Só agora tive tempo para uma leitura atenta da portaria de suspensão da TLEBS, que o inevitável Vasco Graça Moura descascou em boa hora (e dia) na sua coluna no DN do último 25 de Abril: excesso de eufemismo na contextualização da revisão, que até parece que foi um processo civilizado e da iniciativa do ME, 90 dias de consulta pública dos documentos finais e revisão dos programas do 5º ano 9º, deixando inexplicavelmente o 3º e 4º anos, onde aTLEBS também seria implementada.
Parece-me que merece ainda algum destaque o pormenor de ficarem suspensos, até 2010, os processos de adopção de novos manuais das disciplinas de Língua Portuguesa dos 5.o, 6.o, 7.o, 8.o e 9.o anos de escolaridade, ano em que os programas revistos e homologados entram em vigor. O que me causa alguma perplexidade não é esta suspensão, aparentemente acertada, mas o que se passa concretamente com o 7º ano.
Os manuais de 7º ano adoptados no ano passado estavam "conformes" com a TLEBS. Neste momento, os alunos têm gramática "tradicional" (chamemos-lhe assim) até ao 6º, depois têm um manual surreal no 7º, e voltam à mesma no 8º e 9º. E assim vão continuar as coisas até 20010. Será isto normal? Mandamos arrancar as páginas do manual nos próximos 3 anos?
A portaria refere que foram "ouvidas a Associação de Editores e Livreiros e a União de Editores Portugueses". Não diz o que disseram, nem ouvi em lado nenhum. Então estes senhores, que vivem de vender livros, abdicam de facturar uns milhares de euros durante 3 anos?! Quais foram as contrapartidas que lhes foram oferecidas para comprar o seu silêncio e anuência? Aceitam-se palpites...
sábado, abril 28, 2007
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6 comentários:
Eu limito-me a dizer aos meus pequerruchos do 7º ano, quando surge uma caixa de texto cheia de «tlebices»:
- O que está dentro da caixa não é para aprender. Risquem, que é pornografia (he!he!he!).
E, logo de seguida, aproveitamnos para estudar a versão ainda em vigor, que eles têm aprendido muito bem.
Claro que os infelizes do 10º ano continuam a perder mais de metade do ano com a deíxis e as catáforas, que se revelam extremamente úteis para os pôr a detestar o Português até ao final do seus dias.
""conformes" com a TLEBS""
Um pouco fora do contexto, não seria preferível escrever "conformes à TLEBS"?
Nota: não estou certo do que afirmo, mas parece-me haver um abuso da palavra "com".
Essa tal de Catarina devia ser expulsa do ensino!
Um pouco fora do contexto é o comentário, dirigido ao acessório, não ao essencial...
Já agora, não está certo mesmo, o único abuso é o da acusação leviana. Releia o Cunha e Cintra, vai dar com a explicação, não se meta pela TLEBS...
Catarina, na verdade estamos entregues ao livre arbítrio. Tendo em conta que temos mais uns anos disto, não deveria ser editada uma errata, que nos facilitasse a vida e poupasse nas fotocópias, por ex?
"Um pouco fora do contexto é o comentário, dirigido ao acessório, não ao essencial... "
Concedo.
Indo ao essencial, a TLEBS baz-me sentir assim:
Morre-se devagar neste país
Onde é depressa a mágoa e a saudade
Oh meu amor de longe quem me diz
Como é a tua sombra na cidade
Morre-se devagar em frente ao Tejo
Repetindo o teu nome lentamente
Cintura com cintura, beijo a beijo
E gritá-lo ,abraçado, a toda a gente
Morre-se devagar e de morrer
Fica a cinza de um corpo no olhar
Oh meu amor a noite se vier
É seara de nós ao pé do mar
Sim, uma errata seria uma boa solução. Mas calculo que teremos de esperar que os editores no-la façam chegar, e não os estou a ver a darem-se a esse trabalho. De qualquer forma, já é mais ou menos costume os livros escolares trazerem umas gralhas de que só nos apercebemos com o uso - os miúdos já estão habituados a corrigi-las por indicação do professor.
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