72,8% dos alunos do 9º ano tiveram negativa no exame.
Mau resultado, deveras. Maus alunos, maus professores, mau GAVE, que não faz um exame adequado ao que temos. Mau para todos; bom para o ME, agora com mais desculpas para "lixar" os professores, nomeadamente os de matemática. É tão fácil dizer ao GAVE "façam um exame muito difícil para a maioria, para podermos aplicar as medidas que de outra maneira seriam inaplicáveis."
Mas enfim... contra o poder não há argumentos, já dizia o outro...
Também fiquei impressionado com a reação da Sociedade Portuguesa da Matemática e do seu líder Nuno Crato: "Nuno Crato diz mesmo que estes exames revelam um fracasso do Plano de Acção da Matemática. «Isto não funcionou. Os professores fazem o melhor que fazem», afirma."
O PAM foi iniciado há um ano. Nuno Crato queria que, num ano, o PAM revolucionasse a Matemática e o ensino da matemática em Portugal. E qual é a solução? 'Deixemo-nos de eduquês e de politicamente correcto... voltemos ao que havia antigamente...' suponho que é esse o plano de Nuno Crato e da SPM... só pode ser.
Se um plano pedagógico não resulta no espaço de um ano, fracassou - segundo esta lógica (?), nenhum plano é bom, porque nenhum plano pedagógico resulta num ano. É matematicamente impossível.
Conjugando o pensamento de NC sobre o ensino e as suas declarações sobre o PAM temos que:
- Um plano pedagógico tem que resultar num ano
...logo...
- Se não resultar num ano, foi porque falhou
...logo...
- Quando um plano pedagógico ou um sistema de ensino falha, o que é que se faz? Deixamos de investigar e voltamos ao sistema anterior, mesmo que esse sistema também falhasse.
A SPM iliba os professores de qualquer responsabilidade neste resultado. O PAM, que foi aplicado há um ano, tem a culpa do resultado negativo. Os professores, que ensinam há dezenas de anos, muitos deles com os mesmos métodos, apesar dos maus resultados constantes, não têm culpa nenhuma...
Última nota: gosto quando se fala das "dificuldades a matemática" ou "o problema da matemática em Portugal"...
Só chega à população os maus resultados a Matemática porque só há exames nacionais a matemática e português. Se houvesse exames a Ciências, História ou FQ, também haveriam muitos problemas e muitas negativas... Todos os professores ganham o mesmo (consoante o escalão), têm as mesmas turmas, os mesmos horários, mas só os de LP e matemática têm de "preparar para o exame" e só estes levam com o carimbo da incompetência, embora a incompetência exista também (arrisco-me a dizer "sobretudo")nas outras disciplinas.
E os alunos? Existem alunos que são melhores a outras disciplinas, mas só vão a exame às que, nalguns casos, têm maior dificuldade... Poder-se-á dizer que é uma questão de prioridades. Desde quando é que fazer exames a todas as disciplinas tirava importância ou prioridade a Matemática e Português?
O que tirava prioridade a estas disciplinas era acabar com o Plano Nacional de Leitura e com o Plano de Acção para a Matemática...
Não é num ano que um plano pedagógico mostra os seus frutos. De qualquer maneira, se realmente o plano não funcionar, há que fazer outro, que funcione.
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7 comentários:
"Desde quando é que fazer exames a todas as disciplinas tirava importância ou prioridade a Matemática e Português?"
Poder-se-ia perguntar por que razão é importante fazer exames a matemática, a português e às restantes disciplinas? Poder-se-ia perguntar de outro modo: o que vale uma disciplina escolar?
Muito me espanta a reacção de Nuno Crato. Lá que a ministra espere resultados num ano, como chegou a insinuar antes dos exames, ainda se compreende (dada a falta de credibilidade), mas a APM?! Enfim... Quando para mais saberão muito bem que grande parte das escolas só recebeu os recursos solicitados lá para Abril, o que reduz ainda mais o prazo disponível. Deve ter começado a silly season...
E eu diria mais...a silly season já dura à bué!
Gostei do que escreveste Baldasse! é pena é que caia em saco roto...mas pode ser que um dia...
Miguel Pinto,
poder-se-á mesmo perguntar "para que serviu esse seu comment?"
qual saco roto? could you be more... specific?
yes i can my dear!
eu só queria dizer que é pena que muitas das criticas valiosas que tu e a outra cobaia (e não só) fazem aqui, com tanto sentido e tão bem redigidas (já deves ter reparado que eu gosto mais de escrever e dizer o que tenho a dizer duma forma muito soft...) deviam de ser imediatamente postas em prática...às vezes chateia-me ter que pensar que sou professora e que pertenco a este mundo de burocracia e de jogos de pedagogia...cansa tanto...e o meu espírito tem que andar livre para que eu consiga dar as aulas que tenho que dar com qualidade (modéstia à parte...)...percebes? não cai em saco roto porque muita gente está de acorod com o que tu escreveste mas cai em saco roto porque dizer o que temos a dizer, por mais bem redigido que esteja, não adianta de nada...já tá tudo tão pinkamente decidido...mas continue-se a luta porque PARAR É MORRER! SIGA PRA BINGO!
:-)
baldassare
O seu comentário em resposta ao meu teve piada. Já reparou que esta conversa dos exames, da exigência, do rigor e outros quejandos, é tão acessória para a melhoria da qualidade das aprendizagens dos alunos como foi acessório o meu comentário nesta breve discussão?
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