quarta-feira, outubro 31, 2007

Como educar para a Democracia?

Este foi o tema do mês de Outubro. Um tema essencial para esta época.
Diariamente, vemos atentados contra a democracia, e vislumbramos alguns movimentos anti-democráticos. Para evitar isso, na minha opinião, há que tomar medidas, e não esperar passivamente que a democracia aconteça.

Educar para a Democracia é muito complicado. Educar para a ditadura é fácil... basta incutir os valores do regime, e não permitir divergências. Sendo a democracia o sistema que permite a divergência de opiniões e modos de vida, como ensiná-la, sem estar a ser ditatorial?

Há que informar e permitir diferentes opiniões, criando espaços de liberdade de expressão. Há que incutir os valores democráticos, que precisamente, permitem todo o tipo de ideais.
Ensinar a democracia não é impôr nada: é, pelo contrário, dar escolha aos alunos. Dar liberdade aos alunos. É exactamente o contrário da imposição: é libertação e escolha.

Não ensinar os valores democráticos é, isso sim, uma imposição: impôe-se a ignorância, a falta de espírito crítico, impõe-se a aceitação de tudo o que "está escrito", e de tudo o que o mundo tem para dar, sem nunca se questionar nada, porque não se sabe o que isso é.

Embora globalmente ensinar para a Democracia seja uma tarefa difícil, se olharmos ponto por ponto, conseguimos mais facilmente saber o que fazer. Por isso, ao longo deste mês fiz quatro textos sobre quatro aspectos diferentes da Democracia e da vida em Democracia:

Espero ter sido claro nas ideias que defendo, e espero que este debate continue por este blogue e pela sociedade portuguesa.

Viva a Democracia! Na Escola e tudo!

Respeito pelas minorias/ Tolerância

A Democracia é o regime onde a maioria manda. Em Democracia nem vale a pena falar no respeito pelas maiorias, pois este está subjacente ao conceito de Democracia.
Mas, além de ser uma forma de governar onde a maioria manda, é um tipo de sociedade onde há que haver respeito pelas minorias. Pelas minorias políticas, étnicas, religiosas, etc...

Perguntar "Como educar para a Democracia" sem perguntar "Como educar para o respeito por todos (minorias incluídas)?", não faz muito sentido. Desenvolvo agora o último texto relaccionado com o Tema do Mês de Outubro:
  • Respeito pelas minorias/Tolerância
Há um conceito que está directamente relaccionado com o respeito pelas minorias: a equidade.
A equidade opõe-se à igualdade, ou melhor, completa a igualdade. Os teóricos da igualdade defendem que as oportunidades/recursos etc... devem ser (re)distribuídos igualmente por todos, independentemente das suas condições. A equidade propõe que esta (re)distribuição seja feita segundo as necessidades de cada um. Por exemplo: o estado recolhe os impostos, e ao destribuí-los (1) atribui a mesma distribuição a todos os cidadãos ou (2) atribui mais a cidadãos com mais dificuldades (por exemplo, deficientes, pessoas com menos recursos, famílias numerosas...). O modelo 1 segue a igualdade, o modelo 2 segue a equidade. O mesmo se passa na recolha de impostos. Porque é que os deficientes têm (tínham...) reduções no IRS? Porque, como têm mais necessidade e mais despesas (recorrentes da sua condição), o estado aplica (aplicava...) o princípio da equidade.
Mas atenção: há casos onde o mais justo é a igualdade, e não a equidade. Por exemplo, no direito de voto.

No respeito pelas minorias, a equidade é muito importante. Como, em Democracia, é a maioria que escolhe quem faz as leis (logo, as leis serão feitas para agradar a essa maioria), as minorias ficam numa situação de desvantagem. E essa desvantagem é normal, consequência da maioria ter (felizmente) o poder. Neste caso, há pouco a fazer em termos de equidade...

No caso da avaliação escolar, há muito a fazer. Concordo com os apoios especiais para alunos imigrantes. E concordo com testes diferentes para os que vão a esses apoios. (Os que não vão aos apoios especiais, não podem exigir um teste especial...)
Quando digo testes diferentes, não digo testes mais fáceis. Digo testes onde seja menos avaliada a forma de apresentar as respostas, e mais o conteúdo. Por exemplo, num teste de história, uma boa parte da cotação vai para a maneira como é redigida a resposta. Num teste especial para imigrantes, essa componente poderia ser muito menos cotada. Nos testes de Português, por exemplo, não haver composição, ou esta ser avaliada de uma maneira diferente. No teste de matemática, não apostar em problemas que abordam matéria de outros anos, se o imigrante nunca deu essa matéria (isto tinha de ser adaptado ao aluno, claro...).

Como já disse em outros posts, sou pela realização de exames nacionais, pois são uma maneira objectiva de avaliar a parte objectiva dos conhecimentos. Aqui, talvez seja injusto fazer-se exames especiais para imigrantes. Porque nos exames, os alunos competem directamente para terem médias que os permitam entrar no curso que querem. Um aluno entrar só por causa do exame especial e outro, que até podia ter capacidades, não entrar, é injusto. Porque a universidade é um local onde se está por mérito e onde se tem de se ter já algum domínio da língua. Um imigrante que entre sem saber falar bem português, não se aguenta muito tempo.

Para além da avaliação: acabar com o pouco que ainda há de racismo e xenofobia. Na Formação Cívica, em campanhas de sensibilização, em semanas culturais, para mostrar que todos os Homens são iguais e que viver numa sociedade multicultural (intercultural...) é uma alegria. Permitir divergências de opinião em todos os assuntos, e aqui incluo as minorias políticas e religiosas.

Para uma sociedade onde se respeitam todos, tem que se começar por algum lado: pela Escola.

terça-feira, outubro 30, 2007

Coisas sérias

Excelente série de quatro posts, do blogue Zero de Conduta. Todos eles são sobre educação, criticando a crítica que é feita por alguma blogosfera liberal à escola pública:

Sobre as diferenças entre escola pública e privada.
Sobre a "qualidade dos métodos" oferecida pelas privadas, inaplicáveis no ensino público.
Sobre o cheque-ensino
Sobre os perigos de uma escola estatizada e a iniciativa privada (que tem de ser paga pelo estado, claro... ou não fôssem eles liberais...)

Gosto sobretudo da comparação entre três escolas privadas que são da mesma empresa (ou companhia, ou lá o que é...), ensinam segundo o mesmo método, mas com resultados bem diferentes... Porque duas são subsidiadas pelo estado e recebem alunos que não pagam por estar no colégio, e a outra não tem essa abrangência.

