segunda-feira, janeiro 22, 2007

15 segundos de Gaiteiros de lisboa

Eu tenho um terreno
Mas não tenho enxada
Tenho uma carrinha
Mas é emprestada

Tenho água no poço
Mas está salgada
Com estas sementes
Eu não faço nada

Eu tenho e não tenho
Ando assim, que sorte!
Ando em meias tintas
Nem fraco nem forte...

Eu tenho e não tenho
Não é que me importe
Ninguém me confunde
Nem a própria morte

Ando ao que vier
Ao azar da sorte
Nem cá e nem lá
Nem fraco nem forte...

Tenho um cão de guarda
Dorme o dia inteiro
E tenho uma vaca
Mas pago ao leiteiro

Galinhas e porcos
Já não há dinheiro
Um cão e uma vaca
E eu no poleiro

Eu tenho e não tenho
Ando assim, que sorte!
Ando em meias tintas
Nem fraco nem forte...

Minha casa é grande
Mas chove lá dentro
Tenho um lindo fato
Mas já lá não entro

Eu sei tanta coisa
Mas não me concentro
Tenho a açorda pronta
Falta-me o coentro

Hoje tenho tempo
Está a chover
Amanhã faz sol
Mas não vou poder

É uma canseira
Não vê quem não quer
Que vida agitada
Tudo por fazer!

Eu tenho e não tenho
Ando assim, que sorte!
Ando em meias tintas
Nem fraco nem forte...

Gaiteiros de Lisboa- Nem fraco nem forte- Sátiro (2006)
Letra: Amélia Muge

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