Viram o título? Pois não é essa a questão. Não estão aqui em causa os valores, as crenças e as teorias que cada um defende, ou que simplesmente tem, mesmo que não a defenda. (sim, podemos acreditar na evolução ou no criacionismo e, simplesmente acharmos isso sem estarmos a argumentar e contra-argumentar numa questão que nunca vai acabar e que, as mentes mais estúpidas quase "partidarizaram"... "a direita acha isto e a esquerda acha isto"...) Mais: podemos inclusivé não ter qualquer opinião ou não saber ao certo, tal como podemos especular. Enfim... cada um tem a liberdade de dizer "eu sou evolucionista" ou "eu sou criacionista" ou mesmo a liberdade de estar-se nas tintas.
Cabe à Escola informar. O que é a informação? É explicar isentamente algo que aconteceu recentemente ou no passado, tudo isto, claro, se tivermos a certeza.
Ora, na escola portuguesa dá-se no quinto e no sétimo ano o início da História humana e a evolução é dada como algo certo. Não como uma teoria, mas como um facto.
Foi realmente assim que aconteceu? Pois não é essa a questão.
A questão é: não deve uma escola laica, livre, e multicultural ensinar só o que é certo como facto e, em relacção ao que ainda está em debate, apresentar as diferentes teorias, explicando os argumentos dados pelos defensores de cada uma? Não é falta de respeito para com as convicções dos alunos, dos pais e até dos professores que dão a matéria, apresentar-se a evolução como certa? Ou a criação como certa? Não é também falta de respeito explicar estas teorias segundo a Igreja Católica ou outra organização religiosa qualquer, sem se considerar teorias de outras religiões? Como é que se pode ensinar as diversas teorias do evolucionismo (que também as há) ou do criacinismo sem afectar as convicções de ninguém?
Das duas uma: ou não se fala disso, o que me parece má jogada, ou se dá a teoria evolucionista explicando no que é que ela consiste e depois a teoria criacionista, como se começa a fazer nas escolas americanas: explicar que outras pessoas pensam que existe um ser superior , ou vários seres superiores que , segundo essas pessoas, criou tudo ou parte do que existe no universo. Não se fala em religiões nem em nomes; nem sequer se diz se foi um ou vários deuses... fala-se no Intelligent Design, ou se quisermos, no "planeamento inteligente".
É que, se um aluno que acredita numa das teorias mas na escola dizem-lhe que a outra é que está certa, ele vai começar a duvidar da escola, o que não é nada bom.
Além disso, se a escola quer que sejam os pais a dar a educação aos filhos, sendo a escola tudo menos "um depósito de crianças" como ouvi uma professora dizer, não se pode dar na escola uma informação que contradiz com a educação dos pais. E repito: quer para um lado quer para o outro... também não fazia sentido dar-se só o criacionismo!
Os professores de História têm de ter muito cuidado nesta e noutras questões (como o fascismo ou o comunismo ou o liberalismo... tudo o que mexe com as convicções de cada um tem de ser tratado com muito cuidado) para não estarem a trair os pais que confiam neles a educação dos filhos, os alunos e as suas próprias convicções pessoais.
Que se apresentem factos como factos e teorias como teorias!
E eu, sou criacionista ou evolucionista? Pois não é essa a questão.
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