quinta-feira, março 29, 2007

Não há palavras caras - Liberdade

Como nova utilizadora deste blog tenho o prazer de me dar as auto-boas vindas e de comunicar o teor dos meus posts que vão passar a ser editados ás quintas e que será... tcharam! Filosofia! Essa minha querida disciplina! Como o nome dos posts indica, não são para gente que queira ver altos palavrões... Para esses temos o baldassare o o Ctrl.Alt.Del. que dão bem conta do recado.
Ora começando, o tema de hoje será a liberdade e o que ela é, para mim...
Hoje em dia este é um dos assuntos mais discutidos em todo o lado, juntamente com os impostos, o Iraque e os saldos da estação Outono-Inverno. Mas é dos temas que não perdem o interesse porque ainda não existe um significado universal. Sempre que se fala nesta tema surge a típica frase: “A liberdade de uns acaba onde começa a dos outros”. Até aqui tudo bem, todos entendem que somos livres para darmos a nossa opinião sobre, por exemplo, o estado da política (de mal a pior), não podemos é impedir uma outra pessoa de dar a sua opinião. Este é o fio condutor que nos traz de volta á verdadeira questão: ” Então o que é a liberdade?”. Se a liberdade consiste em sermos livres para fazermos o que quisermos e, se ao impedir o outro senhor de dar a sua opinião não estamos a respeitar a liberdade, nesse caso a liberdade não existe! Para existir uma liberdade absoluta só podia existir uma única pessoa, e essa sim, seria livre de fazer tudo o que lhe apetecesse sem prejudicar ninguém, simplesmente porque não haveria ninguém para prejudicar! Esta é a verdade, segundo a minha opinião (não quero impedir ninguém de dar a sua!), incómoda sobre a liberdade! Não pode existir liberdade absoluta para ninguém pois existe mais do que uma pessoa no Mundo! Mas isso não é, necessariamente, uma coisa má! Todos precisamos de todos para existirmos! Para que exista liberdade tem que existir pelo menos uma pessoa e, como para existir uma pessoa é necessária a presença de mais pessoas, a liberdade absoluta é inviável! Ninguém pode dizer que é absolutamente livre se tiver mais gente á sua volta.
Em suma, a minha opinião é que a liberdade é um conceito inviável e não existente.
Aqui fica o primeiro post...

quarta-feira, março 28, 2007

A Escola Centrada no Aluno e a Educação mais competitiva

Se se dá maior liberdade aos alunos, como fazer para que eles obtenham bons resultados escolares?
Competitividade. Concorrência. A Escola, se quer ser mais democrática tem de ser, naturalmente, mais competitiva.

1 Como já disse aqui e aqui, sou a favor da escolha de escolas. Se é notório que todas as escolas têm condições diferentes, tem de haver a possibilidade de escolha para os alunos e para as famílias. Dessa maneira, não ficam os dos “bons bairros” com a boa escola e os dos “maus bairros” com a pior escola. E se todos quiserem ir para a mesma escola? Tem de haver um sistema de vagas, onde o critério é o aproveitamento escolar. Prefiro este critério do que o critério do dinheiro que os pais têm... Os alunos são pressionados a ter melhor aproveitamento para poderem escolher a escola que querem. A Escola Pública tem de se basear neste princípio: somos todos iguais, mas temos apetências diferentes, que têm de ser estimuladas.

2 Se existe maior autonomia por parte dos alunos, naturalmente existe maior independência. Se há maior liberdade na gestão do tempo, os alunos tomam consciência que têm de lutar por eles próprios, aproveitando as ajudas dos professores.

3 Sou a favor da redução da carga horária obrigatória e do aumento das horas de apoio, que seriam aulas obrigatórias para os que têm mais dificuldades e facultativas para os outros (ver este texto, ali em baixo). Os alunos que não quisessem de maneira nenhuma ir a estas aulas (para aproveitarem melhor o tempo, para se divertirem, para fazerem o que quisessem), ir-se-iam esforçar para terem bons resultados, a fim de não serem obrigados a ir às aulas de apoio...
Actualmente, o bom aluno não tem recompensa. Ao bom aluno, pelo contrário, exige-se-lhe maior participação, ajudar os colegas, mais trabalho...
Uma Educação Centrada no Aluno premiaria os melhores com menos horas obrigatórias.

Professor generalista, ou a generalização do desastre

As conclusões da Luísa Araújo, hoje no PÚBLICO, a relembrar os factos esquecidos (ignorados?) pelo ME na decisão de avançar para o professor único até ao 6º ano:

"Os dados são inequívocos. Primeiro, não se pode concluir que uma formação generalista contribua para acabar ou sequer mitigar o insucesso escolar. Segundo, vários países com muito melhor desempenho escolar que Portugal, entre eles a Finlândia, privilegiam a especialização tanto por anos de ensino como por disciplinas. Em Portugal, um modelo de formação de professores generalista que mantém o acompanhamento dos alunos por quatro ou seis anos sem delinear uma área de estudos especializada constitui um potencial agravamento do desastre que já é o nosso sistema de ensino."

terça-feira, março 27, 2007

O século das escolhas

Reduzir a carga horária obrigatória e aumentar as horas de apoio, que seriam facultativas para alguns (os bons e médios alunos) e obrigatórias para outros (aqueles que tivessem dificuldades). Esta é a estratégia que deve ser seguida pela Escola. Aumenta a concorrência saudável entre os alunos e cria espaços onde é mais fácil ensinar e aprender.

Mas como criar este sistema?
Se há menos aulas, os professores vão ter de cumprir as horas de trabalho noutras actividades, nomeadamente nas aulas de apoio. Além disso, não há falta de professores... É fácil criar este sistema, hoje, em Portugal.

A Redução da Carga Horária e aumento das Horas de Apoio seria boa para

a) Professores:

Nestas aulas, haveria menos alunos, o que facilitava a transmissão de conhecimentos. Sendo a aula facultativa (para alguns) e obrigatória (para outros, que a considerariam uma ajuda extra), cria-se um ambiente ainda mais descontraído, ou seja, ainda mais fácil de dominar por parte do professor. É por isto que eu digo que a Educação Centrada no Aluno é melhor para os professores. Continuam a haver as aulas normais, embora menos tempo. Criam-se mais aulas de apoio onde tudo é facilitado...
É muito complicado gerir uma turma de 25 alunos. É ainda mais complicado gerir uma turma de 25 alunos que não querem estar na aula!

b) Alunos

Continua a haver as aulas obrigatórias para todos (aulas base), onde não há espaço para esclarecimento de dúvidas nem exercícios. Dá-se a matéria e recomendam-se exercícios para casa.
Quem achar que percebeu a matéria, vai fazer o que quiser.
Para quem quer, de livre vontade, assistir a uma sessão de esclarecimento de dúvidas, resolução de exercícios e apoio ao estudo, vai às aulas extra, onde os professores explicam mais facilmente a matéria (Os encarregados de educação poderiam assinar um papel onde indicam que querem que os seus educandos vão a todas as aulas de apoio, tal como acontece hoje).
Isto dá maior liberdade aos alunos, premeia os bons alunos, ajuda os alunos a perceberem mais facilmente a matéria (porque existem menos alunos para o mesmo professor), reduz as horas para quem quer menos horas e aumenta as horas para quem quer estudar mais... é bom para todos.

c) Sociedade futura

Se educamos uma geração no sentido da escolha, da liberdade e da responsabilidade, teremos uma sociedade com esses valores implementados. Só com uma Educação centrada no Aluno é que podemos ter uma Sociedade centrada no Indivíduo.
Porque o século XXI será o século das escolhas.


segunda-feira, março 26, 2007

A vocação fúnebre das políticas educativas

Da coluna de opinião de Santana Castilho, hoje no PÚBLICO ("A vocação fúnebre das políticas educativas"):

