quarta-feira, março 26, 2008

Por isto é que eu digo... mandem-nos para a rua!

O vídeo da disputa do telemóvel já foi falado e re-falado. Já serviu para aproveitamento político e para muita demagogia e generalização. Até já deu negócio.

Eu acho que os professores deviam usar mais frequentemente o mandar para a rua como método de evitar estas cenas deploráveis. O aluno é avisado, se volta a abusar simplesmente sai e assim só se prejudica a si próprio, e não aos outros todos. Prejudica-se na matéria que não vai aprender e prejudica-se no número de faltas injustificadas, e possivelmente com processo disciplinar. Mas entretanto, deixa os outros ter a aula...

Mais do que autoridade, falta aos professores credibilidade perante os alunos. Quando há professores que avisam três ou quatro vezes numa aula que mandam o aluno para a rua e nunca o fazem, os alunos deixam de acreditar.

O ir para a rua devia ser o normal para alunos que estão a prejudicar o decorrer da aula, e isto sem nenhum drama. O aluno prejudica, o aluno sai, a aula continua.
Mandar o aluno para a rua é muito mais lógico do que tirar-lhe o telemóvel ou outros métodos que vão, em vez de devolver serenidade à aula, aumentam a tensão.

Eu sei que nos dias de hoje isto vai soar demasiado politicamente correcto para a ditadura do politicamente incorrecto que se instaurou na blogosfera. Vai parecer que eu estou a fazer o jogo do "coitadinha da aluna, que a culpa é da sociedade". Não. A aluna tem culpa e deve ser punida, isso nunca esteve em causa. O que eu estou a dizer é que, se a professora a tivesse mandado para a rua, em vez de lhe tirar o telemóvel, tudo isto se tinha evitado.
E quantas aulas "perdidas" não seriam "perdidas" se houvesse menos burocracia e mais vontade de expulsar da aula quem a perturba...

P.S.: A professora em causa estava numa situação de stress, onde já era difícil agir racionalmente e mandar saír a aluna. O problema é quando temos professores e muita opinião pública e publicada, em sangue frio, a aplaudir a professora. Ou seja, temos muitos professores que numa situação daquelas fariam o mesmo, em vez de mandar a aluna para a rua... é disso que o post trata.

14 comentários:

Anónimo disse...

Era muito fácil se não houvesse consequências de mandar o aluno para a rua. Acontece que nas circunstâncias actuais é o professor quem mais perde ao enviar para a rua um aluno. E no caso dos CEF o professor ainda vai ter de repor a aula.
Ou será que já esquecemos que o objectivo da escola é produzir sucesso escolar e baixo (ou nulo) abandono.
Aqueles que nos governam têm de escolher entre resultados e qualidade das aprendizagens.

RioDoiro disse...

"A aluna tem culpa e deve ser punida, "

De acordo, com apenas uma nuance. Hipoteticamente (falando em tese) a aluna poderia não ter 'culpa'. Quero dizer, culpa, é uma coisa complicada mas, mesmo assim, seria de a despachar para a rua.

Sou capaz de não ser a pessoa mais indicada para explicar, pecinha por pecinha, o que quero dizer. Procure alguém relacionado com filosofia que talvez ele perceba o que quero dizer.

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Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
baldassare disse...

moriae,
o que é que quer dizer, em concreto? tem mais algo a dizer para além do ataque ad hominin?

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Mandar para a rua, mas onde é que fica essa rua? Se as questões de educação se resolvessem com essa facilidade já estava tudo resolvido. A função da escola hoje, é em parte, evitar que os jovens andem na rua. Se os professores os puserem na rua, e se a rua for dentro da escola quem toma conta dos alunos que estão nessa rua e que serão uma boa parte deles, e se a rua for a outra onde as pessoas transitam quem os controla nessa rua, afinal a educação é um sector muito complexo, e é exacatmente por isso que os professores, embora sendo das classes com mais formação, têm os problemas que são conhecidos. Os politicos na Assembleia da Républica é que dispõem de policia e quando se sentem incomodados mandam para a rua a assistência, mas essses têm uma grande rua. Assim se resolvia tudo só ia para a esola quem quisesse e ficava a maior parte na rua havia de ser bonita essa rua com tanta gente.

JOSÉ LUIZ FERREIRA disse...

Então não se manda o aluno para a rua, manda-se para casa. Se ele vai ou não para onde o mandaram é problema dos pais.

Anónimo disse...

Parabéns pela escolha do tema do mês, também nos anda a preocupar a todos. Vou linká-lo.
Claro que a partir de agora é o que há a fazer, vai telemóvel e respectivo dono para a rua. A "rua" na minha escola é a biblioteca e o aluno sai com tarefa para cumprir no dito espaço ( a biblioteca está sempre aberta, felizmente) e entregar ao prof no fim da aula. Acho que não é má ideia.Também na minha escolinha e no básico, os alunos têm que colocar os telemóveis apagados junto à janela antes da aula, para evitar tentações. No secundário é mais dependente do prof. A confiscação de telemóveis em plena aula tem dado origem a episódios com mais pais ou menos pais a terem que vir à escola e a apresentarem comportamentos mais complacentes ou menos complacentes com os respectivos educandos. É necessária regra geral, está bem de ver.

Anónimo disse...

