Os comentaristas da praça começam a despertar para o tsunami da Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário (TLEBS). Hoje, no PÚBLICO, é a vez de Helena Matos:
"Tendo em conta o que sei até agora sobre a TLEBS é natural que registe com agrado o facto de algumas escolas terem encerrado graças à greve dos trabalhadores da função pública. Pior do que uma aula não dada é uma aula onde se ensine isto.
(...)
A TLEBS arrisca-se a repetir no início século XXI o mesmo desastroso processo protagonizado pelas "árvores" nos anos 80 e ambos os desastres partem do mesmo erro: o de confundir as aulas dos ensinos básico e secundário de Português com um curso abreviado de Linguística. Aliás, um dos aspectos mais perturbantes de toda a concepção das aulas de Português subjacente à TLEBS é que ela sobrevaloriza a fala, a oralidade em detrimento do texto e da literatura.
Primeiro arreigou-se nos espíritos a convicção de que os alunos não se sentiam estimulados com textos literários antigos. Posteriormente já nem os escritores modernos serviam. Os textos literários foram dando lugar a prosas actuais de jornalistas. Por fim nem esses. Seguiram-se-lhes os regulamentos dos concursos televisivos... Com a TLEBS e este império da linguística os alunos vão acabar a analisar os actos de fala da conferência de imprensa da véspera ou da conversa do autocarro. Contudo, ninguém perceberá a conferência de imprensa da véspera, se não tiver lido autores como o Padre António Vieira. E qualquer conversa em português ganha outro brilho quando se leu Eça."
sábado, novembro 11, 2006
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