"4. Os veredictos dos tribunais portugueses têm exposto a má qualidade das decisões políticas dos governantes da 5 de Outubro: conto, salvo erro, 10 condenações relativas aos exames de Física e Química, 3 no que respeita a falta de pagamento de aulas de substituição e despachos revogados, por ilícitos. A relativa passividade dos media dá que pensar. A displicência e o silêncio sepulcral dos visados não surpreendem.
(...)
6. Mais um anúncio e mais uma iniciativa inédita: vão ser gastos 940 milhões de euros na recuperação de escolas ao longo dos próximos nove anos; segundo o porta-voz do Ministério da Educação, um dos instrumentos de financiamento será, e passo a citar, "o aluguer de espaços para casamentos e baptizados" e "para torneios de solteiros e casados". Esqueceram-se de considerar o aluguer para velar mortos e discriminaram os divorciados nos torneios de salão. Depois da anulação do défice, é provável que ainda sobre algum Portugal, algumas escolas, algumas maternidades, algumas urgências hospitalares, alguns apeadeiros de caminhos-de-ferro, algumas estações de correio, algumas aldeias do interior e, obviamente, 54 governantes com os seus 500 assessores e adjuntos, 137 secretárias, 128 motoristas e 280 auxiliares administrativos."

Verdi - Traviata - Choeur Bohémiens

sábado, março 24, 2007

sexta-feira, março 23, 2007

O bom exemplo de Torres Vedras

Mas afinal, o quem é o bom exemplo de Torres Vedras???
Nem mais nem menos que a minha turma(e do baldassare). Ontem, dia mundial da água a minha turma, no âmbito da disciplina de Geografia A, foi assistir a uma palestra de três técnicas dos SMASTV,a falar sobre a água e a sua importâcia, assim como jogos interactivos, e tivemos a assistir e a filmar, imaginem só... a SIC e a fotografar o fotógrafo do Boletim Municipal de T.V.
A notícia
O video

Petição - Filosofia

Está aberto desde 1 de Março de 2007 o período de subscrição pública de uma Petição dirigida à Senhora Ministra da Educação que tem como objecto a reintrodução do exame final nacional de Filosofia (10.º/11.º anos) e o alargamento da oferta da disciplina de Filosofia A, do 12.º ano, a todos os Cursos Científico-Humanísticos do Ensino Secundário:

"Assim, vêm por este meio os subscritores deste documento solicitar
Vossa Excelência:
  1. que reintroduza nos Cursos Científico-Humanísticos de nível secundário de educação o exame final nacional de Filosofia (10.º/11.º anos), simultaneamente para efeitos de aprovação e de ingresso no Ensino Superior nos cursos que o requeiram;
  2. que integre a disciplina de Filosofia A como opção, da componente de formação específica, em todos os Cursos Científico-Humanísticos de nível secundário de educação."

quarta-feira, março 21, 2007

Dia Mundia da Poesia

PEREGRINO E HÓSPEDE SOBRE A TERRA

Meu único país é sempre onde estou bem
é onde pago o bem com sofrimento
é onde num momento tudo tenho
O meu país agora são os mesmos campos verdes
que no outono vi tristes e desolados
e onde nem me pedem passaporte
pois neles nasci e morro a cada instante
que a paz não é palavra para mim
O malmequer a erva o pessegueiro em flor
asseguram o mínimo de dor indispensável
a quem na felicidade que tivesse
veria uma reforma e um insulto
A vida recomeça e o sol brilha
a tudo isto chamam primavera
mas nada disto cabe numa só palavra
abstracta quando tudo é tão concreto e vário
O meu país são todos os amigos
que conquisto e que perco a cada instante
Os meus amigos são os mais recentes
os dos demais países os que mal conheço e
tenho de abandonar porque me vou embora
pois eu nunca estou bem aonde estou
nem mesmo estou sequer aonde estou
Eu não sou muito grande nasci numa aldeia
mas o país que tinha já de si pequeno
fizeram-no pequeno para mim
os donos das pessoas e das terras
os vendilhões das almas no templo do mundo
Sou donde estou e só sou português
por ter em portugal olhado a luz pela primeira vez

Ruy Belo, País Possível; Editorial Presença, p 51, 2ª edição, Julho 1998

A Educação centrada no Aluno e a Democracia

Como é que se pode ensinar a Democracia? Sendo a democracia, mais do que uma maneira de escolher governantes, uma maneira de estar na vida que implica a liberdade de pensamento, de expressão e a convivência de diferentes valores e ideais, como ensinar a Democracia? Ensinar a Democracia não parece um pouco contraditório?
Parece e é, a não ser que se respeitem sempre os valores dos alunos.
Tem de se dar a escolher aos alunos modos de vida, formas de pensar e de organizar o mundo, para que eles possam escolher a vida que querem levar. Explicar, dialogar e deixar o aluno escolher faz parte da educação para a democracia e para o respeito pelos outros.

A Democracia pressupõe que todos são iguais. Quanto mais hierarquia houver dentro da Escola, mais hierarquia vai ser criada fora dela, no futuro.
Uma escola centrada no Aluno é uma Escola onde há menos ambiente de caserna (onde o respeitinho e a hierarquia são a relação pedagógica natural) e mais ambiente de trabalho, onde o objectivo é a transmissão e assimilação de conhecimentos. Consequências? Uma sociedade mais democrática e menos hierarquizada.

A Escola tem de garantir o acesso para todos. Esse é o princípio fundamental de uma escola democrática. No entanto, todos sabemos que as condições das escolas são bem diferentes umas das outras. Quer a nível físico (salas com melhores condições, pavilhões gimnodesportivos, computadores, espaços exteriores etc...), quer a nível humano (qualidade dos professores), existem inegáveis diferenças. Como resolver as diferenças (visto que existem), numa solução o mais justa possível? Dando liberdade às famílias e aos alunos para escolherem qual a escola que querem frequentar, num sistema de vagas, baseado no aproveitamento escolar do aluno (caso necessário). Entre o critério ser o bairro onde se vive (e consequentemente o dinheiro que os pais têm) e ser a qualidade do aluno, prefiro a última (ler mais neste post). Para se ensinar a democracia tem de haver contacto com diferentes estratos sociais, diferentes personalidades e até com alunos de diferentes terras. Por isso é que eu acho que a Escola Pública é a melhor maneira de formar futuros cidadãos democráticos. Porque se a Escola não acreditar na democracia, quem acreditará?(Falarei deste assunto da escolha de escolas no próximo post, sobre a Escola competitiva.)

terça-feira, março 20, 2007

Pergunta da Semana

"Politicamente correcto" será a expressão mais politicamente incorrecta que existe?

Educação centrada no Aluno e a Cidadania

Como é que a Educação centrada no Aluno é uma educação para a Cidadania?

1. Para a Escola ter como centro o Aluno, tem de haver necessariamente uma Formação Cívica real, onde se ensina o que é a liberdade, como a usar e quais as consequências dos abusos da liberdade. Neste último aspecto caberia obviamente o “Espaço Direcção de Turma”, indispensável ao bom funcionamento da Turma. No entanto, este espaço para os assuntos DT deveria ser um pormenor, no meio de toda a Educação Cívica feita em FC. Isto não é nada de novo... é esse o objectivo da FC, mas não é essa a realidade. Porquê? Porque os professores que dão FC não são formados nessa área... são professores directores de turma, que chegam ali e não sabem o que fazer. Ver mais aqui e aqui

2. O principal objectivo da Escola é (talvez até mais do que a transmissão de conhecimentos) a formação de futuros cidadãos. Uma escola onde o aluno teria mais liberdades e mais responsabilidades iria formar cidadãos mais livres e responsáveis. Se queremos cidadãos, cidadãos a sério, este é o único caminho a seguir pela Escola do século XXI.