Parabéns ao Pedro Sales, do ZdC

Boa sorte para o futuro!

E que o blog continue sem mim!
Abraços e adeus!

segunda-feira, outubro 29, 2007

Não há condições

Em comentário ao meu post Tempo para lêr?, onde questiono a carga horária excessiva nas escolas, que impede os alunos de terem tempo para ler, XandraFrô, que também participa neste blogue, escreveu o seguinte comentário:

"eu não li todos os comentários na integra, mas também não é preciso! só tenho uma coisa para dizer...este aluno do ensino secundário é extremamente convencido e acha-se um verdadeiro herói na defesa dos direitos dos alunos! menino, desca à terra e...vá fazer umas piscinas e uns joggings1 activa a circulação sanguínea, expulsa as toxinas a mais no nosso corpo, liberta a nossa mente e, a seguir ao sexo, é mesmo o melhor que nós podemos fazer1 sejamos realistas! todo o resto vai-se fazendo, ou melhor ou pior porque NINGUÉM É PERFEITO! mas só uma coisita...para quê a formação civica???? acho muito bem que haja! porque anda por aí muito pai e muita mãe que têm as crias só por ter...a gente que as eduque!!!Tenho dito!e mais...eu era para não me identificar mas como não tenho satisfações a dar a ninguém sobre aquilo que escrevo e não tenho minimamente receio de ser mal interpretada, nem que me julguem mal, subscrevo-me! se as partes ficarem muito ofendidas, azar! atchim...santinho!"

A minha resposta a este comentário é:

XandraFrô,

Não é preciso interpretá-la mal. Você explicitamente chamou-me aquilo que quis. Está no seu direito e eu estou no meu direito de escrever neste blogue aquilo que penso e de defender aquilo que quero defender. E de ficar ofendido.

Essa do "desça à terra" parece-me boa ideia. Se calhar, enquanto houver intolerância, falta de espírito de debate, escrita aparvalhada e sobre futilidades e ainda por cima se entra em caixas de comentários para insultar os colegas de blogue, sem apresentar nenhum argumento, se calhar enquanto isso existir neste blogue, não vou cá voltar.

Quando diz "menino, desca à terra e...vá fazer umas piscinas e uns joggings1(...)", não está a comentar o que eu digo. Das duas uma: ou me está a mandar embora deste blog, ou (pior) está a querer condicionar a minha acção neste blogue (é claro que por estar a querer condicionar a minha acção neste blogue não quer dizer que eu o vá fazer. Mas se mandar uma pessoa à merda, mesmo que essa pessoa não vá à merda, ela tem o direito de se sentir ofendida.)

Somos todos do mesmo blogue. Isso não impede divergências de opinião. Mas impede que se comece a insultar o colega de blogue, entrando numa caixa de comentários, sem apresentar nenhum argumento. É um comportamento deplorável do ponto de vista cívico. É no que dá, não haver FC a sério...

Também achei curioso o tom paternalista do seu comment. "é extremamente convencido", "desça à terra", "acha-se um herói na defesa dos direitos dos alunos!", "menino, (...)".

Não sei se percebeu quando cá chegou, mas o alicerce deste blogue é o conceito de que é possível um blogue com professores e alunos, onde cada um dê os seus pontos de vista, sem haver depreciação só porque se é aluno/professor. A diferença entre estes e os outros blogues de educação é que este não é nem um blogue de especialistas sobre educação/pedagogia etc..., nem é um blogue/sindicato de professores.
É um blogue onde pessoas que não são especialistas em ciências da educação (nem os professores nem os alunos...) falam sobre educação mediante as suas opiniões e vivências.

Acho que este episódio vai contra toda a ética bloguística e contra todos os valores deste blogue.

Portanto, e pelo que já expliquei, acho que não posso continuar neste blogue enquanto não houver uma reestruturação do mesmo, repondo o clima de debate sério e pacífico entre bloggers alunos e professores, sem este tipo de incidentes, que estragam o blogue.

Isto é, dadas as circunstâncias, um ultimato. Eu não me importo de continuar no blogue, mas isso terá de acontecer sem a XandraFrô. Também não me importo de sair do blogue, porque penso que o blogue acaba a partir do momento em que se deixam passar estes incidentes.
Num blogue assim, eu saio. Num blogue reestruturado, eu continuo. Não é uma questão pessoal, é uma questão de valores.

P.S.: Não se esqueça que foi a XandraFrô a incitar à expulsão de um de nós, quando disse
"este aluno do ensino secundário é extremamente convencido e acha-se um verdadeiro herói na defesa dos direitos dos alunos! menino, desca à terra e...vá fazer umas piscinas e uns joggings1 activa a circulação sanguínea, expulsa as toxinas a mais no nosso corpo, liberta a nossa mente e, a seguir ao sexo, é mesmo o melhor que nós podemos fazer1 sejamos realistas!"
Não me acuse de ser o iniciador da ruptura, pois foi você que me mandou ir passear.

Diário de Marilu, NÃO PAGO!

Hoje tou posssssesssssa...maceradissssssssssssssssima...furioooooooooooooosssa...ahhhhhhhhhh!

(esta foi a quinta catarze de hoje...)

...acabei de por o meu carrunxo na oficina para mudar um amortecedor, os dois tá claro...se mudasse só um era como mudar uma capa dum sapato, falando em pares de sapatos, claro! Ficava o carro manco...E porque é que o amortecedor foi à vida? Porque aqui a je tem que subir o passeio para "estancionar" o carro ao pé da escola...aquela rampa é horrivel...e o carrego que trago quse todos os dias é digno dum burro de carga, ou de um "troley" (não sei se é assim que se escreve!)! Neste caso a burra sou sempre eu, claro! Lá o carrego é comó outro, mas a falta de "estancionamento" ali naquelas redondezas é uma coisa simplesmente atroz! Ou bem que se entra todos os dias às 8.30h e se arranja um lugarzinho em cima do alcatrão, sem ter que estar a subir passeios próprios para "todo o terreno", ou então sobe-se a porra do passeio...e aí, adeus amortecedores! Irra Sr. Lopes...

Agora vejam bem o que vai acontecer...



A Camâra Municipal de Torres Vedras quer pôr o estacinamento em frente e dos lados das Escolas Padre Francisco Soares e Madeira Torres A PAGAR...não sabem decerto o que é que significa "cartão de residente"...ambas, as duas, as escolas já fizeram um abaixo-assinado a discordar da paródia! Eu não tenho muita paciência para estar práki com grandes filosofias sobre o assunto! Mas uma coisa é certa...juro que a Sra. D. Conceição Lino, do "Nós por cá", a DECO e seja lá mais quem for, hão-de ter conhecimento do assunto...é DESTA QUE TORRES VEDRAS FICA CONHECIDA INTERNACIONALMENTE! E desta vez a tia Lurdes não tem a culpa...ou serão ordens do ME???? Já não digo nada...neste país tude é de esperar...



