domingo, abril 22, 2007

Continuando com os contra-sensos...

Eu sei que é de madrugada mas levantei-me com as galinhas para ir fazer uma caminhada, com os galos e os piriquitos, e não resisti vir aqui...e deu-me vontade de responder...ora aqui vai...

Então os senhores da CONFAP estão desde já convidados para me acompanhar numa visita aos Viveiros da Fonte Grada e aos Bombeiros de Torres Vedras com os meus alunos de Percurso Alternativo, turma à qual lecciono Hortofloricultura e Silvicultura...é uma alegria...é vê-los sempre a atravessarem nas passadeiras, tal como recomendado, é vê-los a NUNCA se meterem com as pessoas que passam na rua...então se forem raparigas da mesma idade deles...mas mesmo as mais velhas não escapam aos piropos...é vê-los a respeitarem...é assim! E estas visitas são aulas!!! e eu e o meu par pedagógico (uma professora) e o director de turma e o Conselho Executivo e...sei lá mais quem...(há uma psicóloga a acompanhar mas...coitadinha...não consegue fazer nada...)já esgotámos o nosso latim no sentido de os chamar a toda e qualquer responsabilidade...mas como temos que trabalhar com o que temos, vamos sofrendo e castigando...mas deixar de os levar a estas visitas é que não podemos! umas vezes correm melhor, outras pior!
Então não devia de haver uma equipa especializada de psicólogos e assistentes sociais nas escolas que têm estes tipos de turmas? Com tanto psicólogo desempregado que anda por aí a lavar chávenas em cafés...
Acaba por ser um contra-censo enorme porque se colocarmos estes miúdos problemáticos distribuídos por turmas, quem sofre são aqueles que querem e têm o direito de aprender ( e a quem dá gosto ensinar...e é por isso que eu gosto de dar aulas)!
Distribuí-se o "mar pelas aldeias" e anda uma escola "a bater mal" um ano lectivo inteiro!
Se os juntamos todos numa turma...matam-se uns aos outros! sim, porque a brincadeira favorita é o "bulling", quer contra os pobrezinhos indefesos, quer contra eles próprios...vá lá que nenhum professor ou funcionário levou uma "arrolhada"...mas é pena...(eu nem acredito que estou a dizer isto)...é pena porque era uma transferência de escola e "tava àndar"!
Eu por um lado compreendo que são miúdos com uma história de vida que não passa pela cabeça de muita gente! Mas não deveriam ser criadas escolas para fazer o acompanhamento destes alunos?
Esta história da integração veio PIIIIOOOOORRRRRAAARRR o nosso ensino...até mesmo ao nível dos verdadeiros alunos com necessidades educativas especiais, os meninos e meninas com Síndrome de Down, e outras afins, não deviam eles estarem em escolas próprias? É que assim NINGUÉM APRENDE! É IMPOSSÍVEL! ...
E não digo mais nada porque depois fico muito irritada...tenho que ir tomar o pequeno almoço...

Bonne Dimanche pour vous tous!
With lots of sun in the face and hot in the bonnes...que o reumático é tramado!!!

9 comentários:

RioDoiro disse...

Assino por baixo. As assistentes sociais e afins não se metem nisso.

Não se metem nisso porque (dizem) estão afogadas em papeis. Eu desconfio que procuram afogar-se em papeis para não se meterem no que suponham poder ser por elas resolvido.

... e há escolas onde a navalhada impera. ... questões culturais, ... de opção de vida ... de crença, etc, :-)

Á turma dos talibans faz falta a "turma da ameaça seguinte", quanto mais não fosse a turma em que teriam que encarar o Regulamento de Disciplina Militar. ... mas gastamos tanto dinheiro à volta dos talibans (disseminados por terreno fértil) que depois já não sobre para manter um serviço militar obrigatório.

Nan disse...

A minha menina com Síndrome de Down sempre andou numa escola normal, numa turma normal e ainda ninguém ficou prejudicado com isso. Claro que é mais fácil pôr os «anormaizinhos» à parte e os «meninos bonitos» todos juntos mas olhe que tenho uma série de turmas de «meninos bonitos» e trocava-as já por uma com meninos com Síndorme de Down iguais à minha filha!

Ctrl disse...

A integração na escola regular de alunos com necessidades educativas especiais devia ser decidida caso a caso, de acordo com as necessidades do aluno e com os recursos disponíveis para o acompanhar.
A receita "chapa 20" dá usualmente maus resultados, porque falha em ver o mais importante: as necessidades (que são "especiais") do aluno atendidas. Essa devia ser, na minha opinião, sempre o factor decisivo.
Não importa integrar por integrar, para as estatísticas ou para parecer bem, se depois não se consegue montar um esquema que dê as respostas que o aluno precisa: terapias especializadas, acompanhamento permanente, etc., recursos que costumam estar disponíveis numa instituição de ensino especial.
Não concordo que as escolas, de modo geral, tenham piorado com a integração de alunos com NEE,ainda que muitas não tenham conseguido dispor dos recursos para o seu melhor acompanhamento. Mas este não é um assunto para generalizações.. E não tem nada a ver com alunos indisciplinados.