3. Ser aluno é evoluir, e os alunos evoluem a níveis diferentes. Cidadania é também o respeito pelos que andam a velocidades diferentes. Tem de haver alguma adaptação do que se ensina e (sobretudo) de como se ensina para diferentes alunos. Não que se façam turmas de bons alunos e turmas de maus alunos, mas que se reduza a carga horária geral e se crie horas extra para os piores alunos (tal como se faz hoje, mas sem sobrecarregar ainda mais os que já não suportam a carga que têm...). Aulas obrigatórias, menos. Aulas de apoio (obrigatórias para alguns, com o consentimento das famílias; facultativas para outros), mais.

4. Já defendo há muito que a Escola devia emprestar os manuais durante um ano. No final do ano, quem tivesse estimado os livros devolvia-os para que outros os pudessem adquirir. Se tivesse estragado o manual, ou simplesmente quisesse guardar o manual, pagava à Escola o seu custo. Isto é ensinar aos alunos a estimarem o que não é deles, o que é de todos. Se quiserem, estimam e ficam a ganhar... se não quiserem, ninguém os censura (a não ser os pais)... pois que paguem! Quem ainda não percebeu que isto é educação para a Cidadania, insistindo na liberdade e nas consequências dos maus actos, leia isto (um dos meus primeiros posts na ECdR. Especial atenção ao terceiro ponto)

5. Se é dada maior liberdade aos alunos, as consequências dos abusos deveriam ser, obviamente, penalizadas. Disciplina e autoridade são compatíveis com a Educação centrada no Aluno. Cabe aos conselhos Executivos (que, como o nome indica, devem fazer aplicar as leis e castigar os que não as cumprem) encontrar penalizações o mais “civilizantes” possíveis. Mais liberdade, mais opções. Se mesmo assim, alguns alunos abusarem, escolhendo opções que não estão compreendidas na lista das possíveis, devem ser chamados à atenção e repreendidos. Porque cidadania implica responsabilidade.

segunda-feira, março 19, 2007

Educação centrada no Aluno.

A Educação centrada no Aluno é uma educação que visa:

- A Educação para a Cidadania.
- A Educação para a Democracia.
- A Educação mais competitiva
- A Educação para o respeito (mútuo).

Durante esta semana (e talvez a próxima, se não houver tempo...) falarei de cada um destes aspectos, integrados na Educação centrada no Aluno.

(já agora... andei a remexer nos meus posts antigos e criei um label com todos os meus posts sobre a Educação centrada no Aluno, para ser mais fácil preceber o que eu penso sobre este assunto.)

Citação da Semana

"A inteligência não ensina a aprender muitas coisas"

Heráclito in
"Citado em Diógenes Laércio, Vidas dos Filósofos, Heráclito"
Via Citador

domingo, março 18, 2007

A DEVIDA COMÉDIA, de Miguel Carvalho

Em flagrante violação dos direitos de autor, mas a necessitar de divulgação, o artigo de opinião de Miguel Carvalho, na Visão.

A DEVIDA COMÉDIA

Miguel Carvalho

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Um dia destes, vão ser os paizinhos a ir parar ao hospital com um pontapé e um murro das criancinhas no olho esquerdo

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Criancinhas

A criancinha quer Playstation. A gente dá.

A criancinha quer estrangular o gato. A gente deixa.

A criancinha berra porque não quer comer a sopa. A gente elimina-a da ementa e acaba tudo em festim de chocolate.

A criancinha quer bife e batatas fritas. Hambúrgueres muitos. Pizzas, umas tantas. Coca-Colas, às litradas. A gente olha para o lado e ela incha.

A criancinha quer camisola adidas e ténis nike. A gente dá porque a criancinha tem tanto direito como os colegas da escola e é perigoso ser diferente.

A criancinha quer ficar a ver televisão até tarde. A gente senta-a ao nosso lado no sofá e passa-lhe o comando.

A criancinha desata num berreiro no restaurante. A gente faz de conta e o berreiro continua.

Entretanto, a criancinha cresce. Faz-se projecto de homem ou mulher.

Desperta.

É então que a criancinha, já mais crescida, começa a pedir mesada, semanada, diária. E gasta metade do orçamento familiar em saídas, roupa da moda, jantares e bares.

A criancinha já estuda. Às vezes passa de ano, outras nem por isso.. Mas não se pode pressioná-la porque ela já tem uma vida stressante, de convívio em convívio e de noitada em noitada.

A criancinha cresce a ver Morangos com Açúcar, cheia de pinta e tal, e torna-se mais exigente com os papás. Agora, já não lhe basta que eles estejam por perto. Convém que se comecem a chegar à frente na mota, no popó e numas férias à maneira.

A criancinha, entregue aos seus desejos e sem referências, inicia o processo de independência meramente informal. A rebeldia é de trazer por casa. Responde torto aos papás, põe a avó em sentido, suja e não lava, come e não limpa, desarruma e não arruma, as tarefas domésticas são «uma seca».

Um dia, na escola, o professor dá-lhe um berro, tenta em cinco minutos pôr nos eixos a criancinha que os papás abandonaram à sua sorte, mimo e umbiguismo. A criancinha, já crescidinha, fica traumatizada. Sente-se vítima de violência verbal e etc e tal. Em casa, faz queixinhas, lamenta-se, chora. Os papás, arrepiados com a violência sobre as criancinhas de que a televisão fala e na dúvida entre a conta de um eventual psiquiatra e o derreter do ordenado em folias de hipermercado, correm para a escola e espetam duas bofetadas bem dadas no professor «que não tem nada que se armar em paizinho, pois quem sabe do meu filho sou eu».

A criancinha cresce. Cresce e cresce. Aos 30 anos, ainda será criancinha, continuará a viver na casa dos papás, a levar a gorda fatia do salário deles. Provavelmente, não terá um emprego. «Mas ao menos não anda para aí a fazer porcarias».

Não é este um fiel retrato da realidade dos bairros sociais, das escolas em zonas problemáticas, das famílias no fio da navalha? Pois não, bem sei. Estou apenas a antecipar-me. Um dia destes, vão ser os paizinhos a ir parar ao hospital com um pontapé e um murro das criancinhas no olho esquerdo. E então teremos muitos congressos e debates para nos entretermos.

Porque hoje é domingo - Jamie Oliver's Chicken Nuggets

sexta-feira, março 16, 2007

Educação para a Liberdade

Resposta ao post do Ctrl.Alt.Del:

A educação centrada no aluno nunca foi, até hoje, praticada no ensino público em Portugal.

A escola tem de ser também "escola da vida", "escola da responsabilidade" e "escola da cidadania".
Uma educação centrada no professor ou no conhecimento é uma educação que ensina a matéria programada, que educa no sentido da submissão e da hierarquia injustificada. Não faz nada pela liberdade (antes, oprime-a) nem pela responsabilidade (porque se não se dá liberdade, não se pode pedir responsabilidades).

Mesmo que, para alguns alunos, o sistema do aluno como centro da Escola seja pior (porque não conseguem lidar com a sua liberdade e assumir as suas responsabilidades), isso não é razão para educarmos toda uma geração, ou várias gerações, no sentido da desresponsabilização.
'Deixem os alunos serem alunos!'. Mas ser aluno não é aprender e evoluir? Deixar os alunos ser alunos é dar-lhes espaço para errarem e aprenderem (ou não) com os seus erros.

Os professores devem continuar a ter poder nos conselhos executivos e nas DREs para fazer leis que criem uma educação centrada no aluno (que é melhor para os professores...).
Dentro de uma sala de aula, deverão ter Autoridade na relação pedagógica mutualista com os alunos. O único "poder" dos professores dentro da sala de aula devia ser o de mandar para a rua o aluno que está a perturbar a aula.
Fora da sala de aula, quem deve ter "poder" para disciplinar o aluno deve ser o Conselho Executivo.