Pronto, vou corrigir testes para ver se me passa esta agonia...

Um resto de bom dia para vocês e NÃO SUBAM OS PASSEIOS COM OS VOSSOS CARRUNXOS!!!!

XAU E, CLARO...

XIIIIIIIIIIIIIIIIII

sábado, outubro 27, 2007

A acompanhar...

O Bloco de Esquerda está a organizar um fórum sobre Educação, e disponibiliza os conteúdos na internet. Vale a pena ver alguns artigos deste fórum, que mostram a preocupação desta força política com as questões da Educação.

Até agora, a única força à Esquerda que fazia alguma coisa sobre Educação era a JCP, com uma boa estrutura de luta e defesa dos direitos dos alunos.

Com este fórum, esperemos que o Bloco passe a encarar este tema como o grande tema deste século. Quanto mais esta questão fôr discutida, melhor.

Relacionado com o tema deste mês (Como educar para a democracia?), ver esta entrevista com Sérgio Niza, com o tema "A Construção de uma Democracia na Acção Educativa".

Também gostei do texto de Maria José Araújo, que vou aqui transcrever:

Actividades de tempo livre sem tempo nem liberdade

"Pela sua imaturidade bio-social e dependência dos adultos, as crianças têm, nas nossas cidades, direitos limitados: não podem correr à vontade, gritar, escrever nas paredes, saltar, cantar alto, fazer barulho, pendurar-se nos espaços exteriores, subir às árvores, saltitar, nem sequer esconder-se dos adultos para pensar, quando estes não as entendem.

Texto de Maria José Araújo:

Os lugares de brincadeira e esconderijo, lugares que estimulam a exploração e a transgressão de todo o tipo de limites, possibilitando formas de transformar o mundo, estão em extinção nos grandes centros urbanos. As crianças, submetidas a pressões educativas, pragmáticas e intelectuais excessivas, "rebentam" pelo comportamento.

A hiper-escolarização, a institucionalização do tempo livre e a existência mais ou menos generalizada de instituições para acompanhamento escolar, fora da escola, como é o caso dos Centros de Actividades de Tempo Livre constitui em si mesma um fenómeno social gerador de transformações no modo de vida das crianças, nos seus hábitos, na sua maneira de pensar, conviver e crescer. Os adultos têm tido dificuldade em encontrar fórmulas interessantes que lhes permitam dar conta de uma coisa tão simples e complexa como é entender as crianças e fazer da sua vida uma infância de agradáveis lembranças.

As crianças acomodam-se ou resistem a um quotidiano preenchido por tarefas, em espaços fechados com gente de todo o tamanho e de todos os jeitos, que supostamente as "entretêm". Numa sociedade em que "incessantemente se afirma o primado do trabalho (produtivo) sobre o lazer (inútil) e da razão (objectiva) sobre a fantasia (irreal) não admira, pois, que as sucessivas aquisições que são proporcionadas às crianças em vez de constituírem novos apelos ao imaginário, sejam o contrário, novas pontes para o real", como refere Agostinho Ribeiro*


Da visão das crianças sobre o mundo monstruoso, apopléctico, tentacular, atropelante e todavia sedutor já nos falava o Amadeu de "Cinco Réis de Gente", da capacidade de sonhar, imaginar e aventurar no tempo livre fala-nos o Zézé de "O Meu Pé de Laranja Lima". E nós? Nós inventamos uma solução nova: fazemos de conta que não vemos.

Neste sentido, e para recuperar a criatividade das crianças, é preciso encontrar um diálogo produtivo junto das crianças e jovens, das escolas e professores, dos pais e encarregados de educação e do público em geral, pois que me parece absolutamente necessário e urgente reabilitar o brincar e sobretudo o brincar com os outros (os amigos), o "brincar
com". "Brincar e sonhar (ou brincar sonhando) é algo que nos permite crescer e encontrar ideias, novas acções educativas ou reeducativas, quer se trate de crianças ou adultos, na área do conhecimento, do auto-conceito ou da interacção social, devemos começar por estabelecer as condições para se poder brincar" *

Notas
* RIBEIRO, Agostinho (1988) Brincar, Sonhar e Criar: Para uma psicopedagogia da Criatividade. Porto: FPCE-UP.

Maria José Araújo é investigadora do centro de investigação e intervenção educativas da FPCEUP"

(link)

Tempo para lêr?

Estamos todos fartos de ouvir que o grande problema geracional de hoje em dia é a falta de hábitod de leitura. Desmultiplicam-se os fundos, planos, apoios e programas para incentivar a leitura e o gosto pela leitura.

Mas porque é que os jovens não lêem?
a) Por causa da televisão
b) Por causa da internet
c) Porque querem é divertirem-se
d) Porque lêr dá muito trabalho.

Talvez qualquer uma destas respostas seja verdadeira. A televisão é um meio mais fácil de obter informação e entertenimento. A internet é mais abrangente e rápida de pesquisar que qualquer biblioteca e tem muitas formas de comunicação que ultrapassam a leitura. O divertimento ocupa uma boa parte da vida do ser humano, sobretudo na juventude. Lêr requer esforço e imaginação. Tudo isso é verdade.

Mas há outro motivo que, conjugado com todos os outros, torna a leitura um bicho de sete cabeças: tempo.
O estudante não tem praticamente tempo para desenvolver o intelecto atravéz da leitura.
Por exemplo, no ano passado o meu horário era:

-Segunda, Terça, Quinta e Sexta entrava às 8:30 e saía às 17:15 da Escola
-Às Quartas tinha "tarde" livre: entrava às 8:30 e saía às 13:45

Pegando nos dias em que saio às 17:15: conto 15 minutos para chegar a casa. Chego a casa, tenho que lanchar, por volta das 17:45 estou despachado.
Entre as 18h e a hora a que, de semana, vou para a cama (22h30) há 4 horas e meia. Pelo meio, tenho que jantar, estudar, e já agora... descançar um bocado do dia de trabalho. Isto sem contar com as actividades extra-curriculares.

Eu pergunto: ende é que, aqui, posso arranjar tempo para lêr? Sim, porque lêr implica tempo e alguma tranquilidade. E eu ainda sou dos mais sortudos... na minha turma há quem chegue a casa às 19:30! Na minha escola, há aulas que acabam às 19:30, isto em cursos diurnos normais, para alunos que pretendem chegar à universidade...