Nan disse...

Ora bem!«Ctrl.Alt.Del disse...» e disse muito bem! O mal não está na integraçao mas em querer fazer essa integração para «inglês ver» sem dotar a escola dos meios materiais e humanos para que essa integração funcione.
Devo disse que, se a minha filha tem tido o sucesso que efectivamente tem tido, isso se deve ao trabalho incansável dos professores que tem tido e à capacidade reivindicativa dos pais. Não tem sido fácil...!

RioDoiro disse...

Meter necessidades educativas especiais neste saco, é de mau gosto.

Catarina:
..."sem dotar a escola dos meios materiais e humanos para que essa integração funcione".

Não precisa dotar. Basta libertar recursos actualmente dedicados a tentar manter uma coexistência pacífica com bandos de selvagens - os ditos alunos normais.

baldassare disse...

Em que escola é que o Range-O-Dente trabalha?
Gostava de saber.
É que a generalidade das escolas não está assim tão mal como diz...
"bandos de selvagens" = "alunos normais" não é o que se passa em Portugal, pelo menos na maioria das escolas, acho eu.
Sinceramente, mas sinceramente mesmo, acha os alunos assim tão mal-comportados, no geral?

RioDoiro disse...

"Sinceramente, mas sinceramente mesmo, acha os alunos assim tão mal-comportados, no geral?"

Não. Mas os poucos que fazem bedum conseguem subverter e manter uma turma inteira no caos total sem que se consiga entalá-los.

Acresce a isto o facto de uma parte mais substancial dos alunos tomarem como referência os alunos que comportamentos mais desviantes exibem.

... é giro.

Patuxa disse...

Bem, nunca pensei que um simples desabafo meu gerasse tanta polémica...
Catarina, devo-me ter exprimido mal quando me referi à integração de alunos com Síndrome de Down! Veja o que me aconteceu há dois anos atrás: foram-me atribuídos 2 alunos com necessidades educativas especiais, um dos quais com Síndrome de Down, aos quais eu tive que leccionar matemática durante um ano lectivo...foi bastante difícil para mim porque eu NUNCA, JAMAIS, EM TEMPO ALGUM, tive alunos com semelhantes características! Estive 10 anos a leccionar no ensino secundário e, se quis efectivar (e em boa hora o fiz) tive que concorrer ao segundo ciclo! Mas a minha preparação para ensinar alunos com necessidades educativas especiais com as características dos dois meninos que me atribuíram era simplesmente, NULA! E o que é que eu tive que fazer? Desenrrascar-me!
O que me vale, e deixo a modéstia de lado (porque a modéstia em exagero é mesmo vaidade...) é que eu GOSTO, gosto mesmo de ensinar! e acho que até ensino bem...(nem acredito que estou a dizer isto...que convencida!!) E quando se trata de ensinar matemática a crianças, eu faço das tripas coração! Confesso que no caso dos dois alunos que tive foi bastante difícil porque eles eram muito antagónicos entre si! Pegavam-se um com o outro por dá cá aquela palha...meu Deus!
Ora, quando eu fiz aquele comentário foi a pensar nesta minha realidade! Se calhar fui egoísta! É óbvio que sou a favor da integração, mas com as condições necessárias, materiais e humanas! Bem, acho que se deveriam privilegiar as humanas...se não, continuo a dizer, É IMPOSSÍVEL APRENDER EM CONDIÇÕES!
Vou-lhe dar outro exemplo: no ano seguinte, ou seja, no ano passado, na mesma escola, esteve uma aluna com Síndrome de Down, mas com um grau de dificuldade de aprendizagem bastante superior ao meu aluno do ano anterior! A escola teve que aceitar a inscrição daquela aluna. Ela era tratada com todos os cuidados e atenções. Nas horas em que a menina não tinha as aulas próprias do seu currículo, ela estava junto de uma funcionária a fazer desenhos. a senhora em questão tratava-a com se de uma filha se tratasse. Mas não devia a menina estar a brincar com os colegas ou a fazer outras actividades?...não sei o que hei-de pensar! Não sou técnica do Ensino Especial!
Por isso peço-lhe sinceras desculpas se me exprimi mal relativamente à integração dos alunos com Síndrome de Down.
Sucesso para a sua filha é o que eu desejo.

baldassare disse...

Range-O-dente,
Outra pergunta sincera:

Então concorda comigo quando digo que os professores deviam ter maior facilidade em expulsar os alunos mal-comportados das aulas?