A Escola centrada no aluno é a única via para uma sociedade mais liberal e democrática, onde cada um é o responsável de si mesmo.O problema é que todas as previsões apontam para o regresso das sociedades totalitárias e antidemocráticas. É uma tendência que está presente em todo o mundo. As ditaduras do século XXI serão "ditaduras da segurança". O medo será o instrumento para o regresso de velhas ideologias. O medo dos terroristas, o medo dos imigrantes, o medo dos alunos que atacam os professores. A escola é a primeira a demonstrar isso, e a educar a nova geração para os regimes que aí vêm... quanto a mim, continuarei a defender a liberdade e a educação para a liberdade.

Amigas 4ever

Aqui está uma ideia "lamechas", mas não má de todo, de algo para dedicar às nossas amigas do peito...

...Será o próximo 'hit' de Verão??? Quem sabe...
Para fazer o download do single carrega com o botão direito do rato sobre o seguinte link e carrega em "guardar destino como..." - amigas4ever

Bate, que é professor!

Artigo de opinião de Carlos Fiolhais, hoje no PÚBLICO, para ler (quase) na íntegra:

Bate, que é professor!
16.03.2007, Carlos Fiolhais, PÚBLICO
Já que os sindicatos o não fazem, não haverá ninguém que defenda os professores?
Quando um tema chega aos humoristas é, geralmente, porque não tem piada nenhuma. É o caso da violência de que têm sido vítimas alguns professores portugueses, que foi glosada por Ricardo Araújo Pereira numa crónica na Visão com o título "Escolas S+M" (Escolas Sade e Masoch). E os "gatos fedorentos" já propuseram sarcasticamente que se contratassem ciganos para professores.
(...)
Afinal quem manda na escola? Os professores portugueses cada vez menos. Eles têm sido bastante maltratados. Não é apenas a violência física, por parte de alunos ou dos seus pais, mas também a violência, mais subtil, que consiste na progressiva retirada do poder que detinham. As duas poderão até estar relacionadas.

Em primeiro lugar, o poder tem sido retirado aos professores pelas pseudopedagogias não directivas que têm presidido à educação nacional. Na linguagem rebuscada que entre nós ficou conhecida por "eduquês", essas correntes falam de "ensino centrado no aluno". Essa ideia não é nossa e está longe de ser inovadora, pois a "escola nova" é bastante velha: já o pedagogo suíço Édouard Claparède escrevia nos anos 30 do século passado que "a concepção funcional da educação e do ensino consiste em tomar a criança como o centro dos programas e dos métodos escolares". E não tem dado bons resultados, porque é uma ideia absurda. Faz parte da essência da escola - a instituição que a sociedade inventou há séculos para preparar as crianças e os jovens para a vida - que os professores ensinem e que os alunos aprendam. O professor sempre foi o centro da escola no sentido em que ele é que ensinava - um verbo agora proibido -, ao passo que os alunos aprendiam - um verbo agora pouco praticado. O aparecimento da "escola para todos" em finais do século XIX (que em Portugal demorou muito a chegar e que, infelizmente, ainda demora, com a tragédia do abandono escolar) colocou o professor ainda mais no centro da escola. A expressão "ensino centrado no aluno" ficou completamente excêntrica, até porque a sala de aula não pode ter numerosos centros.

Mas há uma outra forma de retirar poder aos professores, que, ao contrário da pedagogia que fala "eduquês", é uma invenção nacional recente. Trata-se da ideia perigosa de que os pais dos alunos devem avaliar os professores. Quando ela foi desmentida, já se tinha espalhado... Aqui o conceito é mesmo novo, pois não tem antecedentes na história da educação, nem há nada parecido noutros sistemas de ensino. O ensino, em vez de ser centrado no aluno, passaria a ser centrado nos pais do aluno. Claro que a ideia não iria dar bons resultados, porque também é absurda. A escola é a instituição na qual a sociedade e as famílias decidiram delegar parte da sua autoridade na educação das crianças e dos jovens. É bom que a escolham. Mas têm de confiar na escola, o que significa em primeira linha confiar nos professores. Os pais não têm a capacidade nem a independência para julgar os professores. A ameaça da avaliação dos professores pelos pais não passa de uma forma de populismo que, apesar de instrumentalmente útil na luta do poder político contra os sindicatos, pode ter graves consequências a prazo. Com as agressões de pais a professores, essas consequências podem estar à vista...

Curiosamente, os sindicatos dos professores têm estado irmanados com o sistema educativo vigente há décadas, ao falarem "eduquês" e ao defenderem a centralidade do aluno. Já que os sindicatos o não fazem, não haverá ninguém que defenda os professores?
Professor universitário - tcarlos@teor.fis.uc.pt

quinta-feira, março 15, 2007

Mas alguém ficou realmente surpreendido?

"Inquérito aos alunos da Universidade de Lisboa mostra que a selectividade social no ingresso faz-se sentir mais em certos cursos, como Medicina e Belas-Artes (PÚBLICO, 15.03.2007)

Apesar da democratização do ensino superior nos últimos anos, o acesso à faculdade continua a estar condicionado por factores extra-escolares, como as habilitações académicas, os rendimentos e a ocupação dos pais.
Esta foi uma das conclusões a que chegaram Ana Nunes de Almeida e Maria Manuel Vieira, a partir de um estudo sobre o retrato social dos estudantes inscritos no 1.º ano de cada um dos cursos das sete faculdades da Universidade de Lisboa (UL), em 2003/2004. A tal ponto que é mesmo possível afirmar-se que "os mecanismos de reprodução de posições de privilégio ou desfavor entre gerações funcionam implacavelmente no sistema de ensino português". (...)
A ocupação profissional dos progenitores é outra variável determinante. Em 2003/2004, dois terços dos novos alunos eram oriundos de "agregados familiares detentores de elevados recursos técnico-profissionais". Os filhos de "operários e artífices" e de "trabalhadores não qualificados" representavam 17 por cento. Estudos anteriores demonstraram que esta proporção se agrava ao longo da faculdade, com as classes mais elevadas a ganharem peso entre os que concluem o curso e as restantes a diminuírem. "O que parece indicar selectividade social dos fenómenos de insucesso e abandono escolar no interior do próprio ensino superior", lê-se no estudo, que será debatido amanhã na reitoria da Universidade de Lisboa."

quarta-feira, março 14, 2007

There's no business like school business...


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("O ministério quer ainda valorizar o uso das secundárias, criando "áreas de negócio como lojas de conveniência para estudantes e aluguer de pavilhões para baptizados", exemplos destacados hoje pela ministra que possam permitir aumentar as verbas para a manutenção dos edifícios.")

Mas que programas é que a ministra anda a ver e em que companhias?!


Agostinho da Silva e a educação centrada no aluno:


Aconcelho todos a lerem este artigo de Helena M. Briosa e Mota, referente ao conceito de educação de Agostinho da Silva (em especial o ponto 2.2): Cidadania e Educação: sonho e realidades
Também o artigo de Natércia Belo, Agostinho da Silva: a pedagogia da razão. Deste último gostaria de destacar:

"Podemos ler em “Educação de Portugal”: “A primeira tarefa essencial que existe para todos os portugueses não é a de política; ela seguirá, nos próximos tempos, rumos em que pouco poderemos influir (…) o grande trabalho, o tal imenso desafio que se nos apresenta é o de educar o povo, insistindo em que educar não é levar ninguém a ser isto ou aquilo, não é tentar influir de qualquer modo em sua orientação futura, mas dar meios de expressão à sua capacidade criadora e de comunicação, quer ela se exerça lendo e escrevendo quer manualmente num ofício, e sem que se separe uma actividade da outra.
Criou deste modo, o primeiro princípio de um verdadeiro ensino: o de que nada pode ser ensinado por imposição; o de que, um professor não é um capataz mas um auxiliar e um guia cuja função é sugerir e não impor. Na verdade, ele não educa a inteligência do aluno; limita-se a mostrar a forma de aperfeiçoar os seus instrumentos de conhecimento, encorajando o instruendo ao longo da sua aprendizagem e desenvolvimento. Transmite conhecimentos mas, mais importante do que isso, mostra como adquiri-los."

