segunda-feira, outubro 09, 2006

arrogância, sim... é assim que se chama.

Vejo que sim, que isto da educação estar centrada no professor e não no aluno, aquele que dá pretexto para a escola existir, é algo muito enraizado.
como disse, não seria fácil aceitar esta mudança de pensamento em relacção à escola. como nenhuma mudança é fácil de aceitar, sobretudo por quem está tão confortável na sua posição superior.

Hoje, assumamos, o sistema regente funciona mal... não há dúvida, as provas andam aí, em cada exame, em cada aula, em cada gesto arrogante (ou mal-educado, como a gente fina gosta de dizer).

É claro que, para um professor é muito fácil dizer "a culpa é dos pais..." e não se preocupar com nada no que respeita ao seu ensino... é muio fácil dizer "é dos genes..." e lá ir aturando uma vez ou outra a arrogância (perdoem-me a expressão) dos alunos.

Entreguemos o Ensino aos professores só no momento em que os professores se entregarem ao ensino!

4 comentários:

Patuxa disse...

Olá, colega de blog...posso tratar-te por tu? ok!
Eu nem sei se te dê razão, ou se te critique...dou-te razão porque existe mesmo arrogância de ambas as partes! Mas deixa-me que te diga uma coisa: as pessoas habituaram-se a ser arrogantes! Toda a gente se esqueceu do lado humano da questão! E nós só conseguimos olhar mesmo é para o nosso umbigo! Os outros que se lixem, para não dizer pior! É verdade ou não é? E no ensino já não há hierarquias! Foram destruídas! E quando falo em hierarquias refiro-me a posturas que devem ser estimadas e respeitadas, mas de parte a parte! Há por aí muito professor que não devia estar a dar aulas, porque não tem perfil para tal (olha, que tomem o exemplo do Souto Moura...), mas também há por aí muito aluno que não devia estar na escola...mas estes, os que não deviam estar na escola, não têm alternativa...isto porque não existem saídas para esse tipo de alunos...e é à custa desses que os professores ganham o que chamas de "medo", mas que eu chamo "trauma"...(eu sei que é kitche, mas não me ocorreu outro termo!)e depois, é claro, essa faceta generaliza-se para todos os que lhe aparecem à frente...até prova em contrário!
E mais, neste país dá-se mais importância ao inssucesso que ao sucesso! Daí os vilões crescerem e proliferarem como papoilas e os crânios basarem deste país para fora!!!
Pronto, era só isto que eu queria dizer!

baldassare disse...

estou de acordo com o comentário, mas quero especificar que o meu ponto nestes dois posts não é a (in)competência dos professores, porque isso é difícil de avaliar, dado a grande quantidade de professores competentes e a grande quantidade de professores incompetentes.
O meu objectivo é dizer que a escola, neste momento, está centrada no professor, ou seja, a escola parece que é feita para os professores... aqueles que a deviam fazer!
O que eu defendo é uma escola diferente, em que tudo seja feito em função dos alunos e não dos professores... e para isso é necessária uma nova relacção entre os professores e os alunos.

Para quê mudar quando tudo está bem??? Pois, mas nem tudo está bem!

Boa continuação!

sara aires disse...

