quarta-feira, janeiro 02, 2008

O poder (político) na Escola- BE

O Bloco é o partido que tem um programa educativo mais claro, específico e... extenso. Não posso colocar aqui todo o texto do programa do BE, mas, para quem estiver interessado, é na secção "Resolver a dívida interna e o défice democrático", ponto 2.

No entanto, vou citar algumas propostas:

"Uma concepção do acto educativo que não se queira limitar a uma educação do tipo «externo-cleido-mastoideu», uma educação que pretenda ser arma de combate efectivo contra a exclusão social, contra a simples privação de desenvolvimento, cultural, afectivo e psicomotor, tem que responsabilizar o Estado por uma intervenção precoce. Por isso defendemos a expansão da oferta educativa a montante, colocando sobre o Estado o ónus de garantir que todas as crianças tenham acesso à Educação para a Infância a partir dos 4 anos de idade. Seja em contexto familiar, quando as famílias explicitamente fizerem essa opção, seja em contexto de instituição educativa do Estado. "

"Sobre gestão e administração escolar o Bloco defende três princípios fundamentais para a organização da administração escolar:
• princípio da colegialidade,
• princípio da democracia e representatividade de todos os membros das comunidades educativas "


"A recente discussão pública em torno da existência de escolas a funcionar com um reduzio número de alunos não pode escamotear a existência, por outro lado, de estabelecimentos de ensino que funcionam com turmas muito acima do que é pedagogicamente recomendável. "

"A redução do número de alunos por turma é, assim, uma forma de aproximar o professor da realidade de cada estudante e do seu meio sócio-cultural, podendo dispor de mais condições para assegurar a desejável articulação das escolas com a população escolar."

"É imperativa a certificação dos manuais a serem lançados no mercado"

"o Bloco defende que a graduação do 2º ciclo correspondente à actual licenciatura deverá continuar a ser financiada pelo Estado."

"O bloco defende (...) A rejeição da lei de financiamento que estrangula as universidades e a dotação orçamental adequada para a sua prioridade, abolindo-se as propinas."

Uma coisa há a saudar: medidas específicas e realistas, ao contrário da maioria dos outros partidos, que têm medidas genéricas e/ou irrealizáveis.

O Bloco de Esquerda tem a típica visão de esquerda da Escola: a Escola deve lutar "contra a exclusão social" e ser um local de desenvolvimento individual dos alunos. Eu partilho desta visão do que deve ser a Escola. No fundo, esta é a visão da Escola centrada no Aluno.

Mas há que assumir uma coisa: uma Escola que aposta neste tipo de medidas tem, normalmente, piores resultados que a Escola que só trabalha para os resultados (o que é normal... se uma Escola concentra-se apenas na obtenção de resultados, conseguirá mais sucesso nesse campo, embora tenha menos sucesso em todos os outros campos...)

É verdade que havendo pressão para obtenção de resultados, é normal surgirem melhores resultados. Havendo pouco tempo livre e muito tempo de estudo, muita competição entre alunos, são esperadas melhores notas. Com isto, porém, perde-se muita coisa na formação do indivíduo.

Há que encontrar um meio-termo. Não há nada de mal em alguma competição, em algum foco nos resultados, desde que se crie momentos de outros tipos de aprendizagem. Porque a aquisição de conhecimentos e capacidade de raciocínio fazem parte da formação do cidadão.

1 comentário:

RioDoiro disse...

O antídoto à picada da carraça:

http://range-o-dente.blogspot.com/2008/01/dissecando-dissecando-dissecando.html

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