O principal argumento contra os exames nacionais é que o estudante tem a sua vida decidida em 2 horas. Pois esse argumento caiu por terra: agora o estudante tem a sua vida decidida em 3 horas.
A avaliação dos alunos deve ter uma grande componente de avaliação nacional. Só assim é possível avaliar com objectividade as competências objectivas. Cabe ao professor avaliar as "outras competências"...
Mas realmente, a avaliação nacional como hoje está feita não é justa. Um exame nacional não sintetiza o trabalho de três anos. Um exame nacional único não mostra necessariamente o que o aluno sabe. Existe naquelas escassas horas de exame muito stress e responsabilidade que desvirtuam a justeza desta avaliação. Imagine-se um aluno de fracos recursos, que sabe que se não tiver nota para entrar para a universidade deixa de poder ir à escola. O peso que este aluno tem sobre as costas pode influenciar muito a sua prestação.
Reconheço que desta maneira, a avaliação nacional restringe a formação e hipoteca o futuro de uma grande parte da população.
Assim sendo, devemos abandonar a ideia da avaliação nacional? Não, pois esta é a mais justa e a mais objectiva.
Uma boa solução seria integrar o exame na avaliação contínua. Ou seja, fazer mais exames ao longo do percurso escolar. Isto não só tiraria peso a cada exame, sendo este distribuído por várias provas, como permitiria que o aluno soubesse mais especificamente qual a matéria onde o exame incide. Estudar para um exame com matéria de 2 ou 3 anos é apostar naquilo que achamos que vai sair. É impossível saber tudo, logo vai-se pela sorte.
Por exemplo, porque não em cada período haver um teste feito pelo professor e um exame nacional a valer a mesma percentagem da nota em todas as escolas?
Já existem os testes intercalares, que são uma preparação para o exame, e que podem ser considerados na nota final consoante cada professor quiser. Podem haver professores que não lhe dêem cotação nenhuma, como podem haver professores que o considerem 70% da nota do trimestre.
Mas o que eu quero é que se defina uma igual percentagem a atribuir a estes mini-exames. E quero mais: quero que, visto que a nota de fim de período teria ponderada a avaliação nacional, esta contasse para a entrada na Universidade.
Essa é outra questão: actualmente na maioria das universidades só é contada a nota do exame. Então, que motivação é que isso dá aos alunos do secundário? Ai eu ando aqui três anos só para ter avaliação superior a 10? Só me vale a nota do exame para entrar na Universidade?
Aqui está outro argumento a favor da avaliação nacional contínua: dá motivação ao aluno durante os anos lectivos e dá utilidade às notas de fim de período e de fim de ano, pois estas passam a ter uma componente objectiva e efectivamente útil na entrada dos alunos na universidade.
A avaliação nacional contínua, ponderada com uma avaliação feita pelo professor e com um exame nacional final com menos peso (para se saber o que ficou no aluno da matéria do 10º, por exemplo), responde à necessidade de uma avaliação que seja nacional e objectiva onde se pretende avaliar conhecimentos nacionais objectivos, subjectiva onde se pretende avaliar competências subjectivas, e que seja contínua de modo a ser mais justa. Quanto às percentagens a atribuir a cada critério (avaliação nacional contínua, avaliação pelo professor e exame nacional final), isso cabe ao ministério e ao GAVE, mas penso que a componente nacional da avaliação nunca devia ser inferior a 50% da nota de fim de ano e da nota de entrada na universidade. 50% no mínimo...
Agora, sinceramente, um exame único de 3 horas deve ser para deixar os alunos em transe e a espumar da boca... Nem quero pensar nisso...
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1 comentário:
baldassare terá formação universitária? embora perceba e até aceite os argumentos desde que me lembro sempre foi assim e nunca vi ninguém espumando e em transe
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