quarta-feira, abril 11, 2007

Uma questão de Rumo

Deve haver um regime especial de avaliações para os estudantes-trabalhadores?

Tenho uma colega que, além de estudar, trabalha. Sai das aulas, tal como eu, às 17:15. Só que eu venho para casa estudar, blogar, ver TV etc... . Ela, às 19:30 tem de estar num restaurante a fazer pizzas. O tempo que lhe resta entre o sair da escola e o entrar no trabalho é de duas horas e um quarto. Ela tem duas horas e um quarto para: percorrer o caminho até casa; lanchar; fazer os TPCs; estudar e precorrer o caminho até ao trablho. Eu tenho até às horas que quiser para, além de tudo isso, ir à net, ver TV e o que mais me apetecer.

É justo que eu e essa minha colega sejamos avaliados da mesma maneira, tendo em conta estas diferenças?

Eu acho que não. Devia haver um regime especial de avaliações para os estudantes-trabalhadores, semelhante ao que se dá aos estudantes-imigrantes.
Assim como o imigrante recém-chegado tem dificuldades na aprendizagem e no estudo, o estudante que só tem
duas horas e um quarto de tempo livre tem dificuldades na gestão do tempo de estudo, e até na concentração nas aulas...

Para além de ser uma questão de Justiça Social (uma questão laboral dos alunos), esta é uma questão de Educação. Sendo a Escola, entre outras coisas, uma preparação para a vida e para o trabalho, não deve esta incentivar os que experimentam cedo o mercado de trabalho?

É uma questão de rumo. O rumo da Escola deve ser o do empreendedorismo, o da criatividade e inovação. O do realismo, ou seja, o da preparação para a vida real. A Escola deve beneficiar aqueles que já interiorizaram o trabalho, para que cada vez mais alunos o possam interiorizar.

Poder-se-á dizer: “Mas depois todos os maus alunos arranjavam emprego para terem o regime de avaliação diferente”. E depois? Se conseguirem conciliar as duas coisas, ainda bem! Se não conseguirem, naturalmente abandonam um dos projectos: ou abandonam o emprego (e voltam a dedicar-se exclusivamente aos estudos), ou abandonam a Escola e já têm emprego (o que muitos, provavelmente, nem conseguirão depois de acabar os estudos...).

Acredito, como já disse em outros posts, que a Escola de hoje reflectirá a Sociedade de amanhã. Que tipo de sociedade queremos?

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