Com estes horários, com esta exigência (que requer muito estudo em casa), como é que querem que os jovens leiam? Só com enorme esforço e preserverança é que eu consigo ler um livro por mês, no máximo dos máximos.

Que tipo de sociedade esta Escola está a produzir? Pessoas que até sabem muito sobre uma determinada área, mas não têm (não conseguem ter) capacidade intelectual para se desenvolverem e desenvolverem a sociedade. Especialitas que só sabem falar de um assunto, sendo ignorantes em relação a tudo o resto. Cidadãos passivos democraticamente, sem opiniões nem uma visão global do que os rodeia. Já para não falar de pessoas com problemas de vista, por causa da exposição aos píxeis ;-)

Não há tempo para nada, num tempo em que devia haver tempo para tudo. A juventude devia ser uma época de aprendizagem de tudo um pouco, de formação do indivíduo segundo as suas experiências pessoais, de descoberta de vocações e de cultivo intelectual. Não uma época de stress, montes de estudo, horários apertados e falta de descanço.

Os estudantes não são uma mercadoria!

E agora o momento neo-luddista de hoje:



Via 5dias
Mais informação sobre o estudo que deu origem a este vídeo aqui

quarta-feira, outubro 24, 2007

Deveres do cidadão

No âmbito do Tema do mês, que é "como educar para a democracia?", tenho postado sobre aspectos da vida democrática que podem ser ensinados e praticados pela Escola. (1 e 2)

Hoje falo dos deveres do cidadão, aquelas regras que todos devemos cumprir, e que muitos tiveram que as aprender por si próprios e outros... nem sequer as aprenderam.

  • Deveres do cidadão:

Como é que se pode educar para que os futuros cidadãos cumpram as regras da sociedade? Em primeiro lugar há que ensiná-las, para que sejam conhecidas por todos. Mais uma vez é necessário que se reformule a Formação Cívica (FC) no ensino básico e que se crie FC no secundário. Mas há que fazer mais que isso.

Por exemplo, podemos ensinar a ter respeito pelo que é de todos se a escola emprestar manuais aos alunos. Para além do benefício económico para as famílias, isso seria uma grande aprendizagem cívica. O aluno tem livros da escola. Se os estimar, passam para outro aluno; se os estragar, terá que os pagar. (Se, por acaso, quiser ficar com o livro, também pode pagá-lo...)

É com estas pequenas coisas que se cria um espírito de respeito pela comunidade. Esta medida já está implantada em França e em outros países, e até mesmo cá, em escolas privadas. Constitui uma maçada para a máfia dos manuais escolares, uma grande poupança para as famílias, uma medida anti-abandono escolar, e uma maneira de ensinar a viver em sociedade. E sabem o que é que é melhor? O Estado consegue os manuais a um preço incrivelmente mais baixo que o PVP actual (se consegue portáteis a 150€...) e garante que o mesmo manual (o mesmo programa, o mesmo tipo de preparação) seja adoptado em todo o país, o que pode garantir a qualidade do programa e equidade na avaliação.

Outra maneira de ensinar os deveres do cidadão é mostrar que o desrespeito pelas normas em sociedade não é impune. Os dias de suspensão são um castigo que só deseduca. Um dia (ou dois, ou três...) de suspensão não é nenhuma punição, é uma festa... Então o que é que fazemos? Batemos? Não! Segundo a gravidade do caso aplicam-se trabalhos escolares (ao menos é algo útil...), intervalos na sala de aula, ou até segundo o modelo americano: escola ao Sábado. Esse modelo americano não me parece mau. Pelo menos pelo que vemos em filmes, os alunos escrevem sobre cidadania ou regras de conduta... Mas isto seria num caso de já alguma gravidade... Pior que isto, só mesmo a expulsão...

Aplicam-se os castigos consoante aquilo que é feito. Não concordo com os dias de suspensão, pelo que já mencionei, nem com o trabalho comunitário dentro da escola. Este último não concordo por ser humilhante e normalmente feito sem esmero. Um aluno a varrer o chão ao pé de todos os colegas é demasiado humilhante e pode causar problemas sociais ao aluno, até mesmo tornando-o um adulto complexado e talvez violento. Ou seja, faz tudo o que devia remediar...

Portanto, para educar para os deveres do cidadão, a escola tem de ensinar as regras de vida em democracia, usar métodos práticos (como o dos manuais emprestados, por exemplo) e punir ponderadamente os infractores, com castigos adequados à infracção, nem demasiado benévolos, nem demasiado humilhantes.

Para a próxima falarei do Respeito pelas minorias/Tolerância

quinta-feira, outubro 18, 2007

Diário de Marilú, a bisbilhoteira

"Ó Sr. Saraiva, não me diga que não quer falar comigo?...mas eu não faço mal a ninguém..."
...esta é para ver, se Deus quiser, e espero que queira mesmo, no próximo Junho, de 2008, claro!
É ka outra agora deu em...actriz! Poizé! Era um sonho...que, aos poucos, se vai tornar realidade...e tudo surgiu dum simples telefonema! é daquelas coisas que acontecem uma vez na vida duma pessoa..e se não se aproveitam, é mera estupidez!
E por falar em estupidez, deixa-me cá falar do Shoping Arena...o novo shoping que abriu em Torres Vedras! ahhhh...é airosito...para muitos é mais um...para outros muitos é um atentado à pobreza..para ainda mais outros muitos é uma forma de deitar abaixo o comércio tradicional de Torres Vedras..."posso falar o keu axo?"..."mas fala baixo!"...eu axo k torres precisava dum cinema1 Só por isso tou satisfeita! Porque adoro ir ao cinema! Porque todo o resto dispenso! Lojas? Só tem as que não me interessam! O Jumbo? Hummmm, dá jeito! Fica a caminho de casa! Mas só de pensar que tenho que inalar kkkkkkkkkkilowaaaaaaattts de ar condicionado...até se me dá logo vontade de espirrar!
Não, a sério, eu detesto grandes centros comerciais! Mas para quem gosta e não tem ideias para passar o tempo, é óptimo!
Agora vejamos as vantagens...e são muitas!
Até aqui todo o maralhal, num sábado ou num domingo, solarengo invadia santa cruz! Agora?...Santa Cruz é para quem aprecia a calma e o sossego...(oxalá...)
Ir às compras ao centro de Torres, ou mesmo ao Modelo, ao Pingo Doce (apesar deste ser o menos atafulhado) ou ao Intermarché (onde eu mais vou por encontrar menos encarregados de educação e alunos por metro quadrado) vai-se tornar muito mais calmo porque...tá tudo no Jumbo, à caça das promoções!
O comercio tradicional de torres não vai sofrer assim tanto! Porquê? Porque o pessoal de Torres adora as novidades, tal como todo a criança que tem um brinquedo novo...mas quando se farta volta ao antigo...o problema maior vai ser mesmo com os hipermercados! Agora com as restantes lojas, não! quer dizer...estou-me a esquecer das anoréticas, ou potenciais anoréticas, dos dois liceus de Torres...as chavalas seguem a moda e BERSHKA COM ELAS!
Até tou admirada do amigo Baldasse e da amiga SmartizzzzzZZZZ não terem feito um arraso ao xopinnng! Estarão a gastar a mesada?...
Então vá, fiquem bem! Amanhã vou ao cinema...mainada!

quarta-feira, outubro 10, 2007

Diário de Marilú, aula de física!