(os negritos foram acrescentados por mim)

Créditos à Associação Agostinho da Silva.

Viabilidade nula do Curso de Línguas e Literaturas no Secundário, ou o cão coça a sua sarna

Enquanto por aqui e por ali as pulgas discutem quem manda no cão, e com que autoridade e poder, o cão vai coçando a sua sarna, indiferente aos idealismos alheios...

Via Paulo Guinote, acabo de saber que o Grupo de Avaliação e Acompanhamento da Implementação da Reforma do Ensino Secundário (GAAIRES) - uma equipa encomendada pela ministra aos seus colegas do ISCTE, divulga as suas recomendações à Nação. Embrulhado num discurso burocrático de secretaria, ponderando à mesa do café os pós e os contras de cenários de imperial e tremoços, lá surge a recomendação:

"VIABILIDADE DO CURSO DE LÍNGUAS E LITERATURAS
Considerando que:
• o Curso de Línguas e Literaturas oferece uma formação precocemente especializada e conducente a um reduzido leque de opções no prosseguimento de estudos;
• não existe margem significativa para enriquecer o plano de estudos do curso de Línguas e Literaturas com a presente matriz dos Cursos Científico-humanísticos,
recomenda-se a extinção do Curso de Línguas e Literaturas e a integração das disciplinas específicas deste curso no leque de optativas bienais e anuais do Curso de Ciências Sociais e Humanas." (p. 34).

Será que, como sugere Paulo Guinote, isto não é para levar a sério, ou vem aí razão de susto? O que acha a ministra deste relatório? Será a despedida em definitivo do Latim, enterrado em disciplina de opção no meio de muitas outras, potencialmente mais fáceis ou atractivas? Teremos que nos preparar para outra batalha, desta vez pelo Latim?

terça-feira, março 13, 2007

Por uma educação politicamente correcta II

Disse Range-O-Dente neste contexto:

«
A Escola centrada no aluno? "Disparate! Tretas!", diz você.
Nunca disse tal coisa, como acima demonstrei.
Mas repare: uma educação com foco no aluno, seria uma Educação em que se adapta o que se ensina e como se ensina ao ponto mais individual possível. Seria uma educação que iniciava desde cedo a educação para a cidadania e para a democracia, dando mais liberdade ao aluno. E claro, se se dá mais liberdade, os alunos têm de ser responsabilizados pelos seus actos. Uma escola baseada no aluno seria uma escola onde, naturalmente, os professores tinham mais autoridade (e menos "poder" absoluto).
Mais palavreado politicamente correcto. O que você propõe é uma colecção de absurdos. No limite, você corre o risco de acabar propondo que os alunos só aprendam o que lhes apetecer.
Você continua engasgado com a questão do poder. É um problema que você terá que resolver com a sua cabeça.
Só se nos focarmos no receptor da mensagem é que podemos fazer com que o conhecimento lá chegue melhor.
Você, mais acima, escreveu: “... ignorando os interesses, deveres e direitos de alunos e professores, desde que a mensagem seja bem dada.

Não lhe parece estar a dar uma no cravo e outra na ferradura? E você continua a esquecer-se dos deveres de todos. A responsabilidade de cada um.
E qual é o papel do aluno? Mero microfone desligado? Experimente escrever a coisa de outra forma: “Só quando o aluno se focar na mensagem que lhe é transmitida poderá chegar ao conhecimento”.
Está a ver? Você continua na senda da desresponsabilização do aluno.
Você, em boa verdade, é que centra a coisa no papel do professor. Então e o aluno não é gente? Não assume as suas responsabilidades (tento em atenção as respectivas idades, já se vê)? Nunca mais assume a sua responsabilidade? Nunca mais se percebe que se tem, paulatina e sistematicamente, vindo a desresponsabilizar o aluno de todo o processo? E como quer você, por essa via, que ele chegue à lenga-lenga da cidadania?
Volto à história dos 3 pilares: Professor, matéria, aluno. O que você defende é um ensino (?) centrado num aluno voluntariamente amorfo. Depois claro: as cabeças de abóbora são cada vez mais.
Os professores são, a meu ver, um elemento importante no Ensino, mas não são "O Elemento" mais importante do Ensino. A qualidade da mensagem não deveria nunca depender do professor ser bom ou não... nem sequer o professor deve ser um exemplo a seguir pelo aluno(porque nesse caso, há professores que sinceramente...)
O professor deve ser um elemento de ligação entre o programa e o aluno e mais nada.
Isso que você descreve é um computador, não é um professor.
A desierarquização da Escola seria fundamental para que se estabelecesse uma nova relação professor/aluno, mais mutualista e mais propiciadora a um ambiente de trabalho, não de guerrilha.
Não há nova relação a estabelecer, como não há nova roda a inventar. E o ambiente de guerrilha não é gerado por aqueles que você próprio defende deverem ser corridos da sala de aula?
Mas eu percebo a sua teoria. Também é válida.
Depois do que você escreveu, essa frase é um mistério.
Aliás é a que predomina na opinião pública e no ministério, sobretudo com esta conversa velho-do-restelista da desautorização dos professores e do fim dos "bons costumes"...
É bom costume ir-se à escola. Quer abdicar? Se tudo o que se deve aprender é coisa do velho do Restelo, porque aprendeu você a falar e a escrever? E a comer? E a andar?
Contudo, e como já disse, acho que a Escola do século XXI devia ser uma escola mais democrática e mais aberta, ou se quiser, mais politicamente correcta.
O politicamente correcto é puro lixo.
A escola deve ser mais aberta a quem estiver disposto a assumir as suas responsabilidades. E quem não estiver, só tem dois caminhos: ou aprende “seringado” ou terá que saltar fora da carroça.
Você acha que alguém trabalharia se não tivesse que ser? Se não houvesse algum tipo de ameaça/consequência implícita? Em que nuvem vive você?
O que você descreve em relação aos direitos, direitos, direitos, é o parasita.
Quem foi que lhe meteu na cabeça que aprender era assim como quem apanha banhos de sol?
Você vê o aluno como o “coisa” que veio ao mundo, obrigado (não veio de livre vontade), e a quem depois, ainda por cima, querem obrigar a aprender.
O que você procura é um computador, a que você se ligue, e que lhe transfira as matérias para o cérebro.
Meu caro. Se você ainda não percebeu que aprender dá trabalho, é difícil, requer insistência, dedicação de muito tempo (pouca borga), etc, você foi entregue ao planeta errado, na galáxia errada, no universo errado. Mas isso, mais uma vez, é um problema que você terá que resolver consigo próprio: não espete com o seu problema aos costados dos outros. Assuma-o porque, vir ao mundo (a este), implica isso.»

A minha resposta:

«Quando eu disse “... ignorando os interesses, deveres e direitos de alunos e professores, desde que a mensagem seja bem dada.” estava a falar dos que defendem que a escola deve estar centrada na mensagem, o que não é a minha posição.

Eu sou por uma escola focada no aluno.

Eu não sou, como diz, pela desresponsabilização do aluno. Pelo contrário eu sou pela maior autonomia do aluno e maior disciplina caso o aluno abuse da sua liberdade: A isto chama-se responsabilização. A isto chama-se Educação para a cidadania.

O sistema actual é um sistema onde o aluno é educado ao "respeitinho" (essa autêntica instituição nacional), não ao diálogo e á democracia (que palavras tão politicamente correctas!).

