Até agora, a única força à Esquerda que fazia alguma coisa sobre Educação era a JCP, com uma boa estrutura de luta e defesa dos direitos dos alunos.
Com este fórum, esperemos que o Bloco passe a encarar este tema como o grande tema deste século. Quanto mais esta questão fôr discutida, melhor.
Relacionado com o tema deste mês (Como educar para a democracia?), ver esta entrevista com Sérgio Niza, com o tema "A Construção de uma Democracia na Acção Educativa".
Também gostei do texto de Maria José Araújo, que vou aqui transcrever:
Actividades de tempo livre sem tempo nem liberdade
Texto de Maria José Araújo:
Os lugares de brincadeira e esconderijo, lugares que estimulam a exploração e a transgressão de todo o tipo de limites, possibilitando formas de transformar o mundo, estão em extinção nos grandes centros urbanos. As crianças, submetidas a pressões educativas, pragmáticas e intelectuais excessivas, "rebentam" pelo comportamento.
A hiper-escolarização, a institucionalização do tempo livre e a existência mais ou menos generalizada de instituições para acompanhamento escolar, fora da escola, como é o caso dos Centros de Actividades de Tempo Livre constitui em si mesma um fenómeno social gerador de transformações no modo de vida das crianças, nos seus hábitos, na sua maneira de pensar, conviver e crescer. Os adultos têm tido dificuldade em encontrar fórmulas interessantes que lhes permitam dar conta de uma coisa tão simples e complexa como é entender as crianças e fazer da sua vida uma infância de agradáveis lembranças.
As crianças acomodam-se ou resistem a um quotidiano preenchido por tarefas, em espaços fechados com gente de todo o tamanho e de todos os jeitos, que supostamente as "entretêm". Numa sociedade em que "incessantemente se afirma o primado do trabalho (produtivo) sobre o lazer (inútil) e da razão (objectiva) sobre a fantasia (irreal) não admira, pois, que as sucessivas aquisições que são proporcionadas às crianças em vez de constituírem novos apelos ao imaginário, sejam o contrário, novas pontes para o real", como refere Agostinho Ribeiro*
Da visão das crianças sobre o mundo monstruoso, apopléctico, tentacular, atropelante e todavia sedutor já nos falava o Amadeu de "Cinco Réis de Gente", da capacidade de sonhar, imaginar e aventurar no tempo livre fala-nos o Zézé de "O Meu Pé de Laranja Lima". E nós? Nós inventamos uma solução nova: fazemos de conta que não vemos.
Neste sentido, e para recuperar a criatividade das crianças, é preciso encontrar um diálogo produtivo junto das crianças e jovens, das escolas e professores, dos pais e encarregados de educação e do público em geral, pois que me parece absolutamente necessário e urgente reabilitar o brincar e sobretudo o brincar com os outros (os amigos), o "brincar
com". "Brincar e sonhar (ou brincar sonhando) é algo que nos permite crescer e encontrar ideias, novas acções educativas ou reeducativas, quer se trate de crianças ou adultos, na área do conhecimento, do auto-conceito ou da interacção social, devemos começar por estabelecer as condições para se poder brincar" *
Notas
* RIBEIRO, Agostinho (1988) Brincar, Sonhar e Criar: Para uma psicopedagogia da Criatividade. Porto: FPCE-UP.
Maria José Araújo é investigadora do centro de investigação e intervenção educativas da FPCEUP"
(link)
5 comentários:
Não podia estar mais de acordo.
Deixem os putos brincar!
Ponham-nos a correr e saltar....a fazer EF!!!!!!
Por acaso o texto é contra as actividades desse tipo totalmente controladas e programadas...
O que mais faltava era criar uma disciplina de brincadeira...
deixem os miúdos brincar: mais intervalos e acabar com as aulas de substituição!
Tem algum trauma com EF?
Não... você é que está sempre a vir com o assunto...
Você acredita mesmo no que diz sobre EF? É que se acredita podia esforçar-se em usar argumentos. Não lhe peço bons argumentos, mas ao menos argumentos e não perguntas do tipo "Tem algum trauma com EF?".
Sendo este um blogue de educação temos que "esmioçar" os mesmos assuntos, para mantê-lo o mais vivo possível. E quando temos comentadores que a propósito de qualquer assunto vêm-nos com EF, é difícil evitar a questão. Eu acho que o trauma é seu e é contra todas as outras disciplinas.
Para não me vir outra vez com esses disparates digo-lhe já: tive 16 a EF, que é um bocadinho mais que a minha média global.
Veja lá se ganha juízo ;-D
1º- Acredito;
2º- Já dei suficientes argumentos para tal;
3º- O meu ´problema é com a FC;
4º- A média não deve ser lá grande coisa;
5º- Muito juízo tenho eu tido. Agora estou mais naquela do "deixa-te mas é das tretas do tem juízo".
Tásse!
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