Agora que os exames regressam, deixo aqui um post que eu fiz em Setembro de 2006, onde digo que os exames deviam valer 50% da nota e porquê. Ei-lo:
"Leram bem. Sou aluno e acho que os exames, apesar dos maus resultados deste ano, deviam valer 50% da nota, em vez dos actuais 30%... porquê? Por uma simples razão: isso beneficiaria TODOS os alunos. Como? Vejam:
-segundo o sistema actual dos 30%, um aluno que tenha uma nota final do ano 4, se tiver 3,4 ou 5 no exame, a sua nota não se altera. Ou seja, esse aluno só pode descer de nível com a nota dos exames, pois se tiver 1 ou 2, a nota desce. capiche?
-se os exames valessem 50% do total da nota, o aluno, obviamente se tivesse 2 ou 1 descia (tal como acontece no sistema actual), mas se tivesse 3 (média de 3.5, que se arredonda para 4) ou 4, mantia a nota. Até aqui tudo igual. A grande diferença é que, se o aluno de 4 tirasse 5 no exame, ficaria com média de 4.5, que se arredondava para 5... subia a nota.
O mesmo acontece com o aluno de 3. Se os exames valessem 50% só descia para 2, se a nota do exame fosse 1 (tal como acontece com o sistema dos 30%), se tivesse 3 mantinha a nota (média de 3.0) e se tivesse 4, subia a nota (média de 3.5, arredondada para 4). No sistema actual só sobe se tiver 5 no exame... difícil, hã?
Não sei se me fiz entender, mas o que eu quero dizer é: se os exames valessem 50%, a avaliação era mais justa, pois não seria a critério do professor, mas (ainda mais) a critério de um teste nacional de conhecimentos, igual para todo o país, e os alunos sairiam mais beneficiados do exame, o que contribuía para uma média melhor dos alunos portugueses face à europa- eu chamo a isto "interesse nacional".
Porque é que os exames não foram assim desde início? porque se calhar convém à ministra e ao governo que se diga "ai os alunos não estudam nada" e "ai os professores não sabem dar aulas", para que estes possam aplicar as suas medidas estritamente economissistas nas escolas, nunca beneficiando os educadores, os educandos e a educação."
Para quem este ano faz exames, boa sorte! Tudo de bom!
P.S.: Caros co-bloggers e visitantes: criei a etiqueta "Cassete" para quando quisermos repetir textos antigos.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
8 comentários:
"Não sei se me fiz entender, mas o que eu quero dizer é: se os exames valessem 50%, a avaliação era mais justa, pois não seria a critério do professor, mas (ainda mais) a critério de um teste nacional de conhecimentos,"
Como é que no exame nacional o critério passa do professor para o próprio teste ...??? O teste corrige-se a ele próprio? É corrigido por marcianos em vez de professores?
Talvez ... mais uma gambozinadazita?
O professor não conhce o aluno, logo deixa de haver a subjectividade que há quando o professor conhece o aluno...
Não pus isso no texto porque achei demasiado óbvio... claro que o teste é corrigido por um professor! Claro que pode ter erros! Mas não se começa a correcção com uma ideia prévia das capacidades do aluno. O aluno é avaliado APENAS pelo que escreve.
O critério deixa de ser o do professor, e passa a ser o do exame nacional (que é corrigido por um professor...).
Como se costuma dizer: "és parvo ou fazes-te?"
"O professor não conhce o aluno, logo deixa de haver a subjectividade que há quando o professor conhece o aluno..."
Ai que giro. E não se poderá dar o caso da "subjectividade" dar-se mais em função do que se escreve (ou diz), tanto no exame como na sala de aula?
"O critério deixa de ser o do professor, e passa a ser o do exame nacional (que é corrigido por um professor...)."
... que cada professor interpreta de determinada forma ... em função de cada caso ... etc, etc.
Claro que cada professor interpreta o texto do aluno de maneira diferente.
No entanto, o professor não conhece o aluno, ou seja, existe muito menos subjectividade.
É natural um professor "puxar" a avaliação para cima, no teste de um aluno que se comporta bem na aula. É natural haver alguma resistência em dar Muito Bom a um aluno de 2...
Mas um exame nacional deve ser o mais objectivo possível.
Se quisermos total objectividade, então pode-se fazer de escolha múltipla, como nos EUA...
Mas essa objectividade depende da objectividade do proponente do exame. No nosso caso o proponente é posto em causa todos os dias, pelos pares, de forma crescentemente incisiva. Esta-se, portanto, tendencialmente, a "tirar a limpo" aquilo que o aluno sabe no campo do politicamente correcto, da análise niilista, na abordagem palerma segundo o eduquês reinante.
Evidentemente que em ciências a coisa é menos problemática, como o é menos na sala de aula.
"Claro que cada professor interpreta o texto do aluno de maneira diferente."
Os exames não são corrigidos por um único professor.
A tentativa de fazer exames assépticos é mais um disparate do ministério.
"É natural um professor "puxar" a avaliação para cima, no teste de um aluno que se comporta bem na aula."
Não me parece natural "puxar" a avaliação do teste, mas parece-me razoável que aplique uma sanção à nota do aluno em função do comportamento (o que vai dar ao mesmo).
Isso coloca o aluno perante o seu valor real face à forma como o mundo real o verá posteriormente. O exame é, neste ponto, inútil.
Para o mundo real, um caramelo de comportamento duvidoso é um alvo a abater.
Mas ninguém está a dizer que o exame devia valer tudo. O exame deve avaliar os conhecimentos. O comportamento, as outras competências etc... são avaliadas pelo professor.
Quando eu digo "natural", não estou a justificar tal acto. Estou a dizer que compreendo o professor que dá a nota do teste tendo em conta o seu comportamento, postura e simpatia. Mas o exame deve servir para isso mesmo: avaliar objectivamente o que exige uma avaliação objectiva. Refiro-me aos conhecimentos.
Toda a gente sabe que há alunos "marcados", uns para terem sempre boas notas, outros bem pelo contrário. Quando um aluno que só teve negativas tem um Satisfaz, é porque o seu teste estava ao nível do Satisfaz Bem ou do Bom. Esta é a realidade... bons alunos ficam marcados como bons alunos e vice-versa...
O exame serve para avaliar objectivamente os conhecimentos.
Mas o meu ponto, neste post, foi: um exame a valer 50% seria SEMPRE melhor para os alunos. Melhor para os bons e para os maus, por uma questão matemática. E Portugal precisa de boas estatísticas e de alunos motivados...
Enviar um comentário