O ambiente de guerrilha é fomentado por alunos e professores. Isto aqui não é uma "luta de classes". Eu não estou a defender os alunos ou a atacar os professores. Estou-lhe a apresentar um modelo de educação diferente que, a meu ver, seria melhor, e a seu ver seria pior. O ambiente de guerrilha nas salas de aula (ou campo minado, como quiser), é reflexo da relação professor/aluno que é (manifestamente) má. Você e a ministra acham que o professor devia ter mais poder, eu acho que o professor deve ter mais autoridade para expulsar o aluno da aula e prosseguir a lição com os alunos que querem realmente aprender e que estavam a ser prejudicados por uma minoria (e agora, fui politicamente incorrecto?).

Mas, como já disse, percebo a sua teoria. Compreendo-a, não a partilho. Qual delas a melhor? Não sei, só sei é que isto (a escola) até agora não tem estado a resultar lá muito bem...
A perda de autoridade por parte do professor e o fim dos bons costumes é uma conversa falsa! Nunca, desde o 25 de abril, os professores tiveram tanto poder. Se calhar a culpa é dos alunos, que são insolentes, e os professores são obrigados a mostrar o seu poder. Ou se calhar é o sistema que está mal...

"A escola deve ser mais aberta a quem estiver disposto a assumir as suas responsabilidades." Eu defendo uma escola com mais responsabilidades para os alunos. E defendo, obviamente, o ensino obrigatório até (pelo menos) ao 9ºano! E defendo planos especiais para alunos que não estão a conseguir o 9º ("uma educação com foco no aluno, seria uma Educação em que se adapta o que se ensina e como se ensina ao ponto mais individual possível.").

Quando se disse que se ia acabar com a disciplina física nas aulas também houve quem dissesse "e agora, como é que os alunos vão aprender sem ser à porrada!? Em que mundo é que vives?!?" . As revoluções levam sempre tempo a entrar nas cabeças.

E sabe, o século XIX teve as suas doenças (tuberculose...), o seu tipo de sociedade (a belle epoque) e o seu tipo de Educação (Dura, disciplinada).
Depois, veio o século XX, com novas doenças (Sida, malária etc...), novas sociedades (comunismo, social-democracia, capitalismo) e uma nova Educação.
O século XXI também será um século com as suas próprias doenças (H5N1 e outras que virão), a sua próprea sociedade (mais liberal, espero) e a sua própria Educação, que, tal como a sociedade, espero vir a ser mais liberal e democrática. Mais arriscada e elitista, quer queiramos quer não. Talvez eu esteja totalmente errado e a Educação fique na mesma (no mesmo planeta, se quiser) ou mude para uma educação ainda mais autoritária. Não sei. Ninguém sabe. Mas foi daí que nasceu a Educação Cor-de-Rosa, que pretende, pelos menos da minha parte, ver se a Escola muda para um lado ou para o outro, neste início de século XXI.
De qualquer maneira, quero dizer que estou a apreciar este debate consigo, que me dá uma outra perspectiva do que poderá vir a ser a Educação do século XXI.»

segunda-feira, março 12, 2007

Por uma escola politicamente correcta.

Disse Range-O-Dente em resposta ao meu artigo "Ministra Fala à Nação":

«“Não percebo a "relação pedagógica de poder e autoridade"... "Poder" para quê? Não basta aos professores Autoridade? A autoridade é essencial, mas a autoridade é conseguida pelo respeito, pela postura e pela maneira de dar aulas... não pelo "poder", como no tempo do fascismo!”
Não meta aqui o fascismo porque isso não tem pés nem cabeça. Qualquer democracia só funciona se houver autoridade e poder. Não discricionário, mas poder, não há que ter receio das palavras.
Não me surpreende que não o não perceba porque o Ministério da Educação é um poço de contradições insanáveis.
A verdade é que autoridade e poder são, para efeitos práticos, uma e a mesma coisa.
Essa história da autoridade ser conseguida pelo respeito, pela postura e pela maneira de dar aulas não faz sentido algum. É um absurdo.
O professor não é suposto ser polícia, ou educador de chicote. Não é suposto ser domador de leões.
É suposto que o professor seja uma referência face ao que lecciona, e cabe aos alunos conquistarem o respeito do professor em função do seu (dos alunos) desempenho nas aulas, não o contrário. Há que haver conquista de respeito de ambos os lados. O primeiro ganha respeito, face aos alunos, pelo que ensina, os segundos, face ao professor, pelo que aprendem. Tudo o resto não passa de um exercício de politicamente correcto.
Não é da responsabilidade absoluta dos professores que os alunos não aprendam. Eu percebo que estas palavras lhe soem a heresia, mas essa surpresa é resultado da suprema aberração resultante da adesão do Ministério da Educação às ciências da educação. Aliás, isso percebe-se das suas palavras quando diz que “Assim, só se prejudicam a si próprios...”.
Só faz sentido falar de autoridade se ela implicar poder, de outra forma anda-se a prégar no deserto – a realidade actual.
Experimente dar um pontapé nas canelas, ou passar, conduzindo, um sinal vermelho junto de um agente da autoridade e vai ver se ele não exerce a autoridade e o poder. Então que queria? Quem tem autoridade não tendo poder não tem autoridade alguma porque qualquer cabeça de abóbora a pode pôr impunemente em causa, justamente aqueles que insistem em prejudicar-se (problema deles) e aos outros.
“Sempre achei uma hipocrisia os professores nunca mandarem para a rua porque é mal visto entre os outros professores, ou só porque é preciso preencher o "relatório".”
Pois é. Muita autoridade mas nenhum poder. O poder está disseminado pelo corpo docente e pelas milhentas posturas legais enfim, toda a tralha que, se realmente praticada, provocaria a paralisia da escola. Demorou-se dezenas de anos a perceber isso e não estou certo que, as medidas anunciadas signifiquem que as luminárias do ministério tenham finalmente percebido algo.»

Digo eu:

Temos claramente posições diferentes do que deve ser a Escola.

A escola pode ser sustentada em um de três pilares: o professor, o conhecimento ou o aluno.
Ou nos focamos no mensageiro, ou na mensagem ou no receptor. Você, claramente, é um defensor da escola focada no professor. Compreendo. Para si, a mensagem só é boa e o aluno só a recebe bem se o professor tiver poder e autoridade, e se as decisões relativas à escola tiverem como foco os interesses do professor (que, vão beneficiar consequentemente a mensagem e o aluno).

Quem defende que a Escola deve-se focar no conhecimento, sustenta que as Leis da Escola devem ser sempre no sentido de se passar bem a mensagem, ignorando os interesses, deveres e direitos de alunos e professores, desde que a mensagem seja bem dada.

Há ainda os que, como eu, defendem que a escola devia estar focada nos alunos. A Escola devia fazer o máximo para proporcionar um bom presente e um bom futuro aos alunos. Os alunos são a Escola, na medida em que, sem eles, não haveria Escola. Sendo os alunos os utentes do serviço Escola, devem ser eles os principais considerados nas decisões relativas às Leis da Escola. (não defendo, como já me acusaram de defender, que os alunos deviam mandar na escola... eu só peço que sejam eles os primeiros a ser considerados nas decisões!)

A Escola centrada no aluno? "Disparate! Tretas!", diz você.
Mas repare: uma educação com foco no aluno, seria uma Educação em que se adapta o que se ensina e como se ensina ao ponto mais individual possível. Seria uma educação que iniciava desde cedo a educação para a cidadania e para a democracia, dando mais liberdade ao aluno. E claro, se se dá mais liberdade, os alunos têm de ser responsabilizados pelos seus actos. Uma escola baseada no aluno seria uma escola onde, naturalmente, os professores tinham mais autoridade (e menos "poder" absoluto).