Olá caros amigos. Tenho que deixar aqui uma ou duas palavrinhas que espero não sejam mal entendidas. :)
É que discordo bastante com a ideia de uma escola só de e para professores, como também só de e para alunos.
Uma escola tem que ser feita da comunhão entre ambas as partes. Uns estão lá para formar e outros para serem formados. Muitas vezes os papéis invertem-se, e isso também pode ser positivo.
Parece-me que o problema fundamental é que não está presente (de forma coerente) o 3º elemento: encarregados de educação, ou pais, ou família ou os que o devem ser. Por muito boa que seja a escola, a turma, o professor, e até o aluno, parece-me sempre que o trabalho ali desenvolvido se torna vão na constante desatenção emocional, cultural, educativa dos pais/ enc. de educ.
Dizia no outro dia o Sr. Director das Escolas João de Deus, se a criença não participar desde cedo no acto (nem falo de interesse, mas de necessidade) de ler... se os pais não lhe chamam à atenção da necessidade da leitura ( penso que igualmente para a matemática e todas as outras), se não lhes leêm histórias, ou lhes explicam uma notícia de jornal... a criança nunca irá olhar para a leitura como algo útil. Se os pais não precisam e até sobrevivem, trabalham, compram, enfim fazem tudo sem precisar de ler..."porque é que eu precisarei?"
Não há uma preocupação em dar aos filhos quaisquer ferramentas para lhes despertar interesses. Quando chegam à escola, sem televisão, sem consolas, muitas vezes nem o básico existe, tipo casa de banho aceitável! Como hão-de ter interesse?
Depois há ainda a questão do tempo (de qualidade, não tanto de quantidade) que as crianças passam com os pais. No outro dia estava um pais a ler o jornal... e o filho a perguntar: " ó paiii?! O que é que diz nestas letras? - Não me chateies, vai brincar, vai-te embora, deixa-me ler em paz! Que coisa!"
Os pais são apenas aqueles senhores simpáticos que nos acordam de manhã e nos levam À escola, ou mandam-nos à escola e que vemos à noite, quando nos vêm buscar ou nos perguntam: "Já estudaste? Vai-te deitar mas é, que já se faz tarde!"

Há muito a mudar, mas não é só na escola. E o virar a 8 ou a 80 nunca deu bons frutos.
Era só isto que tinha para dizer, uma vez que como filha de uma professora primária, licenceada pela Fac. Belas Artes do Porto ( não pode haver pior escola que aquela!) pareceu-me urgente comentar.
Beijinho
sara

baldassare disse...

Mas repare que se a escola fosse feita em função do aluno, isso seria bom, quer para os alunos, quer para os professores!
Para já, deixavam de ter aquela obrigação de uma postura sempre de "mestre", passando a uma posição diferente e mais fácil de ter de "formador".
A possibilidade de pôr os alunos que estão na aula APENAS para perturbar o seu funcionamento na rua iria ajudar os restantes alunos e claro... os professores.
a abolição de algumas hierarquias-não todas, claro, mas apenas as desnecessárias, como o "tu" para os alunos e o "você" para os professores, entre outras- ia ser bom para todos, ia tornar a escola mais funcional, prática... uma verdadeira escola do século XXI, este novo século que tem vindo a mostrar que quer "abolir" todas as pequenas "coisinhas desnecessárias"...

Cara amiga, às vezes são necessárias mudanças, mesmo nos nossos hábitos mais enraizados... mudanças radicais, da raiz, da essência do relaccionamento humano, da educação, da maneira e da postura com que se entra nas aulas... às vezes mudar a 180º é necessário, porém difícil (a Maria Antonieta que o diga!)

Uma escola feita para os alunos É UMA ESCOLA MELHOR, porque é para os alunos que a escola nasceu; faz todo o sentido: um hospital é feito para os doentes, uma loja é feita para os fregueses, um país é feito para os seus habitantes.Uma escola centrada nos interesses dos alunos é o mais natural... não é nenhum mundo ao contrário, bolas!

Se se inverteramm os papéis ao longo dos anos é porque quem manda nas escolas e no ensino acha que isso é melhor e, infelizmente, essas pessoas tiveram poder suficiente para colocar estrados nas salas de aulas, para dar réguas aos professores para estes baterem nos alunos quando não sabiam a tabuada, para inventar a palavra "setor", para criar uma fila para o bar da escola para os professores e outra para os alunos (velha questão...), para deixarem pessoas incompetentes entrar no ensino etc... Hoje, algumas destas coisas já desapareceram... mas algumas ficaram tão no nosso dia-a-dia que ninguém se lembrou de as mudar... e ninguém se lembrou que a escola seria melhor se mudasse... até que alguém começou a pensar nisto, numa escola moderna, mas parece que esta ideia de modernidade ficou ofuscada com a do "um computador em cada sala- a escola do futuro!". E assim caiu Roma!

Abram alas à democracia! Abram as aulas à democracia! A escola deve ser dos professores e PARA OS ALUNOS e não o oposto.