quarta-feira, novembro 14, 2007

O reconhecimento do mérito... a quatro professores

Foram atribuídos quatro prémios a quatro professores do ensino público, para a "a valorização do mérito e da excelência no ensino", segundo a Nossa Senhora ministra da Educação.

Este prémio atribui 25 000€ ao vencedor.

Em tempo de contenção, acho ultrajante este tipo de prémios que não contribuem nada para a qualidade do ensino. Algum professor vai esforçar-se especialmente na sua qualidade de ensino, para conseguir um prémio que terá poucas esperanças de alcançar? É que só são distinguidos quatro professores por ano... e só um deles recebe os 25 000€.

Qualquer medida educativa que não seja para o melhoramento do ensino, neste momento, é injustificada. Até prémios de reconhecimento.

Andam os professores com carreiras congeladas, titularidade quotizada, reformas mais tarde, para o governo fazer este tipo de propaganda?

Não sou contra este prémio. Sou contra este prémio agora, num momento em que os professores estão a perder direitos em nome da contenção orçamental. Porque acho que não contribui para o melhoramento futuro do ensino, nem sequer motiva os professores... antes pelo contrário.

13 comentários:

Ctrl disse...

A maior vergonha foi ainda ter havido meia dúzia de almas que se prestaram à palhaçada de terem concorrido, a fazerem de figurantes neste circo...

A classe dos professores neste momento nem sequer é classe, é desclassificada, enxovalhada, de espinha dorsal quebrada.

Nunca vi tanta gente com vontade de se ir embora, e se fossem os piores ainda significaria que se tinha tirado algum proveito disto tudo, mas é precisamente o contrário, são naqueles que não vivem bem vergados que os sintomas se manifestam.

Enfim...

RioDoiro disse...

Baldassare:
"Algum professor vai esforçar-se especialmente na sua qualidade de ensino, para conseguir um prémio que terá poucas esperanças de alcançar?"

Não vai, porque o ensino não é um concurso televisivo.

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baldassare disse...

Range,

Eu não estava a criticar os professores... claro que ningém se vai esforçar ESPECIALMENTE para ganhar 25 000€... e acho muito bem! Esforcem-se por motivos mais nobres...

RioDoiro disse...

" [...] para conseguir um prémio que terá poucas esperanças de alcançar?"

Foi justamente o Baldassare que deu valor à coisa.

Foi o Baldassare que pôs em cima da mesa o alcançar desse prémio como algo de relevante.

O seu lamento está ligado à "pouca esperança" de o alcançar ... se houvesse mais esperança ...

O pé fóge-lhe, com muita frequência, para a chinela.

O seu desgosto em relação ao assunto é outro. Se quiser explicar melhor qual ...

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baldassare disse...

Se fôsse mais provável ganhar o prémio de 25 000€, garanto-lhe que muitos professores esforçavam-se especialmente para o obter...

"O seu lamento está ligado à "pouca esperança" de o alcançar ... se houvesse mais esperança ..."

O que eu digo é: se o prémio fosse mais fácil de alcançar, muitos esforçar-se-iam especialmente. Não estou a dizer que aprovo ou desaprovo esse hipotético esforço especial, por esse motivo.

O que eu desaprovo é uma medida que não faz os professores esforçarem-se especialmente na sua qualidade de ensino. Porque é inútil.

Num mundo perfeito, os professores esforçavam-se por motivos altruístas. No mundo real, esforçam-se por recompensas (salário, por exemplo). Uma medida educativa que atribui um prémio a um só professor no país todo, não constitui uma recompensa minimamente alcansável, e para além disso desrespeita a classe dos professores, neste contexto de cortes orçamentais para a educação. É, como já disse, inútil.

Sou a favor de recompensas para os bons professores (menores que 25000€...), mais alcansáveis e que, por serem mais alcansáveis, constituam uma real melhoria no ensino.

"se houvesse mais esperança..." podia ser que o ensino melhorasse.

RioDoiro disse...

Baldassare:
"Esforcem-se por motivos mais nobres..."

Então o motivo mais nobre é ganhar o prémio? De que é que falamos? De nobreza ou de prémio?

O Baldassare escreve uma coisa pensando outra. Ou melhor, escreve tentando fazer crer que pensa uma coisa, mas pensa outra, não sendo capaz de esconder o que realmente pensa. E o que pensa, cheira mal.

Os professores não são cães que trabalhem apenas em função da recompensa. Tem sido justamente por se trabalhar em função da recompensa que tem levado os professores à desconsideração em que se encontram.

"Se fosse mais provável ganhar o prémio de 25 000€, garanto-lhe que muitos professores esforçavam-se especialmente para o obter..."

Claro: se houvesse um prémio por cada 2 professores ...

Então, o Baldassare defende agora que o ensino deva ser centrado no prémio, já não defende que deva ser centrado "nos interesses do aluno".

Tá bem.

Ouviu ou leu o discurso de Daniel Sampaio?

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baldassare disse...

"Então o motivo mais nobre é ganhar o prémio? De que é que falamos? De nobreza ou de prémio?"

Numa situação ideal, seria de nobreza. Na realidade, a maioria esforça-se por recompensas (não só mas também monetárias).

Numa situação ideal os alunos esforçariam-se para beneficiar a sociedade. No mundo real, cá está, por recompensas.