Só se nos focarmos no receptor da mensagem é que podemos fazer com que o conhecimento lá chegue melhor. Os professores são, a meu ver, um elemento importante no Ensino, mas não são "O Elemento" mais importante do Ensino. A qualidade da mensagem não deveria nunca depender do professor ser bom ou não... nem sequer o professor deve ser um exemplo a seguir pelo aluno(porque nesse caso, há professores que sinceramente...)
O professor deve ser um elemento de ligação entre o programa e o aluno e mais nada.

A desierarquização da Escola seria fundamental para que se estabelecesse uma nova relação professor/aluno, mais mutualista e mais propiciadora a um ambiente de trabalho, não de guerrilha.

Mas eu percebo a sua teoria. Também é válida. Aliás é a que perdomina na opinião pública e no ministério, sobretudo com esta conversa velho-do-restelista da desautorização dos professores e do fim dos "bons costumes"...

Contudo, e como já disse, acho que a Escola do século XXI devia ser uma escola mais democrática e mais aberta, ou se quiser, mais politicamente correcta.

Pergunta da Semana

(excepcionalmente à Segunda-Feira)

A Escola é uma instituição democrática?

domingo, março 11, 2007

Ainda bem que há professores, chiça!








Resposta a este post do Range-O-Dente (ver Chico-Esperto e este comment para perceber do que é que estemos a falar):

«"A teoria de que tudo é relativo não é minha nem de ninguém."
Pois a sua já vi que não é... agora que "não é a de ninguém"??? então, é impressão minha ou o seu comment no Blasfémias era precisamente num post que abordava a polémica do relativismo. Se bem se lembra, o nome do post no blasfémias era "O relativismo favorece o erro intelectual". Esse post atacava a posição de daniel oliveira e da suposta "extrema esquerda" nessa matéria.
Foi nesse contexto que surgiu o seu comentário e foi nesse contexto que eu o critiquei. Não estava na sala de aulas (esse campo minado...) quando você disse isso ao seu aluno.
Pareceu-me incorreto a maneira de abordar a crença "imbecil" do aluno .
"A partir de determinada altura, tem-se vindo a tornar mais e mais aceitável que tudo se possa afirmar"
É claro que tudo se pode afirmar! Estamos, meu caro, em Democracia, em Liberdade de expressão. TUDO SE PODE AFIRMAR. E um professor pode refutar uma afirmação do aluno, mas tem de, de alguma maneira respeitar o aluno, e nisto penso que estamos de acordo.
Quanto à questão de fundo, nem tudo é relativo e nem tudo é absoluto, mas se alguém defender que tudo é absoluto ou que tudo é relativo, tem esse direito.
Neste caso, quem teve uma "postura de referencial absoluto em termos de crenças" foi você! Você é que disse ao seu aluno que a sua crença, e só a sua crença, era plausível, ou melhor, não era imbecil.»

Porque hoje é domingo - Pulp Fiction Animation

sábado, março 10, 2007

O saco de pancada

Ele é a ministra, os pais, os alunos, agora até os funcionários...

Quem é que não agride os professores?

Ficamos a aguardar as notícias que tardam, mas não hão-de falhar:

"professor agride colega por:
  • ter sido preterido no concurso de acesso a titular...
  • ter de fazer (mais) uma aula de substituição...
  • se encontrar em fase de privação de nicotina...
  • ter um penteado à Milu...
  • ter sido mesmo a última gota..."

Em vez de se preocuparem com a incompetência dos professores e com a violência dos alunos, deviam era ter cuidado com os funcionários...

"Funcionária de escola primária morde o próprio lábio para ocultar furto "

"Funcionário da escola Leonardo Coimbra foi suspenso depois de ameaçar colegas, docentes e alunos com um machado"

quarta-feira, março 07, 2007

Nova lei do Tabaco

Não fumo. O fumo, às vezes, incomoda-me.
No entanto, acho que esta nova lei do tabaco abusa do poder do Estado quando diz que não se pode fumar em estabelecimentos de ensino... mesmo ao ar livre!
Sempre defendi que o critério devia ser o do espaço ser aberto ou fechado, e não abro excepções para bares e discotecas... se o espaço não é ao ar livre, o fumo deve ser proibido, para que os que estão na sala não sejam obrigados a fumar passivamente. Também sempre achei que se devia poder fumar em estabelecimentos de ensino e de saúde, desde que isso acontecesse ao ar livre.
Com esta lei, o Estado quer criar um obstáculo ao consumo do tabaco por parte dos alunos. É louvável.
Mas o efeito será, a meu ver, o contrário: quando uma coisa passa a ser proibida é, muitas vezes, mais apetecível aos jovens (e aos adultos...).
Por muito que o estado queira evitar o tabaco na escola, não são medidas proibitivas que vão fazer os alunos deixar de fumar...
Tem que se sensibilizar, mostrar imagens de pulmões com Câncro, pôr o tabaco a 5€ o maço e fazer aulas de Formação Cívica sobre o assunto!
De resto, qualquer tentativa do Estado de controlar os alunos e orientar as suas opções de vida, vai fazer os alunos revoltarem-se (e não existe melhor maneira de se revoltar contra estas leis do que fumar...).
Com isto quero dizer que eu, mesmo não sendo fumador, acho que o estado não deve tentar controlar as opções de vida dos jovens. A Escola deve informar e até, talvez, desincentivar o tabaco. A partir do momento que este passa a ser proibido (até para alunos que já atingiram a maioridade), o estado está a abusar.

terça-feira, março 06, 2007

Será que o leram?

Será que a Confederação das Associações de Pais conhece realmente o estatuto disciplinar mais laxativo dos últimos tempos?

Melhor ainda é a resposta da representante da Confap a propósito da possibilidade da introdução de multas aos pais dos alunos com comportamentos violentos, à imagem do que acontece em Inglaterra (até 1450€):

  • "Para a Confap uma medida semelhante não faz sentido em Portugal pois muitos pais não poderão pagar."
Era o argumento que faltava para discutir as multas do código da estrada... Só faltou acrescentar: "e ainda por cima, esses pais podem levar a mal e agredir algum professor, ou quem lhe tentar cobrar a multa, sabe-se lá..."

Chico Esperto

Tenho acompanhado com muito prazer o debate João Miranda (Blasfémias) vs. Daniel Oliveira (Arrastão).

O que me chamou a atenção numa das caixas de comentários foi um comentário de um (suposto) professor sobre a questão do relativismo, e o seu diálogo com um aluno. Acho que ilustra bem a realidade de muitos professores que estão a formar (mal) a futura geração:

"Uma vez, a um aluno que veio com a conversa da relatividade de tudo e eu respondi que a possibilidade de um vaso com flores subir em vez de cair de uma varanda existia. Muito improvável, mas existia (e existe).
Apesar disso aconselhei-o que, caso visse um deles em desequilíbrio, fugisse debaixo. Parece que o gajo percebeu, mas, pela cara, não gostou de ver a sua crença abalada."

A falta de respeito por uma posição ideológica de um aluno (válida e sustentada por muita gente), a chico-esperteza demonstrada e o argumento estupidificante de que, se o relativismo se aplica às culturas e aos valores, também se aplica à lei da gravidade, mostra a falta de capacidades e respeito deste professor para com os alunos e para com as funções da Escola.
A função da Escola não é "abalar" as crenças dos alunos.

Este professor chama-se Range-O-dente e este é o seu blog.

Pergunta da Semana

Porque é que a nova lei do tabaco diz que não se pode fumar em establecimentos de ensino, mesmo em espaços abertos?

segunda-feira, março 05, 2007

Citação da Semana

"As pessoas bem educadas contradizem os outros. Os sábios contradizem-se a si mesmos"

Oscar Wilde
Via Citador

Ministra fala à nação

Hoje, no Público: "A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, defendeu hoje mais autoridade para os professores, escolas e conselhos executivos para combater a violência escolar e alcançar um quadro legal mais flexível e menos burocrático."