Ennnna pá, hoje madruguei!
Mas quero partilhar convosco uma aula de física que me deu o meu irmão, a respeito do conceito de DENSIDADE...eu fui procurar o conceito à wikipédia e tive uma dúvida, que o meu manokas me esclareceu...mas é melhor não dizer mais nada! Leiam!

Eu enviei esta mensagem:

"Quando aumentamos a temperatura de um determinado fragmento de matéria, temos um aumento do volume fixo desta, pois haverá a dilatação ocasionada pela separação dos átomos e moléculas. Ao contrário, ao diminuirmos a temperatura, teremos uma diminuição deste volume fixo. A quantidade de massa existente num dado volume é chamada de massa volúmica.
Quando a matéria se expande, sua massa volúmica diminui e quando a matéria se contrai, sua massa volúmica aumenta. Com este conceito temos uma unidade de medida, que pode ser dada gramas (g) por centímetros cúbicos(cm³)."
NÃO PERCEBI O K TÁ A VERMELHO...n devia ser ao contrário?ja tou podre de sono...

E horas depois veio a resposta:

"Massa volúmica" é um nome foleiro para densidade. Imagina um par de colhões dentro de água: A massa dos colhões não varia, mas quando os metes em água fria eles encolhem---o seu volume diminui. Ora, densidade = Kg/m^3 (1 m^3 = 10^3 Lt.), logo, quando os colhões se contraem---volume diminui---a sua densidade aumenta---há mais colhão por metro cúbico.
Já entendeste?
Outro exemplo com colhões, desta vez de carneiro.
Imagina que entras toda contente numa mercearia e pedes um litro de melejas.
O dono, esperto, diz-te que tens de esperar um pouquinho porque ele os tem congelados---colhões de carneiro congelados---e têm de ser descongelados para ser vendidos. Ele vai e mete os colhões (do carneiro) no micro-ondas até a água derreter e tornarem a ficar reluzentes. Isto significa que a densidade de colhão aumentou, e também que sais da mercearia com menos colhão por litro.
Agora também já estou podre de sono e não consigo dissertar mais sobre densidade (colhónica).

...E ESTA HEIN?

terça-feira, outubro 09, 2007

Os efeitos do choque tecnológico - a escola do futuro

Diário de Marilú, o fado

Hoje não me apetece divagar...cheguei a casa e ouvi este fado da Mariza, como faço todos os dias, porque me descontrai imeeeeeenso...e gosto deste particularmente...

Ai as almas dos poetas
Não as entende ninguém;
São almas de violetas
Que são poetas também.

Andam perdidas na vida,
Como as estrelas no ar;
Sentem o vento gemer
Ouvem as rosas chorar!

Só quem embala no peito
Dores amargas e secretas
É que em noites de luar
Pode entender os poetas

E eu que arrasto amarguras
Que nunca arrastou ninguém
Tenho alma pra sentir
A dos poetas também!

...o fado diz muita coisa!!! e cantado pela Mariza...é um triplo o...

segunda-feira, outubro 08, 2007

Direitos do Cidadão

O tema do mês é "Como Educar para a Democracia?". Há, basicamente, duas respostas possíveis: não a ensinar e esperar que a democracia floresça da repressão que existe na escola ou, por outro lado, ensiná-la sem esquecer a neutralidade da Escola. Eu opto pela segunda opção, porque parece-me a mais eficaz e segura, e a mais saudável.

No último post sobre este assunto, falei da Liberdade de Expressão e de como ensiná-la na Escola, com neutralidade e respeito por todas as opiniões. Aliás, a única maneira de ensinar a liberdade de expressão é com neutralidade e respeito por todas as opiniões...
A liberdade de expressão é um direito, que custou muito a ser adquirido e que, pelos vistos, ainda não foi adquirido dentro da escola.

Hoje vou falar de outros direitos. Os direitos do cidadão são uma parte fundamental da democracia. Se é verdade que a sociedade não consegue sobreviver sem os deveres individuais, é certo que sem os direitos, essa sociedade nunca será democrática.

  • Direitos do Cidadão.

O Aluno é, antes que mais nada, um cidadão. Um futuro cidadão, se quisermos. Mas o Aluno só pode tornar-se um bom cidadão se, desde cedo, for tratado com os direitos dos cidadãos. Tem que sabê-los, tem que saber os seus limites e tem que exigí-los.

Conhecer os direitos é fundamental. Se a Escola não ensina os direitos dos alunos, como é que eles podem, no futuro, exigí-los? E aplicá-los aos outros? E se não souberem que o meu direito acaba onde começa o direito do outro, como vão saber o que podem e não podem fazer?

A Escola tem que, de uma vez por todas, assimilar duas palavras: Formação Cívica. No Ensino Básico, tem de deixar de ser uma espécie de "Espaço Direcção de Turma" onde se fala de tudo menos de civismo e direitos. No secundário, e visto que a maioria dos alunos têm menos de 18 anos (ainda não são cidadãos), é urgente criar esta disciplina e encará-la de uma forma séria. A longo prazo com professores especializados em Formação Cívica. Por enquanto, um curso de formação já remediava...

A Formação Cívica deve cumprir o que o próprio nome da disciplina promete: formar cidadãos. E um cidadão aos 15 anos não está formado! A FC tem de ser encarada muito a sério, para que seja um espaço de aprendizagem, debate e contacto entre escola e aluno.

Educar para a democracia pode parecer abstracto e complicado. Ensinar os direitos do cidadão é fácil e objectivo: dizer quais são os direitos, explicar os seus limites, fazer verdadeira formação cívica.

O mais difícil é aplicá-los dentro da Escola. A Escola, assumamos, não é (nem pode ser, dizem alguns) um sistema democrático. (também se dizia que a sociedade nunca funcionaria havendo democracia... era uma utopia...)

