectivo seja, obviamente, o lucro. Assim, nem sempre as suas decisões são marcadas por objectivos pedagógicos...

Alunos: esta é a vantagem principal! Numa escola privada dificilmente se encontrarão os alunos de meios socio-económicos desfavorecidos (vulgo porcos, feios e maus), que desestabilizam uma escola pública normal, em maior ou menor número, dependente do local. A selecção faz-se naturalmente pela capacidade de pagar entre 350€ e 500€ mensais, só pelas actividades lectivas, sem alimentação e extras.

Tudo isso vale a possibilidade de conviver com Hortas e Costas, Samapaios e Jardins, que sempre é um investimento mais seguro na educação dos crianços do que um canudo, da maneira como as coisas estão... O factor "selecção de alunos" é marcante e condiciona todos os outros. O resto vem por inércia... Ponham nas Doroteias, Colégios Alemães, Irmãs da Saia Levantada e Frades do Rabo-aos-pulos os zezinhos-povinho e vejam no que dá.

Não seria interessante que fosse obrigatório ao dignatário de um cargo dirigente público ter os seus filhos na escola pública?

Pode ser que amanhã...