domingo, abril 08, 2007

Teoria dos Números

"Número é a relação entre a quantidade e a unidade" (Newton)
Com os dez números que os nossos amigos árabes nos apresentaram podemos construir imensos numerais, os quais são constituídos por dígitos ou algarismos! Por exemplo, 624 é um numeral com três algarismos ou três dígitos...
Bem, mas não quero estar aqui a dar lições de Matemática!
Essa disciplina feita de uma matéria que a tantos assusta e dá vómitos!
Porque será?
Quando eu digo que sou professora de Matemática as expressões das pessoas são variadíssimas! Umas fazem logo uma cara de agonia profunda, como se estivessem a ser queimadas, naquele momento, por um ferro em brasa! Outras, fazem uma cara de admiração como se de um génio aquela expressão estivesse a ser proferida! E ainda há aqueles que fazem uma expressão de quem pensa "deves pensar que és muito inteligente! Tadinha!", e levantam o nariz o mais que conseguem e podem, para mostrar a sua superioridade...Ó inclemência...até me sinto mal!
Como é que uma simples palavra pode causar tantas dicotomias!!
Porque será? Eu penso que sei porquê!
Aqueles que fazem cara de "nojo" são os que tiveram sempre negativa "no monstro" durante todo o seu processo de ensino-aprendizagem; os que fazem a cara de admiração são os que estudaram, marraram, gastaram rios de dinheiro em explicações...e passaram sempre à tangente! Mas conseguiram! E os outros, enfim! São aqueles que conseguiram decifrar o código abstracto que é imposto durante o processo! E muitas vezes, melhor do que qualquer professor! Daí pensarem que são "iluminados", sobre-dotados!
E quando se pergunta a um pai, ou a uma mãe, como vai o filho, o discurso começa sempre pela escola, pelas notas e, logo de seguida pela nota mais importante: a de Matemática! Se a criança é "fraquinha" a Matemática, os progenitores mostram uma expressão de dor e desespero..."a Matemática é que é um problema...não sei o que fazer..."! Se a criança é "boa" a Matemática, é logo a primeira coisa que os progenitores dizem "é o melhor aluno da aula, a Matemática!"
A medida da nossa inteligência é uma unidade meramente relativa!
Quantas crianças "fraquinhas" a Matemática, não se tornam poetas, artistas plásticos, estilistas, etc! E o que as pessoas não reconhecem é que a Matemática as acompanha sempre, para toda a vida! São os números! Numa poesia, as rimas obedecem a uma contagem! Uma escultura tem que ser feita segundo determinadas proporções, por muito surrealista que seja! Um tailleur Channel obedece a determinadas medidas de peito, cintura e anca!
Então os números estão por todo o lado!
Rodeiam-nos!
Circundam-nos!
Envolvem-nos!
Dominam-nos...(os euros...o dinheiro...)!
Então porquê essa aversão?
Foram as Equações e o Teorema de Pitágoras, no 7º ano, os Casos Notáveis, no 8º, foi a Fórmula Resolvente, no 9º, a Trigonometria, no 10º, as Sucessões, no 11º e o Binómio de Newton, no 12º...meu Deus, coitadinhas das crianças!
Isto devia levar uma reviravolta abismal! A Matemática devia ser sempre divertida! Porque tudo é um jogo! Um jogo de números! Mas um jogo que exige trabalho, muito trabalho! A Teoria e a Prática que brinca com os Números! (note-se que Teoria dos Números é um tema muito profundo, alvo de mestrados e doutoramentos!)
Vou acabar como devia ter começado!
Nesta caixinha da Educação Cor-de-Rosa vamos falar de números!
Mas nem sempre na Matemática! Porque, como já vimos, eles estão por todo o lado!
E já agora, é dia 8, um número lindo! Redondinho! Os meninos e meninas rapidamente aprendem a rodar o lápis para o desenhar! O número do dia dos meus anos...e do Elvis Presley!
E também é dia de Páscoa!
Boa Páscoa para todos vós!

2 comentários:

RioDoiro disse...

Bem esgalhado.

"A Matemática devia ser sempre divertida! Porque tudo é um jogo! Um jogo de números! Mas um jogo que exige trabalho, muito trabalho! A Teoria e a Prática que brinca com os Números!"

Sim, tudo é um jogo. Mas só depois de o dominar se percebe que tudo é um jogo. Só depois to tal trabalho ... muito trabalho, se percebe que é um jogo.

Até lá, falar em jogo parece-me contraproducente porque um jogo, ganhe-se ou perca-se, é apenas um jogo. Ou, é pelo menos assim, que as pessoas parecem encarar o jogo (algumas têm mau perder).


... e que tal relacionar o mau domínio de português ao mau domínio de matemática?

.

RioDoiro disse...

"coitadinhas das crianças"

... é isso.

Estive ontem a conversar com um amigo e colega e o panorama é negro.

Parece que famílias e alunos supõem que a escola é apenas uma praxe.

Parece que a malta acha que a equipe de futebol preferida ganhe, mas acha que ter boas notas não é uma vitória própria.

Eu digo que a generalidade (?) dos alunos e famílias acha que a escola não é uma partida que valha a pena ser ganha.

Parece estar-se perante uma massa indistinta, barrenta, derrotada à partida, ...

Eu, por vezes, sou acometido da impressão que, de alguma forma, os alunos estão mortos. Ou vivem num circuito fechado de algo que não lhes pertence, ...?

A minha mãe diz, simplesmente, que se tivessem que trabalhar um pouco (ela refere-se às limpezas da bezerrada que os meus avós criavam) já os alunos dariam valor à vida e à oportunidade que espezinham.

Voltando ao início, o meu amigo referia a necessidade de se fazer uma campanha de que resulte um esforço suplementar de todos (professores, alunos, etc) para ver se seria possível quebrar esta espiral que afecta tudo, mas em que a matemática é apenas a ponta do icebergue por ser uma disciplina em que só (mais claramente) se avança depois de dominar o passo anterior.

... enfim, heresias minhas (e dele).