A Escola pode ser um sistema democrático, se os valores democráticos entrarem na Escola. (Actualmente, nem com cartão os deixam entrar...). Porque a função principal da Escola é formar cidadãos, que vão constituir a sociedade do futuro. Esses cidadãos têm de ter conhecimentos de Língua Portuguesa, claro. Têm de conhecer a História e a Geografia de Portugal e do mundo. Têm de ser estimulados ao raciocínio matemático. Têm de se especializar numa área, para que possam um dia trabalhar nisso. E, sendo cidadãos, têm de saber as regras da democracia e da vida em sociedade.

Se os cidadãos são o centro da sociedade, os alunos são o centro da Escola. Ou deviam ser. A Escola só existe porque existem alunos e devia trabalhar focada nos interesses presentes e futuros do aluno. Mais liberdade e tempo livre para os alunos (para que possam aplicar os direitos e deveres), menos hierarquia entre professores e alunos, eleição democrática dos representantes dos alunos (com alguma expressão na Assembleia de Escola...), liberdade de escolha da escola onde querem estudar (num sistema de vagas, em que o critério são as capacidades, e não a zona ou região do país). E sobretudo uma mudança de mentalidade, de professores e alunos, em relação ao papel do Aluno e do Professor na Escola.

Portanto, e resumindo:

1. Aprender os direitos: Formação Cívica a sério

2. Aplicar e aprender a vida em sociedade: Educação centrada no Aluno.

Dois passos importantíssimos para a democratização da Escola/Sociedade na sua estrutura e valores.

domingo, outubro 07, 2007

Domingário de Marilú, as peregrinas

A todas e a todos os peregrinos e a toda a equipa de apoio do Agrupamento de Escolas de São Gonçalo eu dou esta rosa...vocês são fantásticos, e estarão sempre no meu coração!
E digo mais...é preciso ter "tomates" para andar o que eles e elas andaram...seja pela fé, seja pelo gozo da viagem, seja lá pelo que for!
Eu digo que talvez seja pela simples vontade de GOSTAR DE VIVER!
Um grande BEM HAJAM e não desistam...hoje 30, amanhã 300...mas sem exército persa! (isto era uma piada...)

ps: eu gostava era que a nossa rica ministra da inducação soubesse destas iniciativas...tia lurdes, faxavor de começar a ler este blog, táóvir?

Porque hoje é domingo - When The President Talks To God

sábado, outubro 06, 2007

Propaganda




Isto sim, é propaganda...

Recortes do discurso do Presidente no dia da República

" [Ao longo destes anos] tratámos a escola como um problema de governo e não como um problema de regime. E concentrámo-nos em demasia na relação entre o Estado e a escola, sem atender ao papel e às responsabilidades próprias da sociedade civil."

A Escola é um problema de regime e os valores do regime estão espelhados na Escola. A Escola de hoje é a sociedade de amanhã. Se queremos que o regime seja hoje e amanhã um regime democrático e livre, há que ensinar a democracia e a liberdade.
Isso tem de ser feito na óptica da liberdade de expressão da opinião e com o máximo de neutralidade possível. Respeitar as diferentes opiniões, incentivando-as.

"Encontrar uma estratégia nacional para a educação das novas gerações, que a todos mobilize, é a melhor homenagem que podemos prestar aos valores republicanos."

A Escola tem de ser um regime democrático. E republicano...

"Nesta ocasião, gostaria de propor aos Portugueses um novo olhar sobre a escola, sobre um modelo escolar construído à luz da ideia de inovação social. Não quero dirigir-me especialmente ao Governo e à Assembleia da República. Quero dirigir-me a todos os Portugueses. A ideia de inovação social impõe-nos novas estratégias, conceitos e práticas para a satisfação de necessidades sociais. A ideia de «inovação» não é um exclusivo das actividades empresariais. É possível inovar – e inovar socialmente – nos mais variados campos, incluindo a educação. "

A Escola só consegue ter alunos e professores inovadores quando ela própria inovar, no modo como está estruturada. Menos hierarquia entre professores e alunos estimula um ambiente de trabalho, em vez de um ambiente de guerrilha. Mais liberdade individual para os alunos cria aprendizagem social, que não pode ser ensinada em salas de aula. Formação cívica e democrática produz uma sociedade tolerante, democrática, liberal. Republicana. A Educação centrada no Aluno foca os esforços nos interesses presentes e futuros do aluno, que é, no fundo, o originador da Escola e o futuro cidadão.

"Devemos começar por afirmar que uma escola republicana é uma escola plural e aberta, que cultiva a convivência entre as mais diversas convicções, credos ou ideologias. É também uma escola neutra, no sentido em que não se encontra ao serviço de uma qualquer ideologia oficial patrocinada pelo Estado ou qualquer organização"

Esta é a parte do discurso que gostei mais. Enquadra-se no Tema deste mês: como educar para a democrcia? Resposta do Presidente: cultivar "a convivência entre as mais diversas convicções, credos ou ideologias", nunca esquecendo que a escola é neutra. Ah Grande Cavaco!

"Por outro lado, importa sublinhar que a educação é a base da verdadeira inclusão social, pois esta encontra-se associada, em larga medida, às qualificações e competências de que cada um dispõe. Mas também num outro sentido se deve salientar o carácter inclusivo da escola: a democratização do ensino e a escolaridade obrigatória são factores de igualdade e elementos de convivência interclassista, interracial ou interconfessional. Para que essa convivência não se limite à superfície da realidade, é necessário que existam condições materiais para uma efectiva igualdade de oportunidades, a qual só pode alcançar-se através de um maior e mais activo envolvimento da comunidade com a escola."

Só falta isto para que os melhores, e não os mais ricos, fiquem com as melhores escolas (as que têm melhores condições materiais e humanas).

"Temos, de facto, de adoptar uma nova atitude perante a escola. Temos de perceber que aí residem os activos mais importantes do nosso futuro. É imperioso ter a consciência de que o investimento mais reprodutivo que poderemos fazer é nas crianças e nos mais jovens."

A última frase é a melhor do discurso. Investir na Escola é investir no futuro.

Depois disto, o Presidente fala dos pais e dos professores. Essa parte já foi muito comentada, sobretudo pelos sindicatos. Por isso, quem quiser ler o discurso integralmente, siga o link

Este foi o melhor discurso presidencial que já ouvi. Cavaco costuma surpreender nos discursos. Fê-lo no último 25 de Abril, mostrando-se bastante à esquerda do governo e fê-lo ontém, com um discurso idealista, muito republicano e com umas frases que ele sabia que iam ser utilizadas contra o governo. Nunca pensei que Cavaco Silva desse um presidente tão bom. Pelo que ele já vetou e pelo que ele já disse ao longo deste mandato, faz-me cada vez mais acreditar que o sistema democrático de escolha do chefe de estado é o melhor. Falo da República.

