sábado, dezembro 22, 2007

O poder (político) na Escola- PCP

Ao contrário dos partidos analizados até agora, o site do PCP não tem uma lista de posições políticas sobre o ensino, que mostre qual a visão deste partido para a Escola.
No entanto, há uma secção "Educação" nas posições políticas do PCP. Essa secção está organizada por artigos e propostas concretas, segundo a data de publicação.
Dando uma vista de olhos nessa secção, é fácil perceber a orientação do PCP nesta matéria.

Destaco um ponto, que dá um bom debate: o PCP é contra a existência de exames nacionais.
O argumento do PCP até faz sentido: a vida dos estudantes fica decidida em duas horas, em vez de haver uma avaliação contínua.

O problema de não haver exames nacionais é a avaliação passar a ser feita só pelos professores, o que pode criar situações de injustiça (todos sabemos que há professores mais exigentes que outros...). A vantagem da avaliação nacional é que todos os alunos estão a ser avaliados da mesma maneira, com os mesmos critérios. Problema: nem todos foram ensinados da mesma maneira (também toda a gente sabe que há professores mais competentes que outros...).

Estamos num dilema: os exames têm critérios mais objectivos e que são aplicados a todos, logo, são mais justos. Por outro lado, percisamente porque os critérios são aplicados a todos os alunos, não se tem em conta as diferenças de qualidade de ensino entre escolas e professores.

Eu sou pela existência de exames nacionais que avaliem objectivamente os conhecimentos, mas compreendo os argumentos contra. Penso que as diferenças na qualidade de ensino superam-se com a existência de aulas de apoio gratuitas nos Centros de Recursos e Salas de Estudo das escolas. Pena é que os bons alunos que vivem perto de más escolas sejam obrigados a frequentar as más escolas e não possam optar pelas que preferem...

O argumento do futuro decidido em 2 horas é mais complicado. É verdade que a nota do exame pode não corresponder aos reais conhecimentos do aluno. Por isso, não me oponho à ideia de haver mais do que um exame nacional por ano, para tornar a avaliação nacional mais contínua.
Para mim, o importante é haver avaliação nacional, com as mesmas perguntas, com os mesmos critérios e com programa adaptado à realidade nacional. Se se alcança mais justiça por haver, por exemplo, três exames (um para cada período), tudo bem.

Voltando ao PCP: em matéria de Educação, o PCP defende medidas só aplicáveis numa sociedade comunista. As medidas podem ser boas e justas, mas muitas delas não fazem sentido na sociedade actual. Outras fazem, como a gestão democrática das escolas, o fim do processo de Bolonha, a redução das propinas etc... Já a média de 9,5 para entrar em qualquer curso é apenas exequível no sistema comunista, e mesmo assim...

As mudanças propostas pelo PCP só são possíveis se conjugadas com mudanças na sociedade. Sem essas mudanças, sou contra a maioria das propostas para política educativa.

Próximo post: CDS-PP.

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