domingo, novembro 19, 2006

Dos comentários aos posts da TLEBS

lourinhã disse...

Este post é um belíssimo exemplo de demagogia.
Tenho acompanhado os vários textos e parece-me que este é um exemplo de "tresleitura". Não me parece que João Costa diga que se devem calar os ignorantes. o que ele diz e bem é que a discussão em torno da TLEBS não deve desviar-se daquilo que a TLEBS é. Isso não tem nada a ver com linguística comparada. Tem a ver com a necessidade de comparar os dois documentos em causa.
Os que argumentam contra a TLEBS vão mudando os argumentos conforme dá jeito. Não me lembro de haver materiais de apoio de jeito por parte do ME para ensinarmos gramática até aqui. Será que é mesmo obrigação do ME produzi-los só para a TLEBS.
Sou professora e faço a transposição didáctica da TLEBS, em cumprimento dos programas. Se calhar, se estes fossem conhecidos e seguidos, a TLEBS não estava a causar tanta guerra. Não leio, portanto, em nada do texto de João Costa, um ataque aos professores.
É bom que esta guerra seja séria e não pautada pela demagogia.

11/19/2006 3:05 AM

Cara professora Lourinhã
Obrigado pelo elogio ;-)

João Costa (e Lourinhã) bem podem querer que a discussão fique dentro da TLEBS, mas esse é exactamente um dos problemas, como se tem vindo a perceber pela discussão pública: não é possível que uma alteração terminológica, tão complexa como a TLEBS, seja generalizada a todo o ensino básico e secundário sem que se discuta para além da TLEBS, sobre as implicações ao nível da família, dos PALOP, do Brasil, dos manuais, dos professores, etc...

Lourinhã pode e deve fazer a transposição didáctica da TLEBS, mas que não o faça por favor em "cumprimento dos programas", conhecidos ou desconhecidos! Como afirma peremptoriamente João Costa no seu artigo: "não [é] um documento que revogue os programas em vigor. Assim, o que é ensinado nas escolas depende dos programas e do Currículo Nacional (CNEB, DEB: 2001) e não da TLEBS. Não havendo alteração destes documentos, não há alteração do peso relativo da gramática nos programas, nem dos conteúdos a ser leccionados, nem transformação das aulas de Português em cursos de linguística"...

O ME não tem obrigação de fazer materiais de apoio para a TLEBS?! Uma alteração tão complexa, sujeita a interpretações e transposições diferentes, em que os próprios especialistas não se entendem quanto às explicações, não pode falhar por cada professor resolver implementar como acha, entende e interpreta melhor (vai acabar por cair na situação que temos agora, em que o predicado pode ser uma coisa diferente dependendo da escola, ou mesmo do professor)...

Sugiro que consulte as perguntas frequentes do site gramaTICª.pt para ver que, por ex, apesar de a TLEBS acabar com a designação de "oração", estabelecendo que é tudo "frase", um especialista responde a uma dúvida complexa (e comparada...) de um professor dizendo laconicamente: "Estamos a considerar a reintrodução do termo "oração" na revisão da TLEBS."...). É claro que o ME tem obrigação de apoiar os professores, garantindo uma implementação coerente em todas as escolas, tal como o fez sempre que implementou uma reforma. Aliás, o ME lançou vários materiais de apoio, esse facto não é posto em causa no meu post, o que é questionado é a sua qualidade (mas isso será tema outro dia).

Também não me parece que nada mova João Costa contra os professores. O que irrita é o tom com que pretende fechar a discussão na sua capela, como se só aos eleitos fosse permitido discutir a TLEBS; a língua e a gramática não são propriedade exclusiva dos linguístas, nem dos que têm necessidade de comparar os dois documentos em causa...

O que era bom mesmo, minha cara, não é que isto fosse uma guerra séria, era que fosse um processo consensual, que correspondesse às necessidades básicas de uniformização, que ninguém põe em causa...

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