Um bom discurso. Um bom presidente. Um bom regime. Viva a República!

sexta-feira, outubro 05, 2007

Real Televisão Portuguesa

Ontém, na RTP, às 22:20 foi para o ar um programa chamado "Duas Dinastias, Duas Gerações". Depois de ver o genérico é que percebi que se tratava de uma transmissão de uma tourada, no Campo Pequeno.


Questiono o interesse público e até o interesse comercial de uma transmissão de uma tourada. Para quem não gosta de tourada, não lhe interessa. Para quem gosta de tourada, penso que é muito mais emotivo ver na arena...
Mas agora não vou falar dessa questão. O que eu quero chamar à atenção é o nome do programa. "Duas dinastias"... e em que dia aparece o programa cujo nome começa por "Duas dinastias"? Dia 4 de Outubro.
Um dia antes da comemoração da instauração da república, na televisão paga por todos nós, na televisão do Estado Republicano, surge um programa tauromático com o nome "Duas Dinastias, Duas Gerações". Não estou a dizer que a RTP faz apologia da monarquia. Apenas acho inapropriado dar esse nome a um programa no dia 4 de Outubro...

Mas o que vale é que hoje não é 4 de Outubro. Hoje é 5 de Outubro e comemora-se o dia em que foi implementado em Portugal o único sistema que garante que o chefe de estado é democraticamente eleito. Portanto, o único sistema verdadeiramente democrático.

Viva a República!

quarta-feira, outubro 03, 2007

Diário de Marilu, a spédemocrata, sei lá!

Meus kridos, se há coisa sobre a qual eu não gosto particularmente de falar é de politica e de futebol!

E isto porque ou se fala de boa politica e de bom futebol, e aí nem todos sabem falar, ou não se fala...e eu assumo a minha ignorância...não é que não tenha as minhas ideias e os meus ideais...mas já há muito que perdi a esperança numa politica democrática verdadeira e justa, seja neste país seja lá onde for! Por isso não falo de democracia! Porque todos os países que se dizem democratas são na realidade grandes sociedades capitalistas, consumistas e onde o oportunismo impera...onde é que eu estava no 25 de abril? A dizer adeus ao meu pai, que ía em cima dum tanque com o meu tio, içando patrioticamente "a portuguesa"! Eu tinha 7 anos...na percebi nada! Mas sei que o resultado, passados 33 anos é desastroso...e como ando muito macerada com a minha vida, não me apetece sinceramente mostrar o meu lado revolucionário no blog...lamento mas continuarei a fazer o diário de marilu, em tom caustico, brejeiro e alegre! certo?

Então vamos lá!

Hoje é a tia spédemocrata que vai falar ao povinho, táver! É assim spécaturreira!

Ora democracia, hummm...ai o menino tamém faz cá cada pergunta...bem podia perguntar assim coisas mais fáceis, sei lá! Per exemplo, sobre o novo shopping que vai abrir no dia 17 em Torres Vêdras! Vai ser um arraso! Tem imeeeeeeeeeeensas lojas! spécaturras! Adooooooro fazer compras!... hã?...ahh, desculpe, era de democracia qu menino kria keu falasse...olhe eu acho que democracia ê aquela coisa que deixa que toda a gente faça o que lhe dá na real gana...e é tamém quando toda a gente pode tirar assim spéfêrias quando lhe apetece porque há sempre um caturra dum médico amigo que passa o atestadito...e tamém deve ser aquela coisa que deixa que as pessoas de bém sejam cada vez mais pessoas de bém, sei lá, e que os pobres (digo-lhe desde já qódeio pobres...andam sempre tão mal vestidos...um horror!) fiquem onde estão porque é mesmo onde têm que estar...sabe, vou-lhe contar uma coisa! eu e as minhas amigas, quando estamos a fazer umas partidas de bridge no Clube de Vela da Costa Nova (ké giréééééérrrrimo!) falamos assim imeeenso da democracia portuguesa! Achamos quela ê o máximo! Sei lá, prixemplo! Tooooda a gente tem telemóvel, toda a gente tem internet, toda a gente tem mais de um carruxo na garagem...ó tio, então isso não ê democracia? E depois tem aquele krrriiiido do primeiro ministro, ké um caturra (adoro quando ele se mistura com o povo para participar nas corridas de atletismo prós pobres! só lhe fica ê bem!) e a amiga dele, a Milokas, que tá no ministério da educação! Eu e as mennas achamos que mais democratas que eles não há! Eles bem insistem em dizer que são socialistas...oh! Não se lhes liga! É só pa disfarçar! O qeles adoram mesmo é poupar trabalho aos funcionários públicos! Já viu? Qual é o país do mundo onde existem mooooooooontes de ideias novas que são implementadas no ensino sem chatearem absolutamente ninguém? E as pessoas tão spécontentes! Aiiiiiiiiiiiiii...não é preciso bater, tio!

Olhe tio, vamos lá a falar de coisas mais sérias...quando é que pode vir a torres para irmos ao shopping? Já viu o que as lojinhas da cidade vão ficar às moscas? Coitados! São pobres, não pensam! Então ficamos assim combinados tio, tá? Beijinho bom e fico à espera!!!

XXXXIIIIIIII

Liberdade de Expressão

Pode/deve a Escola ensinar a democracia? Pode. Deve.

Quando falo em ensinar a democracia não falo em aulas de democracia (nessas aulas ensinava-se o quê? A fazer uma cruzinha?...).

Se deixamos, como diz ali em baixo o Ctrl.Alt.Del, florescer naturalmente a democracia, há um risco: que ela não floresça. (Este post parte do pressuposto que todos queremos que a democracia floresça...)

Então, o que é ensinar a Democracia? É pôr nas escolas os valores inerentes ao sistema democrático, que são, entre outros:

- Liberdade de Expressão
- Direitos do Cidadão
- Deveres do Cidadão
- Respeito pelas minorias/ Tolerância
- Cidadania

Vou, durante as próximas semanas, falar destes temas um a um. A Educação para a Democracia é muito mais difícil de ensinar que a Educação para um sistema totalitário. Por isso, tem de ser feita de uma forma mais continuada e aberta a diferentes pontos de vista. É aí que começa a democracia: nas diferenças. Votamos porquê? Porque existem diferentes projectos que nos são propsostos. As diferenças e individualidades fundaram a democracia. Por isso, há uma coisa sem a qual a democracia não consegue viver: a Liberdade. E dentro da Liberdade, a Liberdade de Expressão. Esse é o primeiro tema que vou analisar.

