segunda-feira, outubro 01, 2007

Por onde começar?

Na edição de Outubro da revista Blitz, há uma entrevista com Manu Chao. Houve uma pergunta, ou melhor, uma resposta, que me interessou particularmente:

"Blitz: Mas por onde se começa [a anti-globalização]? Por boicotar as gigantescas companhias multinacionais?

Manu Chao: Há muita coisa que podes fazer. Penso que a primeira (e a mais importante) é parar com este consumismo louco. A educação é o que mais preocupa - na verdade, é o grande problema do mundo actualmente - e a solução passa por ela. Acho que o grande problema do mundo é que, nos bairros, não são as famílias que educam os seus filhos, nem as escolas. As crianças são educadas pela televisão. E a única educação que a televisão lhes dá é: «consome, consome, consome; percisas desta última novidade, e desta, e mais desta, porque, se não tiveres esta última novidade, não és ninguém»... E é assim que as crianças são educadas! Acho isso bastante perigoso, não podemos continuar a consumir a este ritmo."
(o negrito foi acrescentado por mim)

É por estas e por outras, que ele é o meu músico favorito. Não me farto de ouvir as suas músicas, não desisto de entender a sua mensagem. Grande Manu Chao!

Para os fãs, mais uma boa notícia nesta entrevista: Manu Chao vai lançar um álbum em português. Deve ser para compensar os portugueses que nunca o fizeram...

10 comentários:

Joaquim Moedas Duarte disse...

É verdade que a educação vista como solução para o mundo é uma velha ideia que já os nossos liberais do séc. XIX defendiam com entusiasmo.
O problema é que isso não chega. A febre de consumo é tanta que não há escola que consiga pôr-lhe barreira.
Subscrevo as palavras de Manu Chao mas com muito cepticismo...

RioDoiro disse...

É portanto politicamente correcto refrear as compras desde que sejam oriundas de multinacionais. Só essas.

Se não forem multinacionais, consumir, consumir, consumir.

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baldassare disse...

Range,

isso está na pergunta. Na resposta, não encontra essa argumentação. O que ele diz na resposta é, aliás, uma realidade que penso que o range também contesta, embora por motivos diferentes: Que a televisão é que está a educar a juventude. Mal.

Quanto ao boicote às multinacionais, eu tento fazê-lo. Não é totalmente possível...

Tento dar primazia a productos 560, ou seja, produzidos em Portugal.
Não era nada mau que nos bares das escolas esta política fosse seguida. É aquele tipo de patriotismo em que vale a pena investir.

baldassare disse...

Meón,
tem razão.

Mas o problema é quando os jovens são educados (pela TV) para o consumismo.
A educação pode não resolver o problema. O mau é quando o agrava, por negligência.

RioDoiro disse...

Não faz qualquer sentido relacionar multinacionais com consumismo, muito embora seja politicamente correcto fazê-lo.

Das duas uma ou se está contra o consumismo ou não. Se se está, está-se seja qual for a origem da mercadoria. De outra forma esta-se apenas contra as multinacionais e a história do consumismo é apenas uma cortina de fumo ara esconder qualquer coisa - provavelmente um disparate do mundo do politicamente correcto.

Eu sou contra o consumismo, estou-me nas tintas em relação so resto.

Também me estou nas tintas para a publicidade em geral. Raramente vejo mais que 2 segundos de 1 anúncio (o tempo suficiente para mudar de canal ou, em último caso, desligar a televisão). Mas estou-me nas tintas em relação à origem da publicidade.

(Uso o termo publicidade em relação à tralha que, quanto a mim, cai no mundo do consumismo - nem sempre a publicidade é desse tipo, mas é quase toda).

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RioDoiro disse...

"produzidos em Portugal"


... o reino do disparate ... logo explico porquê.

RioDoiro disse...

"produzidos em Portugal"

Por favor, dê exemplos de coisas "560" que o Baldassare compra em Portugal, produzido por portugueses, patriótico, portanto.

Se possível que sejam uma amostragem, mesmo que muito pouco precisa, de um cabaz de compras, mesmo ainda que não inclua coisas que possam cair na classificação de supérfluas ou de consumismo.

Coisas de 1ª necessidade.

Vejamos como vai a sua contabilidade de "coisa nacional".

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RioDoiro disse...

Já agora, se não for pedir demasiado, explique-nos como faz quando, em sua casa, se funde uma lâmpada.

Não se esqueça dos 560.

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baldassare disse...

Por isso é que eu digo que consumir sem as multinacionais "não é totalmente possível"... Mas, naquilo que posso, tento.

A relação entre consumismo e multinacionais, na realidade, existe. A maioria dos anúncios a apelar ao consumo vêm de multinacionais.

Eu não defendo que sejam proibidas as multinacionais em Portugal. Eu, enquanto indivíduo, é que tento dar primazia a productos portugueses, por uma questão patriótica, e até por uma questão política. Posso?

Também, como lhe disse, acho que não era nada mau que as escolas portuguesas só vendessem productos made in Portugal. Não era nada mau para a economia, para o sentimento patriótico...

Mas atenção: não sou radical, neste aspecto. Tento consumir productos portugueses e é uma opção minha, assim como será uma opção minha se um dia deixar de o fazer... quanto a si, faça o que quiser, que eu não o vou insultar por beber iogurtes da Nestlé...

Boa tarde.

RioDoiro disse...

"A maioria dos anúncios a apelar ao consumo vêm de multinacionais. "

Se 90% do que é consumido é produzido por multinacionais, é de esperar que 90% da publicidade venha daí.

Mas se calhar mais de 90% do que é produzido vem de multinacionais e manos de 90% da publicidade vem de multinacionais!

Tem a certeza que a coisa é como diz?

O patriotismo é uma balela porque o que é nacional é produzido por equipamentos produzidos por multinacionais o que implica que a larga maioria do valor da coisa inclui custos de produção relativos a esses meios.

A maior parte da matéria prima do que não é agrícola é produzido por multinacionais.

Para não ficar a impressão de que o Baldassare tem simplesmente uma posição de puro preconceito em relação às multinacionais, experimente responder ao meu anterior repto:

Por favor, dê exemplos de coisas "560" que o Baldassare compra em Portugal, produzido por portugueses, patriótico, portanto.

Se possível que sejam uma amostragem, mesmo que muito pouco precisa, de um cabaz de compras, mesmo ainda que não inclua coisas que possam cair na classificação de supérfluas ou de consumismo.

Coisas de 1ª necessidade.

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