"As escolas, os professores e os conselhos executivos têm que ser mais responsabilizados. Tem que lhes ser restituída autoridade para que possam fazer a gestão quotidiana de uma forma simples e sobretudo no quadro daquilo que é uma relação pedagógica de poder e de autoridade"

"um professor para fazer uma advertência a um aluno, não só essa advertência aparece com uma penalização codificada como há um conjunto de procedimentos que não se compadecem com o quotidiano da situação pedagógica".

Parece que estas recentes notícias de agressões a professores deram um jeitão à Ministra da Educação... até que enfim vai poder dar mais autoridade às escolas para se livrar da papelada (e do trabalho) lá no ministério!
Não percebo a "relação pedagógica de poder e autoridade"... "Poder" para quê? Não basta aos professores Autoridade? A autoridade é essencial, mas a autoridade é conseguida pelo respeito, pela postura e pela maneira de dar aulas... não pelo "poder", como no tempo do fascismo!
Com a desburocratização e maior facilidade em aplicar a disciplina, estou de acordo. Os alunos que estão a perturbar a aula, simplesmente devem sair. Assim, só se prejudicam a si próprios... Sempre achei uma hipocrisia os professores nunca mandarem para a rua porque é mal visto entre os outros professores, ou só porque é preciso preencher o "relatório".
Quanto ao anunciado "Novo Estatuto do Estudante", espero para ver... pelo que imagino por vir de quem vem, não auguro nada de bom...

sexta-feira, março 02, 2007

Formação Cívica no Ensino Secundário

Tal como no básico, no Ensino Secundário a Formação Cívica como disciplina é essencial. Ou melhor, seria essencial, porque actualmente não existe uma disciplina de FC no Secundário.

O primeiro aspecto que gostaria de focar é que não existe um espaço para os assuntos de direcção de turma, o que faz com que sejam usados tempos de aula (de disciplinas importantes) para esses assuntos. Por exemplo, a minha DT é professora de Matemática e são “sacrificados” minutos preciosos de aula em assuntos de direcção de turma.

O segundo aspecto é que a formação do indivíduo como cidadão não pode terminar quando termina o Básico. A Formação Cívica, se for dada a sério, deve ir desde muito cedo até à maioridade (18 anos), que corresponde ao 12º ano, se o aluno nunca chumbar.

Além disso, a Filosofia não pode ser a única disciplina a fomentar o pensamento e reflexão, porque existe pensamento e reflexão para além da filosofia... tem de haver uma disciplina que nos faça pensar sobre outras questões como a política (porque não?), a vida em sociedade, no fundo, em questões menos transcendentes e universais que as que são abordadas na disciplina de Filosofia. Questões do quotidiano e como as resolver civilizadamente. Além da Filosofia (que é uma disciplina importantíssima na formação do indivíduo), deve haver um espaço onde se fale das questões filosóficas e não-filosóficas que tocam a todos, a toda a hora. Esse espaço deve ser a FC.

P.S.-
Porque não criar um agrupamento de disciplinas Filosofia-FC, em que os professores das duas disciplinas colaborassem em projectos conjuntos?

Lá se vai a titularidade...

A professora da Escola de Ovar agredida pela mãe de uma aluna, tendo recebido tratamento hospitalar, acabou por estar de baixa, compreensivelmente, um bom bocado:
  • "a mãe agarrou-me o cabelo, fiquei com o couro cabeludo a doer-me muito tempo, deu-me pontapés, ferrou-me nos braços", recorda. acabou por ser transportada para o hospital de ovar, onde deu entrada com taquicardia, ficando depois em casa com atestado médico. ainda voltou à escola no final do ano passado e início de 2007, "mas o ambiente não era dos melhores". a 15 de janeiro apresentou novo atestado médico. o seu psiquiatra diagnosticou-lhe uma situação de stress pós-traumático." (PÚBLICO)
Lá se vai a titularidade daquela que é considerada pelo Presidente da Associação de Pais:
  • "uma das melhores da escola, que não dá aulas a pensar no fim do mês, que dinamizou um clube de música, um rancho de folclore, que sabe mexer com a comunidade escolar"
Entretanto, não só lhe foi instaurado um processo disciplinar, como:
  • "a agressora continua impunemente a entrar e a sair da escola, sem qualquer tipo de entraves, e continua como representante dos pais da turma da filha."
Dá para entender?! O último a sair que feche a porta!

quinta-feira, março 01, 2007

Formação Cívica no Ensino Básico.

No ensino básico a Formação Cívica (FC) transformou-se praticamente numa espécie de "Espaço Direcção de Turma" (onde se tratam os assuntos da turma e se passam os raspanetes) e, ocasionalmente, um "Espaço Projecto Educativo" (onde se aplica o PE da Escola, fazendo dentro das salas de aula aquilo que devia ser feito sobretudo fora das aulas...).
Esta situação não é, a meu ver, a mais correcta para uma disciplina chamada "Formação Cívica".
A FC devia ser no Ensino Básico, além de um Espaço Direcção de Turma, um momento de formação dos futuros cidadãos. Isso passa por:

  • Explicar conceitos da vida em democracia, como a Liberdade de Expressão, o respeito pelos outros etc...
  • Explicar conceitos da vida em comunidade, incentivando a separação do lixo, a poupança de recursos naturais etc...
  • Explicar a situação actual de Portugal e do Mundo, para que os jovens comecem a compreender desde cedo a situação actual.
  • No final do Básico, dar uma introdução à Filosofia e a algumas questões filosóficas, se possível.

Para que isto se faça, julgo ser necessário haver professores de FC. Sim, professores que sejam especializados em lidar com turmas (para que sejam directores de turma) e que saibam dar as matérias acima mencionadas. Numa primeira fase, a curto/médio prazo, podia haver acções de formação para os professores interessados. Mais tarde, porque não um curso de professor de FC, na área das Humanidades?

Penso que uma FC no Básico bem dada é essencial para a formação das futuras gerações. Além disso, acho que a FC não pode ser leccionada por professores que nunca tiveram nenhuma formação nessa área.

P.S.- Numa próxima oportunidade, que o texto já vai longo, falarei do que eu acho que deveria ser a FC no Secundário. Fica prometido.

Como resolver o concurso a professor titular

Em Brighton, Inglaterra, as vagas para algumas escolas secundárias vão ser atribuídas por sorteio. Não seria esta a melhor solução para o concurso a professor titular? No espírito do país recordista do euromilhões, e na medida em que já se percebeu que o mérito não é afinal premiado, este é um critério tão bom como qualquer outro...


Sorteios para escolher alunos em escolas de Brighton
01.03.2007, PÚBLICO
As reacções foram muito elogiosas ou muito críticas. a medida é ousada: as vagas em algumas escolas secundárias da cidade inglesa de brighton vão ser atribuídas por sorteio. o factor "código postal" será o primeiro a ter em conta. quando as escolas tiverem mais candidatos do que vagas, ou quando houver duas escolas para o mesmo código postal, o sorteio decidirá.
em alguns outros locais do reino unido algumas escolas tinham já recorrido aos sorteios para algumas das vagas. mas, segundo a bbc, esta será a primeira vez que o sorteio é adoptado como política habitual. a escolha dos critérios de admissão das escolas no reino unido está a cargo da administração local e dos próprios estabelecimentos, desde que seja cumprido um código de conduta.

fiona millar, jornalista do guardian especialista em educação, diz que a medida era "corajosa" já que "corta todos os mais queridos (ou detestados, depende do lado em que se está) aspectos das admissões escolares". mas muitos pais estão contra: pelo menos 4 mil pessoas assinaram uma petição contra os sorteios, diz a bbc. "podemos não conseguir a escola mais próxima", queixou-se tracey-ann ross, que disse que o seu código postal separará a sua casa da escola mais perto.