  • Liberdade de expressão:

A Escola pode educar para a Liberdade de expressão. Pode fazer isso por permitir, nas áreas onde isso é possível, que os alunos formem e tenham uma opinião.

Por exemplo, isso hoje já acontece quando, pelo menos no Ensino Básico, há aquela reunião de final de período com o director de turma, onde os alunos falam do que está mal e bem no funcionamento da escola, ponto por ponto.

Educar para a liberdade de expressão pode ser uma área a melhorar, por exemplo, na disciplina de Formação Cívica (FC). Ups, disse "disciplina". Primeiro passo: a FC ser considerada uma disciplina. Depois, há que abordar temas nessa disciplina, onde os alunos possam fazer pesquisa (como trabalho de grupo, por exemplo) e debate, com toda a turma. Em Português, também se podia fazer uma coisa: permitir diferentes interpretações de um texto, ou de um poema.

Até aqui estive a falar mais do Básico. Quanto ao Secundário: criar a disciplina de Formação Cívica. É essencial que os estudantes, em idade de formação de ideias, tenham um apoio que contextualize e explique um pouco de política, cultura etc... Há jovens que chegam aos 18 anos, sem saber os órgãos de soberania da República. Vão votar, portanto, no que tem outdoors mais fixes... Não é fazer propaganda na Escola. É explicar o que cada teoria defende, e o contexto actual. Isso poderá trazer alguma subjectividade, dependendo do professor. Mas eu prefiro a subjectividade à total ignorância.

Em Filosofia, deixar espaço para a opinião dos alunos para as questões aí analisadas. Ouvir todas aquelas teorias pode parecer muito distante e abstracto. Mas se o aluno se puser a pensar e a questionar o que ouve, percebe melhor o que está a aprender. Há professores que já fazem isto, mas não é algo institucionalizado. É uma opção do professor, não uma opção programática.

Quando ouvimos falar em liberdade de expressão a primeira coisa que pensamos é imprensa. Em algumas escolas já há clubes de jornalismo. Haver um jornal da escola, com espaço para opinião era bom. Ou um fórum...

Para além disto, há muitas mais coisas que se podem fazer. Cabe a cada escola arranjar métodos aplicados aos seus alunos, para aplicar a liberdade de expressão.

Não me revejo no argumento do Ctrl.Alt.Del, quando diz que a falta de liberdade faz nascer a democracia. Se calhar, é por termos vivido quarenta e tal anos em ditadura que somos uma das democracias mais avançadas da Europa... Não! Países como a França ou a Inglaterra, que não entraram na "moda" nazi-fascista que varreu o resto da Europa Ocidental, são hoje as democracias mais aprimoradas da Europa. Basta ver o parlamento inglês ou a laicidade francesa, para constatar isso. Na Escola, a mesma coisa: quanto mais democrática fôr a Escola, mais democrática será a sociedade. Claro que a Escola não poderá, talvez, tornar-se 100% democrática. Talvez por isso não haja nenhuma democracia perfeita...

terça-feira, outubro 02, 2007

Nao há Palavras Caras ( e compridas ) - Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiose

Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiose é uma doença rara causada pela aspiração de microscópicas partículas de cinzas vulcânicas. A palavra actual e resumida para tal enfermidade é pneumoconiose (percebe-se porquê . No tempo em que um médico estivesse a informar o doente da sua doença, ja' ele astava curado )
O portador da doença é tratado por "Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico", sendo esta a maior palavra da língua portuguesa, com 46 letras. Ela foi registada oficialmente pela primeira vez em 2001 .


Esta vi mesmo no programa do Diogo Infante . Plágio .

Nop!

A democracia não se ensina, vive-se.
Na escola ninguém é eleito, mas investido por um poder superior.
Pode um sistema totalitário ensinar a democracia? Não acredito.
Pode um sistema totalitário, como a escola, gerar democracia?
Sim, todos os dias, o desejo de democracia floresce naqueles que vivem reprimidos por sistemas totalitários.
Não podendo ensinar a democracia, a escola é a nossa esperança de que a democracia floresça...

Porque é que ficamos sempre envergonhados quando vemos fotografias antigas?

Via Spectrum

segunda-feira, outubro 01, 2007

Por onde começar?

Na edição de Outubro da revista Blitz, há uma entrevista com Manu Chao. Houve uma pergunta, ou melhor, uma resposta, que me interessou particularmente:

"Blitz: Mas por onde se começa [a anti-globalização]? Por boicotar as gigantescas companhias multinacionais?

Manu Chao: Há muita coisa que podes fazer. Penso que a primeira (e a mais importante) é parar com este consumismo louco. A educação é o que mais preocupa - na verdade, é o grande problema do mundo actualmente - e a solução passa por ela. Acho que o grande problema do mundo é que, nos bairros, não são as famílias que educam os seus filhos, nem as escolas. As crianças são educadas pela televisão. E a única educação que a televisão lhes dá é: «consome, consome, consome; percisas desta última novidade, e desta, e mais desta, porque, se não tiveres esta última novidade, não és ninguém»... E é assim que as crianças são educadas! Acho isso bastante perigoso, não podemos continuar a consumir a este ritmo."
(o negrito foi acrescentado por mim)

É por estas e por outras, que ele é o meu músico favorito. Não me farto de ouvir as suas músicas, não desisto de entender a sua mensagem. Grande Manu Chao!

Para os fãs, mais uma boa notícia nesta entrevista: Manu Chao vai lançar um álbum em português. Deve ser para compensar os portugueses que nunca o fizeram...

Tema do mês de Outubro: Como educar para a Democracia?


Este é, se quisermos, o tema. Esta é a questão que determina a continuidade ou não do sistema democrático no futuro.
Mas, como pode a Escola educar para a Democracia? E antes disso: sendo a Democracia um sistema onde cada um é livre de ter as opiniões que quiser, deve a Escola ensinar a Democracia?
Se deve: como ensinar a Democracia com neutralidade, sem influenciar politicamente os alunos?
A questão do século XXI não é se a política deve misturar-se com a religião, ou com o futebol, ou com o capital. A questão do século XXI é se a política deve estar na escola.
Por isso, o tema do mês de Outubro é este mesmo: como educar para a Democracia? Deixando-a florescer naturalmente, ou ensinando-a nas salas de aula? No segundo caso, com que métodos e pedagogias se pode ensinar um sistema tão complexo e sensível?
Espero que todos os bloggers desta casa escrevam sobre este tema, que é tão essencial neste novo século.