Para mim, a Educação centrada no Aluno é dar recompensas aos alunos, focar os objectivos nos alunos. E isso não dispensa a qualidade de ensino, que por sua vez não dispensa o esforço dos professores que, quer queiramos quer não, está dependente de recompensas. Mas se os professores se esforçarem sem recompensas, tudo bem.

Por isso é que eu digo Esforcem-se por motivos mais nobres, mas se não fôr possível, esforcem-se por recompensas (em termos de salário, reforma, carga horária, prémios minimamente acessíveis etc...).

Eu quero uma boa escola pública. E a escola pública tem de, não só atraír os bons alunos, mas também atraír os bons professores, para não irem todos para o privado.

Para si, que acredita na extrema pureza da responsabilidade social e esforço dos professores, como é que explica que haja professores no ensino privado? Porque lá o ensino é mais abrangente? Porque conseguem ter mais qualidade de ensino? Ou será pelo... não pode ser!
A Escola pública, se quer sobreviver como primeira escolha (ou voltar a ser primeira escolha), tem de competir pelos bons alunos e pelos bons professores. Competir a sério, sem fantochada.

RioDoiro disse...

Ouviu ou leu as declarações de Daniel Sampaio?

"Para si, que acredita na extrema pureza da responsabilidade social e esforço dos professores ..."

"pureza"? Quem lhe disse? Lá que o Baldassare alinhe em utopias é consigo. Mas meter-me a mim nelas ...

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baldassare disse...

"Tem sido justamente por se trabalhar em função da recompensa que tem levado os professores à desconsideração em que se encontram."

Então, suponho que seja contra essa lógica... Sendo assim, como é que explica a preferência de alguns professores pelo privado? Por muito estranho que lhe pareça, isso acontece porque o privado dá algumas recompensas que o público não dá. E que, a meu ver, deveria dar.

Não li ou ouvi o descurso de Daniel Sampaio. Ouvi uns excertos, em que falava da importância de reconhecer o mérito a professores, se bem me lembro.

RioDoiro disse...

"Então, suponho que seja contra essa lógica... Sendo assim, como é que explica a preferência de alguns professores pelo privado? Por muito estranho que lhe pareça, isso acontece porque o privado dá algumas recompensas que o público não dá."

O Baldassare tende a supor que um gajo que entra, encharcado, a porta de casa, é porque esteve a tomar banho na praia, mesmo que seja inverno e esteja a chover.

Experimente pensar que no privado não se atura o que se atura na escola pública (regra geral) e que, também por essa via, se pode ganhar mais: a escola é mais profícua.

Já lhe ocorreu pensar que há professores que, não ganhando mais na escola privada, preferem mesmo assim lá estar?

E que contas faço para supor que ganham menos (antevejo a pergunta)? Na escola provada não há o nível de balda que na pública (embora haja agora menos), e a paranóia do "eduquês" é bem menos acentuada.

Baldassare. O dinheiro é muito importante, mas a vida não começa e acaba aí, e a escola não é (não devia ser) um concurso televisivo.

O Baldassare está tão mergulhado na lama, que já nem é capaz de ler aquilo que escreve.

... e suponho que não esteja sozinho.

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RioDoiro disse...

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1310318

baldassare disse...

"Na realidade, a maioria esforça-se por recompensas (não só mas também monetárias)", disse eu.

Essas melhores condições que enumerou são uma recompensa, ou não? Ter alunos com explicadores, pais atentos, disciplina familiar não é uma grande recompensa (que o público não pode dar pela sua abrangência)? Ter menos stress nas aulas não é uma recompensa? O seu comment todo não passa de uma enumeração de recompensas que fazem os professores optar pelo privado... mais me ajuda...

Esse comment está de acordo com o que eu dizia: as pessoas, nesta sociedade, só se esforçam por recompensas. Por isso, o ensino público, se quer vencer, tem de oferecer recompensas que o privado não oferece, para atrair os bons professores.

RioDoiro disse...

"O seu comment todo não passa de uma enumeração de recompensas que fazem os professores optar pelo privado... mais me ajuda... "

Voltando a citar o Baldassare:

" [...] para conseguir um prémio que terá poucas esperanças de alcançar?"

E reafirmando ...

Foi justamente o Baldassare que deu valor à coisa.

Foi o Baldassare que pôs em cima da mesa o alcançar desse prémio como algo de relevante.

O seu lamento está ligado à "pouca esperança" de o alcançar ... se houvesse mais esperança ...

O pé fóge-lhe, com muita frequência, para a chinela.

...

Que o Baldassare escreva um monte de disparates e depois se arrependa, compreende-se. É humano.

Que pretenda armar-se em incompreendido, não pega.

O Baldassare quer fazer querer que pensa uma coisa mas pensa outra. Deixou escapar a fraze mortal (volto a citar) " [...] para conseguir um prémio que terá poucas esperanças de alcançar?".

Aqui é que bate o ponto. É aqui que o Baldassare revela que, segundo pensa (deixou escapar), é fulcral o problema do valor do prémio. Aliás. de seguida refere: "e só um deles recebe os 25 000€".

Aliás, Ctrl.Alt.Del comenta: "A maior vergonha foi ainda [...]"

Parece que não foi o único a perceber que o Baldassare tinha disparado uma arma de cano entupido.

Perante o exposto parece razoável pensar que o Baldassare é 'todo por coisas giras tipo prémios televisivos', mas que alguns decidem, por motivos que não comento de momento, não lhe chamar a isso a atenção.

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