Pergunta da Semana: "Se o professor não deu a matéria (toda), como é que os alunos vão a exame? O que é que se faz?"
Resposta do meu co-blogger Ctrl.Alt.Del.: "O professor não dá matéria, segundo o ME é um "facilitador de aprendizagens" e um "criador de situações de aprendizagem"; assim, se há matéria que o aluno não aprendeu, o problema é, obviamente, dele ;-)"
A culpa não é, obviamente, do aluno. A culpa é, obviamente, do professor que não deu a matéria.
Mas essa não era a minha questão. A minha questão é "se o professor não deu matéria, o que é que fazem os alunos?". Não podem fazer nada. Nem os que estiveram nas aulas. Eu, a esta pergunta, queria respostas, não ironias...
Sinceramente não sei. Pode um aluno ser prejudicado pela incompetência de outra pessoa? Não, certamente. Como resolver este impasse? A pergunta da Semana mantem-se.
P.S.: O professor dá matéria. É um facilitador de aprendizagens, é um criador de situações de aprendizagem, é um estimulador do pensamento, mas tem de dar matéria.
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5 comentários:
O professor não «deu» a matéria porque o programa não contem matéria para dar. O que o programa contém é uma nuvem indefinida de «competências», «atitudes», «saberes», etc. que não são nem podem ser avaliadas num exame, e muito menos num exame escrito. Na prática, a lei exige ao professor que avalie o que lhe foi proibido ensinar, e que ensine o que lhe será proibido avaliar.
A ironia é porque não há explicações fáceis para isto, é fácil apontar o dedo ao professor, mas há sempre múltiplas razões, que se podem combinar entre si: professor é incompetente, o currículo é demasiado longo e o ME encurtou o tempo lectivo atribuído à disciplina, a turma é indisciplinada e passa-se mais tempo a manter os alunos apartados de brigas do que a "dar matéria", há alunos que não querem o que o professor está "a dar", as condições da escola perturbam as aulas, há alunos com fome, os materiais de apoio são poucos ou inexistentes, enfim, poderia continuar com a lista...
A solução seria ter uma equipa de inspectores a investigar o que se passou em cada turma, eventualmente com recurso a registos vídeo e áudio das aulas, captados pelas câmaras de vigilância que cada sala naturalmente teria.
Depois agir em conformidade. Se a culpa fosse do professor, despedi-lo; se fosse de alunos, expulsá-los; se fosse da escola, encerrá-la; se fosse da ministra, demiti-la. Ou então, reciclá-los, sempre era mais ecológico...
A minha pergunta é feita na óptica do aluno, não na óptica de apurar responsabilidades.
O que fazem os alunos?
Isso é que é essencial.
O resto não me interessa, são apenas frutos de uma Escola que não está centrada no aluno. Houve más notas? De quem é a responsabilidade?; Houve boas notas? Quem é que foi o responsável pelo sucesso? Os últimos a serem considerados são os alunos.
Numa escola centrada no professor, quando não é dada a matéria, vão-se logo apurar responsabilidades. Numa escola centrada no aluno vai-se logo ver o que pode ser feito para remediar os lesados.
E quando o aluno não está interessado em receber o que o professor está a dar? Vai-se logo ver o que pode ser feito para remediar o auto-lesado? Avancem os psicólogos, os assistentes sociais, os pedopsiquiatras e companhia, porque o aluno não está interessado e acha que é mais interessante testar os limites (do professor, dos colegas, da escola, do sistema).
Sem apurar responsabilidades, ou apurando primeiro de quem são as responsabilidades, para encontrar remédios?
http://range-o-dente.blogspot.com/2007/06/e-se-o-professor-no-deu-matria.html
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