A aluna vai ser transferida.
O Circo vai continuar….noutro lado…

Já outros disseram...é mesmo muito complicado dar a ordem de sair da aula...
Os TM e outros aparelhos electrónicos são proibidos pelo estatuto, mas na realidade não é possível a nenhum professor, cabalmente, impedir o seu uso. Basta que os alunos os estejam a utilizar fora do alcance do olhar do professor (escondendo-o atrás do colega, ou por baixo do tampo da mesa e usá-los para enviar mensagens ou como calculadora. Outros alunos põem-nos, no modo vibrar, dentro do bolso e retiram-nos para ler mensagens; os cabelos compridos ou um cachecol também podem esconder os fios dos auriculares) … Por isso, muito dificilmente, o professor tem capacidade de conseguir impedir que estes aparelhos funcionem como distractores nas aulas. Acho que todos os professores têm noção disto. Quanto à professora em causa devia reconhecer isso mesmo e na última aula, de boa fé, permitiu que fossem usados, às claras, com limites. O que se passou em seguida é indescritível… Mas todos já vimos…É mesmo verdade!!!
A sanção aplicada à aluna é o expediente permitido pelo estatuto… Não acho sequer que se possa chamar sanção… O circo vai continuar… apenas muda de lugar.

baldassare disse...

Mandar para a rua pode não solucionar todos os problemas da humanidade, mas resolve parte dos problemas dos alunos que querem estar na aula para aprender e estão fartos de cenas destas (que não acontecem só nesta escola)

Eu baseio tudo num princípio: liberdade-responsabilidade. O aluno teve liberdade de estar na aula. Usou essa liberdade mal, por perturbá-la. O mínimo a fazer é expulsá-lo da aula e deixar os outros usufruir da sua liberdade de assistir à aula. É lógico e é razoável, muito mais lógico e razoável do que tentar fazer o tudo por tudo para não expulsar da aula o aluno, sendo que ele está a fazer o tudo por tudo para sair... e entretanto estraga a aula aos colegas...

É muito complicado dar ordem de sair da aula, eu sei. Por isso é que eu escrevi no post "menos burocracia e mais vontade de expulsar da aula quem a perturba". Mandar um aluno para a rua é difícil, e isso tem de mudar. Enquanto não mudar, pensem no seguinte: embora preencher papelada pareça chato, a tensão acomulada resultante da permanência de alguns alunos (que depois "contagiam" os outros... vocês sabem isso melhor do que eu) vai dar muito mais cabelos brancos.

A aluna vai ser transferida e acho bem. Aquilo que aconteceu e a exposição mediática já lhe vão acalmar a testosterona e pode ser que não faça o mesmo na escola para onde for... Como diziam no Zero de Conduta: queriam a forca?

RioDoiro disse...

"Eu baseio tudo num princípio: liberdade-responsabilidade. O aluno teve liberdade de estar na aula. Usou essa liberdade mal, por perturbá-la. O mínimo a fazer é expulsá-lo da aula e deixar os outros usufruir da sua liberdade de assistir à aula."

Mas olhe que isso não é um ensino centrado no aluno, é um ensino centrado na disciplina.

Por mim acho muito bem que seja como o Baldassare sugere. Mas o Baldassare defendia, habitualmente, que tudo na escola se devia adaptar ao aluno (e não o contrário). Lembra-se das velhas histórias "escola centrada nos interesses dos alunos" e "escola que não deve por em causa as crenças dos alunos"?

Veja lá, não vá acabar por defender que a escola deva ser centrada no professor.

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RioDoiro disse...

Veja lá se gosta:

http://fiel-inimigo.blogspot.com/2008/04/manifestao-por-autoridade.html

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baldassare disse...

Oh meu amigo... quantos textos é que quer a dizer isso da liberdade-responsabilidade, relaccionando-o com a educação centrada no aluno? Um chega-lhe? http://educacaocor-de-rosa.blogspot.com/2007/03/educao-centrada-no-aluno-e-cidadania.html

Eu sou apologista da educação centrada no aluno.
Para mim a educação centrada no aluno só pode acentar na liberdade do aluno, e consecutiva responsabilização.
O problema é quando não se dá liberdade ao aluno, o que inviabiliza a responsabilidade.

Por exemplo, sou a favor da redução de carga horária obrigatória para alunos que tenham aproveitamento escolar aceitável. Isso é um mecanismo de adaptação ao aluno (pois os maus alunos teriam mais aulas obrigatórias, enquanto os bons alunos teriam menos aulas obrigatórias e mais aulas facultativas ou tempos livres) que envolve liberdade (de ir ou não às aulas facultativas) e responsabilidade (os efeitos da ida ou não às aulas facultativas ficam por conta do aluno que opta).

Assim que o Range-o-Dente vê "educação centrada no aluno" deixa de ler o que se propõe e entra em transe ideológico (começa a rangê-los...)
Claro que a educação centrada no aluno é muito mais liberal do que uma educação centrada numa outra instituição escolar. E consecutivamente envolve mais responsabilidade individual.

RioDoiro disse...

Já percebi que terei que lhe relembrar este seu post sobre educação centrada no mutualismo.

Aqui:
http://educacaocor-de-rosa.blogspot.com/2008/03/por-isto-que-eu-digo-mandem-nos-para.html

"Dentro de uma sala de aula, deverão ter Autoridade na relação pedagógica mutualista com os alunos."

Esse seu "mutualismo" resultou desta e nesta coisa girina:

http://fiel-inimigo.blogspot.com/2008/04/esquerda-estpida-autoridade-e-poder.html

Enfim, a balbúrdia que todos afoga, em que todos se afogam e que só não leva a debandada geral da escola pública rumo à escola privada porque não há dinheiro que a pague.

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